Alimentando sonhos: atletas contam com estrutura profissional e lanche fornecido por voluntária

Clarissa Carvalhaes
ccarvalhaes@hojeemdia.com.br
24/08/2016 às 10:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:31
 (Valéria Marques)

(Valéria Marques)

O futuro do esporte brasileiro passa pelo talento e o esforço de jovens atletas e também pelo tempero especial de uma mãe. De segunda a sexta-feira, cerca de 50 adolescentes passam duas horas no Centro de Treinamento Esportivo da UFMG. O local recebe meninos e meninas que se dedicam ao atletismo, natação, judô e taekwondo.

O trabalho é comandado por treinadores de ponta, e os uniformes, fornecidos pela instituição, em parceria com o Ministério do Esporte e o Governo Estadual. Apesar do incentivo, porém, grande parte dos jovens, acaba desistindo das atividades por não conseguir arcar com itens básicos, como o transporte e a alimentação.

Ao perceber a “debandada”, a mãe de uma das atletas apresentou uma solução paliativa, mas que tem gerado efeito significante.

Desde que a filha Bárbara, de 13 anos, começou a frequentar o CT, Carla Renata da Cunha, 42, garante o lanche dos adolescentes às terças, quintas e sextas-feiras. Pelas manhãs, ela trabalha em uma escola na qual dá reforço pedagógico para crianças de um abrigo no bairro Céu Azul.

“É claro que chego em casa cansada, mas meu coração dói só de pensar que essas crianças vão ficar sem comer. É até engraçado, porque eles são enormes, altos, fortes, mas na hora do lanche se transformam em crianças. E eu sei que eles precisam disso para continuar”, afirma.

Carla lembra que, no início, o coordenador de atletismo do CTE, Leszek Szmuchrowski, até tentou “padronizar” as refeições. 

“Ele propôs que eu fizesse sanduíches naturais, mas eu queria fazer comida de mãe mesmo: torta de frango, bolo de cenoura, cachorro-quente...”. “O melhor de Minas Gerais”, interrompe Leszek aos risos.

Promessas do CTE

"Tenho muito orgulho da minha mãe por isso”, diz Bárbara, uma das grandes promessas do centro. “Eu saio de Contagem todo dia e venho para cá. Quando o desânimo bate, miro nos Jogos, penso em ser profissional e em estar no pódio representando o Brasil. Aí todo o cansaço desaparece”, conta a corredora.

Outra aposta do CTE é Ana Carolina Oliveira, 15. A atleta já conquistou, inclusive, a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro Mirim de Salto com Vara. “Minha mãe é minha maior incentivadora. Sempre que penso em desistir, ela me lembra onde já cheguei e onde posso chegar. Então eu penso na Yelena Isinbayeva (atleta russa) e lembro que nunca é fácil para quem quer vencer”.

Um aprendizado que a nadadora Roberta Albino, 26, conhece bem, depois de ter deixado Ipatinga para treinar na capital. “Já estou nessa briga do alto rendimento há um tempo. Participei das seletivas para Pequim e Londres, e fiquei bem perto. Agora, depois dos Jogos do Rio, ganhei um gás maior para Tóquio (2020). Tem muita coisa para melhorar, mas sei que vou conseguir”, conclui.

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