Escolas particulares evitam reajustes na mensalidade para barrar nova debandada de alunos

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
05/01/2021 às 07:58.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:50
 (Pixabay)

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O início do ano desenha um panorama de grande incerteza para as instituições privadas de ensino. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), a evasão dos alunos no Estado, em 2020, após a chegada da pandemia da Covid-19, atingiu até 40%. Com a indecisão sobre o retorno das aulas presenciais, e temendo debandada ainda maior, os estabelecimentos apostam em descontos e na ampliação de programas de suporte para auxiliar os pais diante da iminente extensão do prazo do ensino remoto. 

Divulgado ontem, levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro comprova a “segurada” nos preços no setor. Os índices médios de reajuste de mensalidades neste ano, em BH, são inferiores a 1% (entre 0,6 e 0,7%), em relação aos valores praticados antes da pandemia. Tais percentuais também giram em torno de um décimo dos que foram aplicados pelas mesmas escolas em janeiro passado (entre 8% e 10%). Além disso, ficaram bem abaixo da inflação oficial acumulada em 2020, que ultrapassou os 4%. 

Reajuste de valores pelas instituições, este ano, ficou em um décimo dos percentuais aplicados em janeiro de 2020, entre 8% e 10%

A “estabilidade” nos valores é vista pelo Sinep-MG como uma forma de conseguir manter alunos nas escolas. E muitos estabelecimentos ainda oferecem descontos que chegam a 30% nas mensalidades para tentar “repatriar” alunos que saíram ano passado. 

Para Zuleica Reis, presidente da entidade, a indefinição sobre o retorno das aulas presenciais deixa o cenário ainda mais nebuloso. “Existem escolas que não vão conseguir se manter se o ensino remoto for prolongado por mais um semestre. Adotar descontos, neste momento, é para muitas uma forma de sobreviver”, esclarece a presidente.

Esse tem sido o panorama vivido por Paulo Roberto Dias, dono de uma escola de ensino infantil e fundamental em Contagem, na Grande BH. Antes da pandemia, o estabelecimento tinha cerca de 250 alunos e viu a evasão chegar a 40%. Para não fechar, Dias recorreu a bancos para refazer o fluxo de caixa e vai manter a política de descontos nas mensalidades para atrair novos alunos. 

“Nossa esperança é a volta das aulas presenciais, pois não tenho mais aonde recorrer para manter a estrutura da escola em funcionamento com um faturamento que caiu quase 50%”, explica o empresário.

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