Lugar de boas ideias

Hoje em Dia
28/03/2015 às 13:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:25
 (Carlos Rhienck / Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck / Hoje em Dia)

Considerado pelo Instituto de Pesquisas Administrativas e Econômicas de Minas Gerais da UFMG (IPEAD/UFMG) um bairro de altíssimo padrão, Lourdes faz jus à classificação com honras. E nem tanto por ter o metro quadrado mais caro da cidade, aproximadamente R$ 9 mil, mas também pelo índice de satisfação de quem vive na vizinhança e os cuidados diferenciados que os moradores dedicam aos espaços coletivos. Lourdes tem, por exemplo, as únicas lixeiras exclusivas para a coleta de fezes de animais da capital. “São 40 lixeiras, que recolhem 250 quilos de sujeira por mês”, afirma o presidente da Associação da Praça Marília de Dirceu e Adjacências (Amalou), Jeferson Rios.   Implantadas em 2013, as lixeiras funcionam como sinais de alerta para quem passeia com os cães pelas ruas do bairro. “A ideia é conscientizar os donos dos animais sobre a importância de recolher as fezes e jogá-las em locais apropriados, evitando que a sujeira fique nos passeios”, explica Jeferson, que está à frente da Amalou há 18 anos. “Temos várias iniciativas para garantir melhorias e mais qualidade de vida ao Lourdes. E queremos incentivar outros bairros a adotar as ideias que deram certo aqui”, afirma.   A instalação de lixeiras para cães tem aprovação de grande parte dos donos que levam seus cães para passear, como o personal trainer Maurício Zabka, que sai com sua cocker cinco vezes por dia. “Eu mesmo recolho, e ter um local adequado para jogar a sujeira é essencial. Essa iniciativa é um incentivo, embora a gente sempre veja um e outro deixando a sujeira no mesmo lugar”, comenta.   Duas vezes por dia, a cadelinha Nina, da economista Gerlanda Indelicato e sua filha, a advogada Bruna Indelicato, sai para passear. Sem as lixeiras, o cocô recolhido seria colocado em um saquinho e dispensado em lixeiras comuns. “A ideia é ótima, uma forma de conscientizar as pessoas e manter os passeios limpos”, avalia Gerlanda. “Eu já usei para recolher fezes da Nina, acho uma boa iniciativa”, diz Bruna.   O aposentado Aldo Grossi também aprova a implantação das lixeiras, mas admite que não recolhe as fezes do seu cachorro. “Acho que a população que tem cães não deve ser responsabilizada pela sujeira que eles fazem. Todo prédio tem condições de fazer a coleta e 90% de todos os donos de animais não fazem. Acho certo quem faz, mas eu não faço”, diz Aldo, a passeio com seu cãozinho na praça Marília de Dirceu, onde um funcionário da Amalou faz a coleta das fezes deixadas no local.   Uma praça viva no coração do bairro   Adotada pela Amalou, a praça Marília de Dirceu é um espaço público querido e cheio de intervenções que enriquecem a convivência em sociedade. “Já foram realizados vários eventos na praça, promovendo um momento de integra-ção entre os moradores”, destaca o economista Roberto Fernandes de Aguiar, que mora há 30 anos em Lourdes. “Vim pra cá porque é o melhor bairro de BH, tem uma vizinhança excelente, um ambiente amistoso e segurança.”   Praça Marília de Dirceu Foto: Carlos Rhienck / Hoje em Dia   Lugar de festa     Uma das festas mais tradicionais realizadas na praça é o Dia de Portugal, em junho, que reúne cerca de 8 mil pessoas, de acordo com Roberto. “Conseguimos 800 assinaturas e instalamos o Largo de Ca-mões na praça, com o busto do poeta, uma homenagem da comunidade portuguesa”.   A cada seis meses, o “Música na Praça” reúne os moradores em um animado encontro.   Trânsito seguro   Com foco na segurança dos pedestres, uma placa educativa, que incentiva o respeito aos transeuntes, ajuda a promover conscientização entre os motoristas. “Um estudo da BHTrans mostra que 70% dos motoristas de Lourdes aprovam a placa e respeitam o pedestre”, diz o advogado Geraldo Luis de Moura Tavares, morador do bairro há 15 anos.   Economia de água   Quando o jardineiro Noel Cláudio Alves, que trabalha há 15 anos no bairro, começava a regar as plantas da praça, algum morador o alertava sobre o desperdício de água. “Depois que colocaram a placa sobre a nascente, as pessoas entenderam”, diz Noel, se referindo a uma outra iniciativa da Amalou: “Durante 27 anos essa água escoava para o Arrudas. Agora, é captada em um reservatório de 4 mil litros e utilizada para regar as plantas e limpar a praça”.   Música e literatura   Quem mora, trabalha ou está de passagem pelo bairro encontra atrativos públicos que convidam ao lazer e descanso. Uma biblioteca, o Jornal da Praça e a música ambiente, selecionada para agradar crianças, adultos e idosos, enche de encanto a Marília de Dirceu. Merece destaque um caderno amarelo, deixado entre os livros. Cada página guarda sentimentos, reflexões e até desabafos de moradores e visitantes do bairro. 

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