Advogado diz que ex-presidente do Cruzeiro não tem R$ 5,2 milhões em casa e quer sigilo em processo

Guilherme Piu
@guilhermepiu
18/09/2020 às 15:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:34
 (Reprodução/Instagram)

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Depois de a Justiça determinar busca e apreensão de R$ 5,2 milhões, que supostamente estariam guardados na residência do ex-presidente do Cruzeiro, o advogado de Wagner Pires de Sá contestou a determinação judicial.  A defesa do ex-cartola apresentou nesta sexta-feira embargos declaratórios, protocolizados na 35ª Vara Cível de Belo Horizonte, dizendo que é “falsa a alegação de existência de elevado valor em espécie em poder do Requerente”.

No documento entregue à Justiça o advogado de defesa de Pires de Sá tenta desqualificar o pedido de ampliação do arresto cautelar feito pelo Cruzeiro, que tenta bloquear judicialmente de ex-dirigentes a quantia de R$ 6.861.243,06. E mais, pede que as movimentações desse processo sejam feitas sob segredo de Justiça, “visando zelar pela integridade física” de Wagner Pires de Sá.

O escritório de advocacia que cuida dos interesses do ex-presidente, retirado do cargo em 2019 por suspeita de irregularidades, alega que o departamento jurídico do Cruzeiro apresentou como prova para tal diligência na casa do ex-presidente “um simples recorte de matéria apócrifa de jornal virtual (...) com inserção, em seu bojo, do link de acesso e de imagem supostamente relativa à Declaração de Imposto de Renda” de Wagner Pires de Sá.

“O Requerido declara à V.Exª., neste ato, sob as penas da lei, que sua declaração de imposto de renda não contém a informação apresentada pelo Autor, quanto à existência de elevado valor em espécie em sua residência e, portanto, é completamente falsa a pretensa “prova” por ele apresentada, com base na qual foi deferida a ampliação da medida de arresto”, cita o documento enviado pela defesa de Wagner à Justiça.Reprodução

A defesa contesta ainda o fato de que não foi dado ao ex-presidente Wagner Pires de Sá a oportunidade de se manifestar sobre o mandado de busca e apreensão na residência do antigo dirigente, tendo em vista que a informação do suposto armazenamento de quantia milionária em espécie no local, ainda de acordo com o advogado que defende Pires de Sá, é falsa.

Além de garantir que não há quantia milionária armazenada na casa de seu cliente, o advogado aponta que o valor cobrado pelo Cruzeiro supera “todo o patrimônio arduamente auferido” por Wagner Pires de Sá “durante toda a vida, fazendo com que, absurdamente, jamais se atinja o marco inicial da contagem do prazo”, especifica.

Ainda na petição que tenta deslegitimar o pedido do Cruzeiro à Justiça contra o ex-presidente, o responsável pela contestação fala que o autor, no caso o próprio clube, pratica “litigância de má fé”, pois teria “pleno conhecimento da existência de diligência de busca e apreensão já realizada na residência do Requerido, determinada nos autos do inquérito policial instaurado mediante a provocação do Autor, para apuração destes mesmos fatos objeto da presente demanda”, diz outra parte da petição de defesa.Reprodução

Arresto cautelar

Esse é um novo capítulo da discussão jurídica que envolve arresto cautelar solicitado pelo Cruzeiro à Justiça, que tenta bloquear nas contas dos ex-dirigentes, tanto Wagner Pires de Sá quanto Itair Machado, R$ 6,8 milhões.

A empresa Futgestão Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda, inscrita em nome de Itair Machado e da esposa do ex-vice de futebol, também é citada no processo.

A quantia de quase R$ 7 milhões já foi alvo de varreduras da Justiça, porém as buscas não tiveram sucesso, como cita a nova peça da juíza Marcela Maria Pereira Amaral Novais.

“Em cumprimento à ordem emanada da Instância Superior, foi determinado o arresto de valores em contas mantidas pelos réus e posterior depósito judicial da quantia, até o montante de R$ 6.861.243,06 (seis milhões, oitocentos e sessenta e um mil, duzentos e quarenta e três reais e seis centavos), conforme id. 341396833; contudo, a diligência restou frustrada, ante a ausência de valores disponíveis em conta”.

A decisão da 35ª Vara Cível de Belo Horizonte determina que a apreensão de possíveis valores que possam estar na posse de Wagner Pires de Sá em sua residência não ultrapasse o valor determinado judicialmente. "Expeça-se o mandado visando ao arresto de valores em espécie que eventualmente estejam em poder do requerido Wagner Pires, até o limite de R$6.861.243,06”, diz parte da decisão da juíza que está à frente do processo.

A reportagem tentou falar com o ex-presidente do Cruzeiro para que ele pudesse esclarecer mais essa decisão desfavorável na Justiça. Entretanto, ele não atendeu aos contatos telefônicos.

O Hoje em Dia também tentou falar com o advogado de defesa do ex-presidente, mas ele não foi encontrado para comentar o processo.

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