Artilheira pela quinta vez, goleadora da Copa BH busca apoio para virar jogadora profissional

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
13/07/2017 às 01:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:32
 (Cristiane Mattos/Divulgação)

(Cristiane Mattos/Divulgação)

Os 15 gols marcados pela centroavante Ingride foram insuficientes para levar a equipe amadora do Prointer à conquista da Copa BH de Futebol Feminino 2017. Em compensação, o faro apurado rendeu à jogadora de 21 anos a quinta artilharia na carreira.

O prêmio recebido oficialmente ontem na sede da FMF (Federação Mineira de Futebol) é mais um incentivo para a goleadora da Barragem Santa Lúcia. Praticante da modalidade desde a infância, a camisa 10 ainda alimenta o sonho de atuar profissionalmente e viver do esporte (veja a galeria abaixo).

A esperança de Ingride aumentou com a nova regra da CBF segundo a qual todos os clubes precisarão investir na categoria feminina, já a partir de 2018, para disputarem a Série A do Campeonato Brasileiro.

“Só o América tem time feminino, então é uma expectativa a mais para a gente. Eu tenho um clube do coração, claro. Mas, sinceramente, não seria uma barreira (vestir a camisa de um rival). Quero ser profissional e correr atrás do meu futuro. É o meu sonho de criança. Ainda tenho esperança”, afirma.

“O ideal seria fazer uma academia, porque o treino no campo não dá o preparo físico que a gente precisa. Agora, com mais essa artilharia, estou procurando algum tipo de patrocínio”

Obstáculos

As dificuldades, contudo, são enormes. Assim como as colegas de time, Ingride faz apenas dois treinos por semana, no "terrão" à beira do aglomerado na Região Centro-Sul. A falta de condicionamento físico, segundo ela mesma, tem sido um empecilho. 

“Eu sempre corri atrás, fiz testes em alguns times, mas não me chamaram”, conta a centroavante.

“O ideal seria fazer uma academia, porque o nosso treino no campo não dá o preparo que a gente precisa. Mas eu é que precisaria bancar. Agora, com mais essa artilharia, estou procurando algum tipo de patrocínio, para tentar me destacar no Campeonato Mineiro também”, completa.

Funcionária de uma empresa de vendas, Ingride trabalha no horário comercial, das 8h às 18h, e recebe um salário mínimo, sem carteira assinada.

“Moro com minha mãe, só nós duas, e tenho que ajudar nas contas. Se tiver que pagar uma academia do meu bolso, vai apertar. Mas, mesmo se eu não conseguir ajuda, vou tentar dar algum jeito. Não vou deixar de fazer. Sempre fui muito esforçada”, conclui a jogadora.

Prêmios

Fã do atacante sueco Zlatan Ibrahimovic, Ingride defende o Prointer há cerca de um ano. Nesse período, a camisa 10 já foi também artilheira da Taça das Favelas e da Copa Centenário. 

Antes, defendendo o Águia Mineira, do Barreiro, ela também já havia sido a goleadora da Copa Primavera e de outra edição da Centenário. Em uma das premiações, ganhou a chuteira Nike com a qual vem superando as goleiras adversárias nos últimos meses.

Na Copa BH de Futebol Feminino 2017, a atacante marcou 15 gols em dez partidas disputadas. Uma luxação no pé, entretanto, a tirou da final contra o América, disputada no último domingo, no estádio Independência. Diante de 2.617 torcedores, as Coelhinhas venceram por 5 a 1 e ficaram com o bicampeonato do torneio municipal.

Também atual detentor do título estadual, o alviverde é o único time de futebol feminino profissional de Minas Gerais. Representantes do Estado na Série A nacional masculina, Atlético e Cruzeiro ainda não anunciaram adequações às exigências do novo regulamento para a próxima temporada.

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