Aliados ou rivais? Como está a relação entre cruzeirenses e flamenguistas neste momento?

Alexandre Simões
21/09/2019 às 15:31.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:52
 (Fotos/Alexandre Simões)

(Fotos/Alexandre Simões)

Desde o final dos anos 1970 e início dos 1980, a maior rivalidade nacional, entre Atlético e Flamengo, fez com que os cruzeirenses passassem a ter um contato cordial com os torcedores do rubro-negro carioca. Há quase meio século, os dois lados foram uma das mais sólidas alianças de grandes torcidas do futebol brasileiro.

Neste século, a relação entre as organizadas dos dois lados estremeceu, algumas brigas aconteceram, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, mas entre os torcedores comuns a amizade nunca esteve abalada.

Nas três últimas temporadas, os dois clubes rivalizaram em todos os anos. Em 2017, decidiram a Copa do Brasil, com o Cruzeiro levando a melhor e conquistado a taça no Gigante da Pampulha, numa disputa de pênaltis. No ano seguinte, eles se enfrentaram nas oitavas de final da Libertadores. E mais uma vez a Raposa saiu vencedora do confronto. Este ano, com os cofres cheios, o Flamengo aproveitou a crise financeira cruzeirense e tirou da Toca da Raposa II o craque uruguaio Arrascaeta, um dos ídolos da China Azul, e destaque na conquista do bi da Copa do Brasi em 2017 e 2018.

Diante deste cenário, o Hoje em Dia  foi conferir, do lado de fora do Mineirão, neste sábado (21) em que Cruzeiro e Flamengo jogam no Mineirão, pela 20ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, como anda essa história entre os torcedores comuns: cruzeirenses e flamenguistas seguem aliados, ou se tornaram rivais?

No visual já era possível se ter a resposata. O lado Norte do Mineirão, onde está também o Mineirinho, estava tomado desde cedo pelas duas torcidas, mas com predomínio flamenguista pelo menos até duas horas antes de a bola rolar.

A cerveja era tomada pelos dois lados e, apesar do forte calor, o típico feijão tropeiro mineiro era saboreado por muitos cariocas.
Num dos bares improvisados que o entorno do Mineirão abriga, este é dentro de um posto de gasolina, uma mesa resumia bem o sentimento que ainda domina a relação entre flamenguistas e cruzeirenses.

"Os fatos recentes não abalaram em nada a relação entre flamenguistas e cruzeirenses, mesmo com eles sempre levando a melhor sobre a gente em campo. Moro em Niterói, sou sócio do Flamengo, vou a todos os jogos do time no Maracanã e quando é contra o Cruzeiro o clime é o mesmo de hoje. Todo mundo junto, curtindo a amizade antes de a bola rolar", afirma Fernando Sánchez.

Na mesma mesa dele, a mineira Laura Lázaro, com a camisa do Cruzeiro, relatava que cresceu vivendo este clima: "Meu avó é flamenguista e fui criada com este clima de amizade entre as duas torcidas".

Fernando Sánchez, com a tradicional camisa rubro-negra, e Ana, com uma de suas muitas camisas do Cruzeiro, num bar improvisado num posto de gasolina em frente ao Mineirão

Casais

Do lado de fora do estádio, dois casais viviam a sensação de divisão total. Residentes em Entre Rios de Minas, cidade que fica a 110 quilômetros de Belo Horizonte, eles eram formados por um cruzeirense e um flamenguista.

Para a carioca Verônica, torcedora do Flamengo e namorada do cruzeirense Flávio, a Raposa está entalada na garganta pelos fracassos recentes do seu time diante do Cruzeiro, mas isso não foi suficiente para acabar com o clima de amizade entre os torcedores comuns dos dois lados.Verônica, o namorado Flávio, o amigo Flávio e a sua namorada, Ana. O programa do sábado dos dois casais de Entre Rios de Minas foi no Gigante da Pampulha

No outro casal, o namorado, que também se chama Flávio e é flamenguista, garante que o momentos mais tenso foi quando o Cruzeiro da namorada Ana ganhou a decisão da Copa do Brasil de 2017. "Foi muito sofrido. A gente tinha um time bom, mas acabou caindo", relembra Flávio.

Entre os torcedores comuns de Cruzeiro e Flamengo, a amizade entre os dois lados segue inabalada. E quem lucrou com isso foram os ambulantes, que tiveram a chance de atender a duas torcidas num jogo entre mineiros e carioca no Gigante da Pampulha.Os vendedores ambulantes que ficaram no entrono do Mineirão tiveram a chance de atender as duas torcidas ao mesmo tempo, algo difícil de acontecer no futebol brasileiro marcado por muita rivalidade entre torcedores

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