Amantes do rúgbi apostam em popularização como legado olímpico do 'primo' do futebol

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
01/08/2016 às 22:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:06
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A história conta que o inglês Charles Miller desembarcou no Brasil, em 1984, trazendo na bagagem uma bola de futebol e outra de rúgbi. Mas, enquanto a primeira virou preferência nacional, a segunda ficou "esquecida". Os bretões, porém, ainda pretendem mudar essa realidade, a começar pela preparação da seleção nacional para a Olimpíada, realizada na Toca da Raposa I, em Belo Horizonte.

“Eu não consigo ter uma resposta para isso (falta de popularidade do rúgbi no Brasil). Mas todos nós britânicos temos secretamente uma paixão pelo futebol brasileiro, devido às suas campanhas. Esperamos que a performance do nosso time venha colaborar para o desenvolvimento do esporte no país, no rastro dos Jogos Olímpicos”, afirma o chefe e porta-voz da delegação britânica, Paul Ford.

A torcida é compartilhada pelo técnico inglês David Holby, que ensina o esporte a cerca de 40 crianças de uma unidade do Sesc na capital mineira. Ele e mais dois treinadores do país vieram para o Brasil por meio do projeto Try Rugbi, em parceria com Premiership Rugby e o British Council.

“Acho que o rúgbi pode ser mais popular aqui também. Quando os brasileiros entendem o jogo, é fácil ver o valor do esporte. A Olimpíada é uma boa oportunidade para mostrar a modalidade Sevens, que é mais rápida e mais fácil de entender”, afirma David, referindo-se à modalidade olímpica. A versão é disputada com sete jogadores em cada equipe, em vez de 15, como na mais tradicional, conhecida também como Rúgbi Union.

  

Crescimento em Minas

Além das crianças e adolescentes participantes do projeto, o treino britânico também foi acompanhado por representantes de vários times de Belo Horizonte e do interior mineiro, entre eles BH Rugby, Nova Lima, Inconfidência, Inconfidentes, Trinca Ferro e Alligators.

Para Samuel Fortes, 34, o desenvolvimento do esporte já é notório em Minas Gerais. "Isso dá para perceber, porque o número de times cresceu e muito nos últimos anos, no Campeonato Mineiro principalmente. Hoje, nós já temos Primeira e Segunda Divisão. A gente participa de uma competição que vai desde o Triângulo Mineiro ao Norte de Minas, então isso mostra que o esporte está se expandindo", diz o jogador do Inconfidência, de Ouro Preto.

BH RUGBY - Jogadores dos times masculino e feminino acompanharam treino uniformizados

Comparações com o futebol

Entre os apoiadores, não faltam teorias sobre a impopularidade da modalidade, se comparada ao "primo" futebol. Segundo Bernardo Faria, 20, o argumento é a maior dificuldade de mobilização.

"No futebol, acho que é mais fácil. Exige menos condição física e menor organização. Você junta uns meninos na rua e pode fazer as traves até com chinelos. No rúgbi, você precisa de 30 jogadores, mais árbitro, porque não é qualquer um que pode apitar", avalia o jogador do BH Rugby.

Samuel Fortes, por outro lado, aponta as "vantagens" da modalidade. "Eu cheguei a participar de vários outros jogos, como futsal, futebol, artes marciais, handebol, vôlei, basquete. Mas, quando comecei a praticar o rúgbi, percebi o quanto é eclético e democrático", conta.

"No futebol, você precisa de algumas habilidades mais específicas. No rúgbi, você vai precisar de uma pessoa mais alta, outra mais baixa, uma mais forte e outra mais leve, então qualquer um pode acabar se encontrando", conclui.

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