Agora técnico, Roque Júnior diz: "marcar não é só dar carrinho'

Estadão Conteúdo
30/01/2015 às 09:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:50

No jogo-treino em que Roque Júnior foi apresentado oficialmente como novo treinador do XV de Piracicaba, ele foi saudado por dois mil torcedores no estádio Barão de Serra Negra como a grande contratação da temporada. Seu filho do meio, Felipe, de 7 anos, ficou assustado e começou a chorar. Não sabia que o craque do time estava no banco de reservas e era seu pai.

Roque Júnior está ao lado de outros técnicos novatos do Campeonato Paulista como Maurício Barbieri, do Red Bull Brasil, e Tarcísio Pugliese, do Ituano, e se preparou para o posto. Fez MBA em Gestão e Marketing Esportivo e estágios com treinadores top como Jurgen Klopp, do Borussia Dortmund. Tem diplomas de treinador no Brasil e no exterior. Nesta entrevista exclusiva ao Estadão, publicada nesta sexta-feira, o pentacampeão mundial de 2002 mostra que está pronto para a nova carreira.

Estadão -Você fez cursos que alguns treinadores só buscam depois de anos de profissão. Por que essa vontade de estudar?
Roque Júnior - Foi uma necessidade pessoal. Não foi para me diferenciar dos outros ou me promover. Eu senti que precisava aprender e fui atrás de conhecimento. Uma vontade interna. Não é possível fazer comparações entre a formação de um treinador e outro. Foi importante, mas não significa que será bom para todo mundo.

Estadão -Depois de uma carreira de sucesso como jogador, você sente que está recomeçando?
Roque Júnior - Não acho que é um recomeço porque continuo no futebol. Mesmo depois que parei de jogar, eu fiz outras atividades, mas não me afastei. É um meio que eu já conheço. Por outro lado, é um desafio. Sem dúvida. Mas minha vida sempre foi feita de desafios. Acredito que estou pronto. Estou alegre e motivado.

Estadão -Está preparado para ser líder fora de campo, comandar e motivar um grupo?
Roque Júnior - Não acredito na liderança tradicional, de hierarquia. Acredito em uma liderança por influência, de conquistar os jogadores em torno de um objetivo. Quando eu comecei não tinha muito diálogo, mas com a influência é possível liderar. A liderança não é algo que tem de vir de cima para baixo.

Estadão -Como traduzir esses conceitos para o campo e lidar com a pressão em um time tradicional como o XV de Piracicaba?
Roque Júnior - Estou acostumado com a pressão. Isso faz parte da carreira dos jogadores de futebol. Sempre me dei bem com ela. Obviamente, existe uma grande expectativa, mas temos um grupo forte.

Estadão -Aonde o XV pode chegar no Campeonato Paulista?
Roque Júnior - Nosso primeiro objetivo é permanecer na primeira divisão. É o torneio estadual mais difícil do País. Mesmo que o time esteja na elite desde 2012, o objetivo principal é se manter na Série A e espero conseguir esse objetivo. É muito importante ter a consciência real do objetivo pelo qual você luta.

Estadão -Como a equipe vai jogar para conseguir esse objetivo?
Roque Júnior - O que penso e o que fazemos nos treinamentos é montar um time que tenha a posse de bola e uma transição rápida, tanto defensiva quanto ofensiva. Quanto maior o índice de posse de bola, maior a chance de marcar e menor a chance de ser atacado. Essa é a ideia que estamos colocando em prática nos treinamentos e vamos levar para os jogos.

Estadão -Como você se define como treinador. Já é possível classificar o seu estilo como treinador?
Roque Júnior - Quero atacar com mais gente possível e também defender com o maior número de jogadores. E quero ganhar os jogos. Essa é a ideia.

Estadão -Você pode destacar algum ponto que você traz da Europa para o futebol brasileiro?
Roque Júnior - É difícil falar estou implantando isso por causa do Ancelotti (Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid). Ou vi isso no futebol alemão. O que faz toda a diferença é a bagagem acumulada, a experiência adquirida. Essa experiência permitiu que eu tivesse uma nova visão de futebol.

Estadão -Qual é essa visão?
Roque Júnior - Os jogadores modernos são dinâmicos. Eles não jogam apenas com a bola nos pés. Precisam ter qualidade para participar de todas as fases do jogo. Marcar não é só dar carrinho. Não preciso escalar três volantes para montar um time forte na defesa. O atleta tem de participar do jogo o tempo.

Estadão -Qual é o peso da individualidade em um time moderno?
Roque Júnior - Não vi nenhuma equipe se sobressai apenas com individualidades. Nosso objetivo é ter um jogo coletivo forte.

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