Agora rivais, Aguirre 'revelou' Lugano em 2002 e fez previsão certeira: 'Será capitão do Uruguai'

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
10/05/2016 às 20:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:22
 (Bruno Cantini/Atlético e Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético e Divulgação)

O Atlético se preparava para o duelo contra o São Paulo na Libertadores, treinando no gramado do Morumbi nesta terça-feira (10) quando Diego Aguirre recebeu um longo abraço de um adversário no torneio continental. O técnico do Galo pôde cumprimentar e reencontrar Diego Lugano. Agora como rivais, um impulsionou a carreira do outro há 14 anos. E o comandante alvinegro pôde, a cada reencontro com o xerife tricoolor, pôde comprovar uma previsão traçada quando ambos lideravam o pequeno Plaza Colonia para uma campanha histórica.

Em 2002, Diego Aguirre já havia se acostumado com a vida de ex-jogador de futebol. A chuteira estava pendurada há três anos. Aos 36 anos, iniciava a carreira de treinador no pequeno Plaza Colonia, que faria a primeira participação na elite do futebol uruguaio. Por lá, 'A Fera' encontrou um zagueiro jovem Diego Lugano, cedido pelo gigante Nacional, e promoveu a estreia do defensor na Primeira Divisão Uruguaia.

Aos 21 anos, Lugano já demonstrava o espírito de liderança e virou o dono braçadeira de capitão. Tal personalidade impressionou Aguirre que, em um fim de treino às vésperas de um confronto contra o Danubio, apostou qual seria o caminho percorrido pelo xerife: 'você irá ser o futuro capitão da Seleção do Uruguai e um grande ídolo'. O técnico acertou em cheio, mesmo que a reação do comandado, naquele episódio, tenha sido uma risada descrente. 
 Divulgação

"Há uma história que recordarei para sempre porque sintetiza a visão que Aguirre tinha de Lugano: Em uma sexta-feira, depois de treinar, Diego Lugano ficava mais um pouco praticando corridas, domínios de bola, como sempre. Recordo que naquele fim de semana jogaríamos diante do Danubio. Quando estava fazendo os exercícios finais de alongamento, Aguirre se aproximou dele e disse: 'Canário (como ele lhe apelidou), você irá ser o futuro capitão da Seleção do Uruguai e um grande ídolo'. Recordo que Lugano riu-se e lhe respondeu: 'Como, se não sabem nem meu nome?'. Eu estava presente e vivi essa história pessoalmente", revelou Gustavo Garcia, famoso torcedor do Plaza Colonia e amigo pessoal de Diego Aguirre.

Hoje, o são-paulino se recupera de uma lesão muscular e lutará para estar no banco de reservas do confronto doméstico da Libertadores. Já não defende a Seleção Uruguaia e, aos 35 anos, está cada vez mais perto da aposentadoria. Mas a história construída como o símbolo maior da raça charrúa no futebol (sucessor de Obdulio Varela) começou sob o comando de Aguirre. Pelo Plaza Colonia, a dupla de Diegos chegou até à Liguilla Pré-Libertadores e bateu na porta por uma vaga na competição.

"O time que foi formado, o sonho de toda uma cidade que estava bastante atingida pela crise de 2002. Mas havia a alegria de concorrer por um lugar no Estádio para ver os jogos do Plaza. Em cada partida, se observava que o time poderia chegar a um bom lugar. E assim se foi, participando da Liguilla Pré-Libertadores. Essa campanha, com o trabalho do Aguirre, gerou um vínculo muito forte com a população, a cidade e os jogadores. Colonia, até o presente momento, segue recebendo aquelas figuras de braços abertos. Além da amizade que nos une, Aguirre, sempre que pode, vem para cá. Ele está bastante ligado à Plaza", completou Gustavo.Reprodução

Diego Lugano foi capitão do Plaza Colonia aos 20 anos

Cada um para um lado
Lugano e Aguirre, posteriormente, alçaram voos maiores. O primeiro retornou ao Nacional de Montevidéu e, sem entrar em campo, foi vendido ao São Paulo. Venceu o Mundial de 2005 e a Copa América de 2011. Aguirre retornou ao Peñarol, onde é ídolo, e conseguiu o vice-campeonato da Libertadores de 2011.

Lugano lembrou, há poucos dias, que Aguirre foi um dos responsáveis pela ida ao São Paulo. O treinador o indicou ao empresário Juan Figer (um dos maiores do mundo) para que o atleta jogasse fora do Uruguai. Com grande influência no futebol brasileiro, Figer levou o nome desconhecido do defensor para o São Paulo e a chegada causou críticas.

"Eu e Diego Aguirre começamos praticamente juntos no Plaza Colonia, um time do interior do Uruguai muito pequeno, e eu virei capitão do time dele com 20 anos. Fomos muito bem, fomos vice-campeões uruguaio e aí eu voltei para o Nacional, time no qual tinha contrato, e fui eleito o melhor zagueiro do campeonato. Aguirre voltou para o Peñarol (agora como técnico), lugar onde ele é ídolo histórico. Aí ele me falou ‘vou te ajudar porque você tem potencial para sair do Uruguai’, e foi quando ele ligou para Juan Figer e o convenceu de que tinha um zagueiro com muito potencial que tinha que sair rapidamente do Uruguai", disse Lugano, ao canal Fox Sports.

Hoje, em solo brasileiro, os compatriotas e amigos podem ver de longe um Plaza Colonia inspirado pela trajetória protagonizada por ambos. Recém reconduzido à Série A do Uruguai, os 'Patas Blancas' estão na segunda colocação do Campeonato, com um ponto e um jogo a menos que o Peñarol. Já é considerado, pela mídia local, uma espécie de 'Leicester' dos pampas.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por