Interrogatório ao delegado Edson Moreira termina com quase 15 horas

Renata Evangelista e Thaís Mota - Hoje em Dia
25/04/2013 às 19:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:10

  Com quase 15 horas de duração, o depoimento mais esperado do julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", terminou na noite desta quinta-feira (25) no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O delegado aposentado e vereador Edson Moreira, que presidiu o inquérito sobre a morte de Eliza Samudio, deu detalhes das investigações sobre o crime e respondeu aos questionamentos da defesa e da promotoria.   O ponto alto do interrogatório foi quando o delegado afirmou categoricamente que Eliza Samudio não foi esquartejada na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", como relatou o então menor e primo do goleiro Bruno Fernandes, Jorge Luiz Rosa Lisboa. Segundo Moreira, nenhum vestígio de sangue ou qualquer material genético da ex-modelo foram encontrados no local do crime e, talvez, esta declaração beneficie a defesa do réu.    Ainda conforme o delegado, o relato do adolescente que afirmou ter visto, junto com Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", uma mão de Eliza sendo atirada a cães teria sido uma "simulação". Moreira explicou que a dupla teria presenciado apenas a morte da ex-modelo por asfixia, mas não o esquartejamento, uma vez que "Bola" pediu que os dois deixassem o cômodo enquanto ele cortava o corpo dela.    No entanto, o ex-policial não teria esquartejado a vítima, mas induziu Jorge e "Macarrão" a pensarem desta forma. De acordo com o delegado, o crime teria ocorrido "em um local macabro" e depois de supostamente esquartejar Eliza, "Bola" teria saído carregando um saco preto onde disse que estaria o corpo da ex-modelo e, simulando jogar uma das mãos dela a cães, disse: "Olha a mão dela aí".    Moreira explicou que por ser um matador profissional, "Bola" não deixa rastros e não queria que ninguém soubesse o que foi feito do corpo de Eliza Samudio. "Estamos diante de um especialista na arte de matar", disse o delegado. E completou: "Ele não queria que os dois soubessem o destino do corpo".   Troca de farpas   Além da declaração de que Eliza Samudio não foi esquartejada na casa de "Bola", o depoimento do delegado Edson Moreira foi marcado por algumas acusações mútuas entre ele e o advogado Ércio Quaresma.   Em vários momentos, Quaresma insinuou e chegou até mesmo a afirmar que o inquérito que resultou das investigações sobre o assassinato de Eliza Samudio foi mal-feito e contém várias falhas. Em resposta, o delegado afirmou que o advogado não só interferiu como tumultou as investigações sobre o crime.   Conforme o delegado, Quaresma teria tentado omitir a passagem da ex-modelo por Minas Gerais e orientava que o goleiro Bruno Fernandes se recusasse a fazer o exame de DNA que comprovaria que Bruno Samudio era seu filho. No entanto, Moreira negou que tenha sido pressionado para retirar algum dos acusados do inquérito.   Moreira também afirmou que o advogado teria ameaçado a noiva do goleiro Bruno, Ingrid Calheiros, e os advogados que acompanhavam o depoimento de Dayanne Rodrigues no Departamento de Investigações (DI).    Discussões    O promotor Henry Wagner e o advogado Ércio Quaresma também se estranharam durante a sessão desta quinta-feira. O representante do MPE pediu que a juíza Marixa Fabiane intercedesse diante das perguntas dirigidas pelo defensor ao delegado Edson Moreira, uma vez que Quaresma estaria desrespeitando a testemunha, e o chamou de "canalha".   O advogado não deixou por menos e partiu para o ataque: "Canalha é você, eu vou provar que canalha é você". Promotor e advogado então gritaram e trocaram acusações. A juíza tentou conter os ânimos e chegou até a curvar-se para trás na cadeira, dizendo que se esse comportamento entre os "doutores" persistisse ela iria interromper o depoimento de Edson Moreira.   Algum tempo depois, o promotor pediu que a magistrada cassasse a palavra do advogado Ércio Quaresma, que afirmava estender o depoimento de Edson Moreira por mais 12 horas. Ao retornar do intervalo de almoço, a juíza deferiu o pedido de Henry Wagner e o interrogatório da defesa foi conduzido pelo advogado Fernando Magalhães.

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