entrevista

‘A natação mineira vive um grande momento, e é bom fazer parte disso’, relata campeã do Minas

Vencedora nos 50m e 100m borboleta em 2024, Giulia Carvalho se prepara para o Troféu José Finkel e fala sobre o retorno ao Minas

Angel Drumond
esportes@hojeemdia.com.br
Publicado em 27/10/2025 às 07:00.
Nadadora do Minas Tênis demonstrou toda sua paixão pelo clube (Satiro Sodré/MTC)
Nadadora do Minas Tênis demonstrou toda sua paixão pelo clube (Satiro Sodré/MTC)

Formada nas piscinas do Minas Tênis Clube desde os 9 anos, Giulia Oliveira Carvalho cresceu entre treinos e conquistas. Natural de Belo Horizonte, a nadadora começou a nadar ainda bebê, por recomendação médica, e acabou transformando a água em seu espaço natural. De lá pra cá, construiu uma carreira sólida, com passagens marcantes pelo Brasil e pelo circuito universitário norte-americano.

Aos 22 anos, Giulia retorna ao país depois de quatro temporadas defendendo a Universidade de Miami, onde quebrou recordes e competiu em alto nível na NCAA Divisão 1. No currículo, somam-se os títulos de campeã brasileira nos 50m e 100m borboleta em 2024, além de medalhas pan-americanas e recordes em provas de borboleta, peito e crawl. O reencontro com o Minas representa não apenas um novo ciclo de treinos e desafios, mas também uma retomada das origens.

Motivada pelo desempenho recente e pela preparação para o Troféu José Finkel 2025, que será disputado em São Paulo, Giulia busca manter o bom momento e defender os títulos nacionais nas provas de borboleta. A atleta destaca a importância da adaptação ao retorno ao Brasil e o prazer de competir novamente com o apoio de técnicos, colegas e familiares.

Em entrevista ao Hoje em Dia, Giulia Carvalho fala sobre sua preparação, as diferenças entre competir no Brasil e nos Estados Unidos, as metas para o futuro e os aprendizados ao longo de sua trajetória. Ela também compartilha um pouco de sua história dentro e fora das piscinas — e reafirma o orgulho de representar o Minas Tênis Clube e a natação mineira.

Você chega ao Troféu José Finkel 2025 como atual campeã das provas de 50m e 100m borboleta. Como está a preparação para defender esses títulos em São Paulo?

As provas em piscina de 25 metros (como foi o Finkel do ano passado) são completamente diferentes das disputadas em piscina de 50 metros (como será neste ano). O jeito de nadar muda bastante, e eu estou me preparando da melhor forma possível, com o apoio dos meus técnicos e dos meus companheiros de treino. Está sendo um processo muito divertido e natural.

O recorde dos 100m borboleta batido recentemente no Torneio Metropolitano mostrou uma evolução importante. Esse resultado muda algo na sua estratégia para o Finkel deste ano?

Não muda nenhuma estratégia, mas mostra que estou no caminho certo, que a preparação está funcionando. Na hora de nadar rápido, o resultado vai aparecer, e eu estou muito animada para o Finkel.

Depois de quatro anos competindo pela Universidade de Miami, como tem sido esse retorno ao Brasil e aos treinos presenciais no Minas Tênis Clube?

Tem sido um período de adaptação. É muito bom estar de volta em casa, perto da família, dos amigos, falando português. Conversei no início do ano com meus técnicos sobre aproveitar o momento e não me cobrar tanto, porque quatro anos fora fazem diferença. Voltar pra cá exige readaptação ao ambiente em que cresci, mas está sendo ótimo estar perto de pessoas que tornam mais fácil lidar com os treinos e com o dia a dia. Tenho recebido muito apoio da família, dos amigos e dos treinadores.

O Minas sempre teve tradição em formar grandes nomes da natação. Qual é o peso de representar o clube em uma competição nacional de alto nível como o Troféu José Finkel?

O Minas tem, sim, essa tradição, e acredito que existe um peso em representar o clube. Mas fui formada aqui dentro, então é uma honra vestir as cores azul e branca. Meu coração e meu sangue são azul e branco. Isso torna tudo mais leve. Sempre dou 100% em todas as competições em que represento o Minas, e isso faz com que o ato de competir pelo clube e levar o nome dele — e o meu — seja algo natural.

Você tem um histórico de bons resultados também em provas de peito. Existe a intenção de voltar a competir em outras modalidades ou o foco agora é total na borboleta?

Sempre nadei peito e borboleta. Hoje, estou mais focada nas provas de crawl e borboleta, mas no Finkel vou nadar os 50m peito. Então, o peito ainda não saiu de mim (risos). Pretendo, no entanto, concentrar meus esforços principalmente nas provas de borboleta e crawl neste ciclo olímpico.

Em que medida a experiência internacional no circuito universitário dos Estados Unidos contribui para sua performance atual e para a disputa no cenário brasileiro?

O nível competitivo nos Estados Unidos é muito alto, principalmente no ambiente universitário, com atletas do país inteiro e de várias partes do mundo. Isso motiva bastante, porque nas competições era preciso nadar rápido o tempo todo. Estar ao lado de atletas olímpicas, medalhistas e recordistas mundiais é um grande incentivo. Aprendi a competir em um nível mais alto e a dar o meu melhor em todas as etapas, eliminatórias e finais. No Brasil, o incentivo ainda é baixo e o nível competitivo nem sempre é o ideal, mas essa experiência me ensinou a manter o foco e a tranquilidade em competições grandes, como o Finkel. Já participei de provas mais fortes e deu tudo certo, então hoje me sinto mais confiante para representar bem aqui.

A natação mineira vive um momento de destaque com atletas em várias categorias. Como você enxerga o papel dessa nova geração e o impacto do Minas nessa consolidação?

Fico muito feliz em ver a natação mineira — e também a brasileira — evoluindo nas categorias de base. Isso mostra que estamos em constante crescimento. Eu já estive onde eles estão e sempre me espelhei nos atletas mais experientes. Hoje, sendo uma das mais velhas, fico contente em poder inspirar as crianças e os jovens que estão nesse processo. O Minas sempre ofereceu o apoio que todos precisam para buscar seus objetivos, e esse incentivo é essencial para que a natação mineira e brasileira continue evoluindo cada vez mais.

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