Levir volta ao estádio 35 anos após único gol marcado no México

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
14/04/2015 às 07:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:38
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Quando as esperanças estavam acabando para o surpreendente Atlante, um zagueiro recém-chegado, cabeludo e com porte de galã, subiu mais alto que a defesa adversária para marcar um gol que calou o lendário estádio Jalisco aos 42 minutos do segundo tempo.    Passados 35 anos desde a vitória da pequena equipe visitante sobre os Leones Negros da Universidad de Guadalajara, pelo Campeonato Mexicano, a cabeleira do defensor encurtou e ficou totalmente grisalha.   O que não mudou foi a necessidade de um novo triunfo naquele mesmo palco. Agora como técnico do Atlético, Levir Culpi enfrenta o Atlas pela Copa Libertadores sonhando que seus comandados repitam a façanha de 1979 e vençam o time local para continuar sonhando com a classificação às oitavas de final.   “Fiquei um ano e meio no México e fiz um gol no Jalisco, quando jogava pelo Atlante, da Cidade do México. Espero que eu possa passar alguma coisa para os jogadores. Eles não vão fazer um gol tão bonito como o que eu fiz, mas vamos torcer”, brincou o técnico.   Papai de primeira viagem   A família Culpi ainda não estava totalmente formada quando Levir resolveu se aventurar no país. Ao lado da esposa Marília, o então jogador soube em terras mexicanas que seria pai pela primeira vez.   Janaína nasceu no Brasil, pois a passagem pelo Atlante durou só uma temporada. Depois viria Mayra, a caçula. “Minha mãe descobriu que estava grávida da minha irmã lá no México. Meu pai ficou pouco tempo lá, e ela daria à luz já no Brasil. Então, o México traz essa boa recordação”, conta Mayra, que em breve dará a Levir a emoção inédita de ser chamado de avô.   Dona Marília não voltou para a Cidade do México depois daquele tempo. Mas já visitou Cancún, sem saber, no entanto, que a cidade turística é a nova casa da ex-equipe do esposo. "Quando o Levir jogava no México, descobrimos a gravidez. Voltamos com a Janaína na barriga quando estava no 7º mês de gestação. Foi uma ótima experiência, os mexicanos são malucos com os brasileiros, então eramos muito bem tratados", disse a Marília, ao Hoje em Dia.   Carreira no exterior    Aos 26 anos, Levir Culpi foi titular na boa campanha do Atlante na temporada 1979/1980. O time terminou a primeira fase na terceira colocação, perdeu fôlego na etapa final e viu o Cruz Azul conquistar o campeonato nacional.   Levir atuou em 32 dos 44 jogos, com 14 vitórias, 12 empates e seis derrotas. O único e memorável gol foi marcado na terceira partida pelo clube. Depois da única experiência internacional como jogador, ainda defenderia o Figueirense e, por fim, o Juventude.   Hoje, o Atlante deixou a Cidade do México e mudou-se para Cancún. Na Divisão de Acesso do México, amarga a 11º colocação em uma liga com 14 clubes.   Ex-atleticanos Cabinho e Spencer estavam entre os companheiros   Além de Luis Alberto, autor do segundo gol na vitória sobre os Leones Negros, Levir Culpi conviveu com outros brasileiros jogando no México na virada das décadas de 1970 e 1980.   No Atlante, o técnico alvinegro atuou com Evanivaldo de Castro, o Cabinho, ex-jogador do Galo em 1972. Praticamente desconhecido entre os conterrâneos, o baiano é uma lenda no México. Maior goleador do campeonato nacional com 312 tentos marcados, foi artilheiro de sete edições consecutivas e é um dos grandes ídolos do Pumas.   Do Galo, o futebol mexicano também levou Spencer Coelho, campeão brasileiro em 1971. Hoje funcionário do América, o ex-jogador classifica o país como “o melhor lugar do mundo” e lembra da época com emoção. “Houve uma invasão brasileira. Como pagavam bem e quinzenalmente, todos queriam jogar lá. Se não fosse pela minha família aqui, jamais teria saído do México”, conta.   ’Boicotado’   Após a fase final do campeonato de 1979/1980, o Atlante contratou o renomado treinador “Toto” Lorenzo, campeão mundial pelo Boca em 1977. E a chegada do técnico culminou, pouco tempo depois, no retorno de Levir ao Brasil.    “Ele foi derrubado por um argentino que trouxe um ‘peixe’ dele, um zagueiro de descendência polonesa, ruim demais!”, relata Spencer, ex-jogador do Atlético, que atuou com Levir no Atlante.   Atualizada às 19h37*

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