(Lucas Prates)
O médico Jorge Cadar, de 89 anos, mora pertinho da Praça da Liberdade, no Centro de Belo Horizonte. A funcionária pública Cláudia Vieira Torres, de 54, vive em Manaus, capital do Amazonas, a quase quatro mil quilômetros de distância. Eles não se conhecem e nunca se viram.
Mas neste domingo (5) passaram pela mesma situação na hora de cumprir seu dever de cidadão. Vítimas de quedas em via públicas, eles sofreram fraturas graves, tiveram que ser operados e ainda estão em fase de recuperação. Se locomovendo com a ajuda de um andador, Cadar e Cláudia não conseguiram chegar à seção onde deveriam votar e justificar o voto.
A falta de comunicação entre funcionários da Escola Imaculada Conceição, na Rua da Bahia, em Lourdes, e os convocados pelo TRE para trabalhar no pleito impediram que ambos conseguissem entrar no local. Os dois foram informados que a escola não tinha elevador. Como não conseguiram subir as escadas, não puderam chegar ao andar onde estavam as urnas. Só depois, quando eles já tinham voltado para casa, um porteiro apareceu e mostrou o elevador do local e as rampas de acesso. Mas aí já era tarde.
“É um absurdo. Ele nem precisava estar aqui. Tem 89 anos e não é mais obrigado a votar, mas queria vir ajudar a tentar mudar alguma coisa. Aí temos que voltar para casa sem conseguir satisfazer o desejo dele”, reclama a dona de casa Ângela Cadar, 55 anos, filha de Jorge Cadar.
“É uma pena. Não consegui subir as escadas porque ainda sinto muita dor. Fazer o que. Não tem como votar. Na próxima eu volto de novo”, disse o médico. A ida dele às urnas só não foi totalmente frustrante porque, quando já estava no carro indo embora, Cadar encontrou com um de seus candidatos e aproveitou para fazer a reclamação.
Para justificar seu voto, Cláudia precisou contar com a ajuda de uma irma, que subiu, pegou a documentação com o mesário e levou para ela preencher e assinar.
Outras pessoas com dificuldade de locomoção tiveram que ser amparadas por parentes para votar ontem no Imaculada.