
No Hipódromo de Maro-ñas, em Montevidéu, Daniel De Arrascaeta acumulou vitórias nas décadas de 1980/90 como jóquei amador. Sempre montado em um companheiro fiel, o cavalo Giorgian.
A parceria foi tão marcante que, quando o filho único de Daniel nasceu, em 1994, ele não hesitou na escolha do nome.
“Na época, ele tinha um cavalo vencedor com o nome de Giorgian. Ele nunca perdia quando corria com esse cavalo. Em homenagem ao animal, ele optou em registrar o Arrascaeta com o mesmo nome do cavalo”, conta a mãe do meia do Cruzeiro, Maria Victoria Benedetti.
Na família humilde de Nuevo Berlín, no interior uruguaio, o turfe era tradição, mas o futebol virou o futuro. Giorgian De Arrascaeta provou que a inspiração do pai na hora do batismo não estava errada.
A paixão por cavalos é uma tradição na família. Além do pai, um tio e um primo foram jóqueis. Gosto herdado pelo novo camisa 10 do Cruzeiro.
“Gosto muito de cavalos. Eu sempre acompanhava meu pai para assistir às corridas”, contou o camisa 10 cruzeirense em entrevista ao Hoje em Dia.
O atleta da Raposa foi influenciado pelo pai não apenas na paixão pelos cavalos. Daniel também foi o grande incentivador do filho na carreira como jogador de futebol.
O talento com a bola desde cedo chamou a atenção da família. Para estimular a criança a jogar no Club Pescadores Unidos, de sua cidade natal, Daniel prometeu que daria 5 pesos uruguaios (o equivalente, hoje, a R$ 0,50) para Arrascaeta, a cada gol marcado.
Ao fim da temporada, Arrascaeta somou 49 gols e deu um “prejuízo” de 245 pesos para o pai, que pagou orgulhoso. “Desde novo ele apresentava muito talento”, lembra a mãe Maria Victoria.
A ligação com o Pescadores Unidos durou até a adolescência. Durante esse período, Arrascaeta alternava o futebol com a escola e o trabalho em uma padaria, da qual o pai era dono.
As boas apresentações do jovem chamaram a atenção do Defensor Sporting. Em 2008, quando tinha 15 anos, Arrascaeta chegou a Montevidéu acompanhado do pai e foi aprovado para ficar no clube.
Agora, na Toca da Raposa, o atleta conta com o apoio da mãe e da noiva, Camila Bastiani, para se adaptar à nova vida em Belo Horizonte. A programação inicial delas é ficar por pelo menos três meses.
“É importante que elas conheçam meu novo clube e minha nova cidade. Quando você vem sozinho é muito ruim, você sente saudade. Quando fui da minha cidade (Nuevo Berlín) para Montevidéu foi difícil. A presença delas é boa para minha adaptação”, justifica Arrascaeta.