Até o fim desta quinta-feira (1), Atlético e WRV pretendem colocar uma pedra sobre a briga jurídica que se arrasta há quase 17 anos. Responsável por "bloquear" a multa que o Galo pretende receber do atacante Fred, a empresa se reunirá com o clube para sanear uma dívida milionária.
Na quarta-feira, as duas partes - Galo e WRV - se encontraram em reunião pleiteada pelo atual presidente Sérgio Sette Câmara e marcara um novo encontro para decidir quais são os valores que o Atlético irá pagar para resolver, de vez, o problema iniciado em 2001. Há divergência de cerca de R$ 27 milhões.
A 24ª Vara Cível de Belo Horizonte deu setença favorável à WRV de que ela deveria receber R$ 64 milhões do Atlético. Só que o clube acredita que os valores corrigidos são de R$ 37 milhões. Sette Câmara irá apresentar um "plano de pagamento" deste débito, que deverá ser de longas prestações, sem definição, entretanto, do "denominador comum".
"O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, procurou a empresa, WRV, na data de ontem, para celebrar um acordo. Tendo em vista o presidente do Atlético concorda com a existência da dívida. Ele concorda (...) Ficou ajustado que na data de hoje que haverá uma reunião entre os contadores, tanto do Clube Atlético Mineiro, quanto da empresa WRV, para encerrar as possíveis divergências de valores", disse, ao Hoje em Dia, o advogado Carlos Alberto Arges, representante da WRV.
Arges também comentou que Sérgio Sette Câmara já havia demonstrado interesse em encerrar esta "dor de cabeça" judicial antes mesmo de a WRV conseguir o bloqueio dos R$ 10 milhões que o Galo pretende receber do atacante Fred. "O Sérgio Sette Câmara já estava propenso a fazer o acordo desde o final do ano passado. O que houve foi um desencontro, de viagem, de férias".
Além disso, na visão do advogado do exequente (WRV), Sérgio Sette Câmara poderá fazer o acordo já pensando, inclusive, e reviver esta parceria com a empresa. Isso porque a dívida só foi contraída porque o Galo não devolveu um dinheiro pego por empréstimo para ficar com Guilherme Alves e Cláudio Caçapa em 2001.
"Ele quer fazer uma "gestão limpa", conforme apresentou na reunião. Ele não quer ter problema com parceiro. Porque, quer queira, quer não, a WRV era um grande parceiro. Ele foi inteligente, porque ele faz o acerto e pode iniciar uma nova parceria. E está próximo disso aí", completou Carlos Alberto Arges.
Por volta das 16h24, a assessoria de imprensa do Atlético mandou uma resposta em nome do presidente Sérgio Sette Câmara, revelando que os "valores "apresentados estão fora de propósito": "O presidente Sérgio Sette Câmara, desde o início do seu mandato, tem feito contato com os credores do clube com o objetivo ser justo, buscar soluções e honrar os compromissos já existentes. Esteve ontem, de fato, reunido com a WRV iniciando tratativas referente a questão, há anos contestada pelo clube na justiça. No entanto, valores revelados até então estão absolutamente fora de propósito".
NO FUNDO DO BAÚ:
A WRV Empreendimentos e Participações era controladora de redes de supermercados de BH, tendo emprestado dinheiro para o Atlético renovar com Guilherme Alves e Caçapa, em troca de porcentagem dos direitos econômicos dos jogadores e seria ressarcia na venda dos atletas. História destrinchada nesta matéria do LANCE!, à época.
OS 10 MILHÕES
O juiz da 24ª vara determinou, na segunda-feira (29), que o Cruzeiro deveria fazer o pagamento de R$ 10 milhões que o atacante Fred deve ao Atlético (justamente por ter assinado com o rival) em juízo, para ser debitado da dívida da WRV. O prazo para a Raposa fazer o depósito era de 72 horas a partir do momento em que o clube celeste receber a notificação judicial.
Contando a partir do momento em que o Cruzeiro se manifestou oficialmente, através de nota oficial no site (às 17h do dia 30 de janeiro, terça-feira), o prazo se encerrará na tarde de sexta-feira, 2 de fevereiro. Até lá, entretanto, WRV e Atlético podem fechar as mãos e extinguir a ação na 24ª Vara Cível, ou ao menos a WRV retirar o pedido de bloqueio dos R$ 10 milhões de Fred.
Veja outras falas do advogado da WRV:
Há interesse da WRV de fazer o acordo, de resolver essa questão. Assim também como há do Clube Atlético Mineiro. É uma questão de ajuste. E logo em seguida, o presidente do Atlético falou em apresentar um plano de pagamento (parcelado)"
"Eu assumi o processo em 2015. Imagino que tenha se arrastado por ter mudado a gestão, e ninguém queria concordar em pagar uma dívida de gestão anterior. E a postura do presidente atual do Atlético foi essa: resolver o problema, não adiantava falar 'essa dívida não é minha, é da gestão anterior'"