Fora de Campo

As filhas do Rei Pelé: Enquanto Sandra batalhou pelo sobrenome, Flávia ganhou o carinho

Paulo Duarte
plima@hojeemdia,com.br
Publicado em 01/01/2023 às 12:21.
 (Montagem / Reprodução redes sociais)

(Montagem / Reprodução redes sociais)

Gênio dentro das quatro linhas, mas com uma polêmica fora delas. A vida de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi marcada por um episódio de "abandono efetivo". Em 1991, aos 27 anos, Sandra Regina Machado, procurou pelo Rei dizendo ser sua filha, fruto de um relacionamento com uma das empregadas domésticas dele, Anízia Machado. Sem acreditar na jovem, Pelé pediu para que fosse feito um exame de DNA para confirmar a sua paternidade.

A resposta do ex-jogador não foi recebida de forma positiva pela garota, o que a fez procurar a imprensa e revelar o caso extraconjugal de Pelé. Quando o Rei do Futebol conheceu a mãe dela, ele se relacionava com Rosimeri Cholbi, com quem teve três filhos: Kelly, Edinho e Jennifer.

E o fato revoltou ainda mais Pelé, que passou a ignorar qualquer assunto que remetesse à possível filha. Em 1992, uma ano depois, o resultado do exame comprovou que Sandra era realmente  mais uma herdeira do Rei. Com o DNA em mãos, Pelé ainda tentou reverter a situação entrando, por 13 vezes, com recursos judiciais contra a filha. Porém, sem sucesso.

Em 1996, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu Sandra como filha legítima do ex-camisa 10. Foi então que ela incluiu o sobrenome do pai na certidão e passou a assinar como Sandra Regina Arantes do Nascimento.

Com o fato consumado, o Rei do Futebol foi perguntado em diversas entrevistas, ao longo dos anos,  o motivo de ainda manter o distanciamento com a filha. A resposta era sempre a mesma: não havia sentimento entre eles. Em 1998, ela chegou a publicar o livro “A filha que o Rei não quis", escrito por Walter Brunelli.

E foi pensando em ajudar casos como o dela, que Sandra resolveu entrar no meio político. Em 2001 foi eleita como vereadora, em Santos, e teve o projeto “DNA Gratuito'' aprovado, resultando em lei municipal e que acabou se estendendo por todo o país.

Em 2005 iniciou ela iniciou a luta contra um câncer de mama, mas perdeu a batalha um ano depois. Em outubro de 2006, a doença se espalhou e ela veio a óbito, aos 42 anos, por consequência de uma metástase pulmonar, deixando duas crianças pequenas. De acordo com registros da época, Pelé, sequer, ajudou a filha durante todo o tratamento e, mesmo estando em São Paulo, não compareceu ao enterro dela. O máximo que fez foi enviar duas coroas de flores para o velório.

E a justiça novamente teve que ser acionada. Sem ter qualquer contato com os netos, o ex-jogador tampouco quis saber das situações que eles se encontravam com a ausência da mãe. Foi aí que os advogados da família de Sandra conseguiram provar que elas chegaram a passar dificuldades e, em 2013, sete anos após a morte dela, os filhos ganharam o direito de receber uma pensão do avô.

Flávia Cristina Kurtz

Em 2002, um novo caso de paternidade fora do casamento de Pelé, veio à tona. O Rei do Futebol assumiu ser o pai de Flávia Cristina Kurtz, que nasceu de um relacionamento do ex-camisa 10 com uma estudante de jornalismo, em 1968. De acordo com o próprio Pelé, ele chegou a conhecer a filha em 1994, quando ela já tinha 20 anos, mas só resolveu tornar público no início dos anos 2000.

Diferente de Sandra, Flávia, agora Nascimento, teve todo suporte do pai e uma pensão de US$ 1 mil mensais, para pagar o curso de Fisioterapia na época. Em sua coluna no site Pele.net, publicada em 2002, o Rei fez questão de elogiar a filha e ainda comparou a situação dela com a de Sandra.

“Muitas pessoas querem traçar um paralelo entre a história da Flávia e a da Sandra Regina, a filha que reconheci na Justiça. Vejo mais as diferenças do que as semelhanças. Enquanto Flávia me procurou para contar tudo, Sandra preferiu recorrer aos advogados e à imprensa. Nunca havia me encontrado pessoalmente com ela até fazer o teste do DNA.

Certa vez, foi feita uma tentativa de aproximação entre nós, mas ela recusou. No início, dizia que queria apenas usar o meu nome. Quando conseguiu, entrou na Justiça pedindo dinheiro. Minha mãe também conversou com ela. Aconselhou Sandra a adotar o caminho do entendimento, não o do confronto, mas tempos depois Sandra voltou a falar pela boca dos seus advogados. As duas têm o meu sangue, mas Flávia nunca exigiu nada, por isso ganhou tudo.", concluiu Edson Arantes do Nascimento.

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