Advogados e estudantes de Direito deixam o trabalho para disputar torneio de society

Guyanne Araújo - Hoje em Dia
27/10/2014 às 07:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:47
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Quem não conhece esses verdadeiros artilheiros fora da quadra dificilmente saberia em que área profissional eles atuam. Mas a verdade é que aos fins de semana eles se transformam, abandonando terno, gravata e até mesmo salto alto para disputar o Torneio Solutions Cesa de Futebol Society 2014, promovido pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados. A competição reúne 17 escritórios de advocacia nas quadras do W11, em Belo Horizonte.

Um dos destaques é Thaís Freitas Junqueira. Artilheira entre os times femininos, ela já marcou 11 gols em três jogos e ganhou o apelido que lembra um dos maiores jogadores das últimas décadas: Fenômeno. Para entrar em quadra, ela troca o salto alto, que faz parte do figurino diário utilizado em seu expediente no Fórum, pelas chuteiras.

“Fominha” por gols, como se define, Thaís é apaixonada por futebol desde pequena e sempre participa de campeonatos. A rotina pode até ser corrida, mas, quando vai para o escritório durante a semana, ela não esquece de levar o uniforme completo, pois sai do trabalho direto para os treinos.

“A gente marca de noite, vai dando um jeito. Acho bom, porque sempre gostei muito de futebol. Sou meio fanática. Temos a turma do churrasco, que se reúne antes de assistir aos jogos no Mineirão. Já faz parte do nosso convívio. É do Fórum para o campo”, enfatiza.

O time feminino Trio Maravilha, formado pela união de três escritórios (BCM, Jasa, Torentino) tem até treinador oficial. Fernando Moreira, também advogado, conta que, além dos treinos, faz o típico papel à beira das quatro linhas para incentivar a equipe durante as partidas. De acordo com o técnico, as jogadoras que entram de “salto alto”, como na gíria dos boleiros, levam aquela bronca.

“Sempre que tem o jogos do feminino, faço o trabalho de olheiro também, para sabermos como as outras jogam. Mas a artilheira mais visada é a Thais”, aposta.

Mais que hobby

Já entre os times masculinos, por equipes distintas, Lucas Cavalieri e Forb’s Fanelli Menezes de Freitas fazem coro em levar a sério a competição para além de um simples hobby. Estagiário do escritório Barbosa Castro e Mendonça e aluno do quarto período da graduação em Direito, Cavalieri diz que fazer nove gols em três jogos foi algo inesperado.

“Sempre joguei bola e levo a sério a competição. Quando eu entro, é para ganhar. Artilharia para mim é surpresa, sou mais de passar para o outro fazer o gol. Mas, se der, vai ser ótimo”, conta Lucas.

Importante é vencer

Integrante do corpo jurídico da Coca-Cola, o descontraído Forb’s acredita que, pelas suas contas, ainda falta um gol, que o juiz marcou como sendo contra. Ao todo, já são 13 gols em quatro jogos.

“Tomara que o time do Lucas Cavalieri já tenha sido desclassificado (risos). O Felipe, companheiro de equipe, já está com oito gols. Acho que não vou mais tocar a bola para ele”, brinca. Mas, como um tradicional “boleiro”, ele frisa que o título é o mais importante, independentemente de quem for o artilheiro.

Apesar de a equipe ter sido campeã do torneio no ano passado, Forb’s diz que a competição poderia melhorar. “Não joguei bem no ano passado. Estou fazendo recuperação específica em academia para atuar melhor. Disputo também outras competições, e não gosto de perder nem em pelada”, assegura.

Uma velha companheira dos atuais ‘boleiros’

Eles têm muito mais em comum do que a briga pela artilharia entre as equipes masculinas do torneio Solutions Cesa de Futebol Society 2014. Um já atuou em equipes profissionais de futsal na Itália, e o outro por pouco não entrou para o profissional do Atlético.

Com o mesmo sobrenome do goleiro do Fluminense, o Cavalieri da capital mineira se dá bem mesmo é no setor ofensivo. O estagiário, estudante de Direito e atleta de fim de semana revela que gostaria de ter feito carreira como jogador de futsal.

“Queria demais. Saí da escola e cursei Educação Física, mas não foi o que pensei. E ser jogador também seria difícil. Demora para ser reconhecido, fica longe da família, e a remuneração no futsal não é igual à dos jogadores de campo”, comenta Lucas.

Apesar disso, por dois anos Cavalieri viveu do mundo da bola, jogando na Itália. Ele, porém, acabou retornando ao Brasil para se dedicar novamente aos estudos, com receio de sofrer alguma lesão mais séria.

O que Cavalieri temia – se machucar – aconteceu com Forb’s Freitas. Em 2009, ele chegou a fazer testes no júnior do Internacional e também no Atlético. Mas uma lesão na perna direita tirou dele a chance de jogar profissionalmente.

“Machuquei no quinto dia de treinamento no Atlético, na temporada de testes, e fiquei muito tempo sem jogar. Como já tinha iniciado a faculdade em 2009, quando machuquei, foi mais um desestímulo para continuar a carreira. Como eu já gostava de Direito, segui na faculdade.”

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