A terceira era de Tite: depois da dependência de Neymar e do time-base, técnico faz mudanças

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
06/06/2018 às 20:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:28
 (Lucas Figueiredo/CBF)

(Lucas Figueiredo/CBF)

Era uma vez uma Seleção que, na primeira oportunidade em que não contou com seu principal jogador, viveu o maior vexame de sua história recente. E parecia condenada a viver por um longo tempo o problema da 'Neymardependência'. Eis que a troca de Dunga por Tite e o crescimento de atletas como Gabriel Jesus, Paulinho e Philippe Coutinho mostraram que o Brasil era bem mais que seu camisa 10, um time no sentido da palavra, com várias opções para enfrentar o jogo dos mais variados adversários.

Capaz de encarar (e na maioria dos casos superar) Argentina, Inglaterra, mesmo a Alemanha, de tristes lembranças; golear o Uruguai em pleno Estádio Centenário e se aproximar de mais um Mundial não com as lembranças amargas de 2014, mas com um otimismo justificado pelo futebol e pelos resultados.

Pois a Seleção Brasileira no comando do 'professor' Adenor Bachi está prestes a encarar a busca pelo hexa em um terceiro momento: a escalação que parecia inabalável, daquelas que, como nos anos românticos, era recitada sem erro por boa parte da torcida, tem mudado bastante nessa reta final de preparação. O que justifica a máxima de que "futebol é momento", além do fato de que, felizmente, ele está bem servido em termos de opções.

A primeira mudança foi forçada, com a contusão de Daniel Alves na decisão da Copa da França, pelo PSG. O baiano era dono inquestionável da vaga na lateral direita e sua ausência deu origem a um duelo que, na teoria, não existiria, já que tanto Danilo quanto Fágner estavam prontos para ficar no banco. Tudo indica que o primeiro, mineiro de Bicas e revelado pelo América, terá a preferência ao menos de início, até mesmo por causa da maior experiência internacional.

O mesmo ocorre no meio-campo, com o problema no joelho que ameaça inclusive tirar Renato Augusto da Copa. O volante era uma espécie de termômetro do time, homem de confiança de Tite desde os tempos do Corinthians e capaz de atuar com versatilidade em sua faixa de campo. Sem ele, é possível inclusive pensar em esquemas de jogo diferentes  – Fernandinho começou contra a Croácia como terceiro volante, mas foi quem deu lugar a Neymar no intervalo.

Na zaga, a opção foi puramente técnica. Marquinhos e Miranda vinham formando dupla ao longo do ano passado, mas o primeiro perdeu espaço para o companheiro de PSG Thiago Silva, que volta a ter prestígio com o comandante. Situação semelhante à do comando do ataque. Sem um centro-avante "de ofício", a posição parecia destinada sem qualquer dúvida a Gabriel Jesus. Mais do que uma queda de rendimento do ex-palmeirense, no entanto, a temporada viu crescer o futebol de Roberto Firmino, talvez o melhor achado da Amarelinha nos últimos anos. Hoje não soa absurdo ver o prodígio do Manchester City entre os reservas dando lugar a "Bobby", como carinhosamente chamam os torcedores do Liverpool.

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