Carlos leva o brilho da base do Galo para o time principal

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
23/09/2014 às 07:43.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:18
 (Bruno Cantini)

(Bruno Cantini)

Quando Diego Tardelli começou a construir seu histórico de carrasco do Cruzeiro, há cinco anos, o baiano Carlos Alberto Carvalho da Silva Júnior, conduzido pelo empresário Alexandre Gaspar e com o aval da mãe, Tereza Silva Santos, chegava a Belo Horizonte para treinar no Atlético. Cinco anos depois, Carlos “ofuscou” o ídolo da torcida no clássico e foi o protagonista da vitória por 3 a 2.

Nesta meia década vestindo preto e branco, foi justamente a palavra “protagonismo” que perseguiu os passos de Carlos até o time principal do clube mineiro, depois de acumular artilharias e títulos pelas equipes juvenil e júnior.

“A figura de protagonista no futebol, o atleta tem ou não tem. O Carlos é do tipo que possui a estrela, sempre foi assim nas categorias de base e isso não vai embora do jogador. Para mim, ele vai seguir assim por muito tempo”, disse André Figueiredo, coordenador das categorias de base do Galo.

Na geração que revelou jogadores como Alex Silva, Lucas Cândido, Jemerson, Eduardo e Marion, o rápido e habilidoso centroavante foi sempre a referência.

E a grande esperança depositada em seu futebol (algo que já atrapalhou a carreira de muitas promessas) nunca foi problema. Prova disso é que o goleador não sentiu o peso de quase 50 mil vozes celestes pressionando nas arquibancadas do Mineirão.

“Ele tem uma capacidade psicológica muito grande. No sub-20, nunca demonstrou muita alteração no comportamento diante da torcida, rival ou não. Ontem (domingo), por exemplo, 50 mil pessoas torcendo contra e ele jogou normalmente”, destacou André.

Em nome da mãe

Com os holofotes direcionados e os microfones escancarados após a partida, o camisa 13 não se esqueceu de agradecer Tereza, que viu o filho brilhar no Gigante da Pampulha a 1.500 quilômetros de distância.

Apesar de morar com Carlos em BH, a mãe havia voltado para Santaluz, cidade natal de Carlos. Sem saber como reagir, assistiu pela TV o jogador aproveitar as duas falhas da zaga celeste e virar o nome do clássico.

“A emoção foi tão grande que saí comemorando como se o gol fosse meu. É uma vitória pessoal. Eu vi a luta do meu filho para ser profissional. Imagina uma criança saindo de uma cidadezinha, tentar a sorte e virar jogador do Atlético Mineiro?”, explicou Dona Tereza.

Carlos é o caçula de oito irmãos e virou a principal “fonte” para uma vida melhor. Sua família passou dificuldades financeiras desde que Carlos começou as primeiras “babas”.

Mas, com a capacidade reconhecida pelo clube, que já renovou seu contrato, Carlos é capaz de melhorar a vida de seus parentes.

“Ele sempre pensa na família. Costuma voltar para Santaluz e é muito querido pela população, que conhece bem a trajetória de superação do Carlos”, completou a mãe.
 
Atacante foi descoberto na cidade que revelou Robinho e Neymar
 
A caminhada profissional de Carlos tem uma figura abominada por dirigentes, mas que ganhou força após a Lei Pelé. Na cidade que descobriu Robinho e Neymar neste milênio, Carlos foi observado e “apadrinhado” por Alexandre Gaspar. O empresário acompanhava o filho no mesmo torneio infantil disputado em Santos e ficou encantado.

Gaspar nem imaginava se envolver com o mundo da bola, mas ver o garoto fazendo gol atrás de gol contra adversários mais velhos lhe encheu os olhos.

Com investimentos financeiros na vida do atleta, incluindo ajuda de moradia para a família humilde do interior da Bahia, Alexandre virou um dos “parceiros” das categorias de base do Atlético e Carlos foi aprovado em seu terceiro dia para fazer parte da equipe pré-infantil.

“Conheci o Carlos quando ele tinha 13 anos. Estávamos em Santos e aquele garoto não parava de fazer gol. Me aproximei dele e da família e comecei a dar ajuda de custos. Levei a mãe dele para morar em uma chácara minha. Depois, fui para Belo Horizonte e ele passou no teste do Galo”, explicou o empresário do jogador.

Orgulho

Alexandre, ao ver a criança que conheceu em 2008 comandar um clássico mineiro seis anos depois ficou “sem palavras”. “Nem sei falar o que senti. Ele sempre fez gols contra o Cruzeiro na base. Mas no Mineirão lotado...Meu Deus!”, disse.

Apesar do potencial mostrado debaixo do nariz de um clube conhecido como especialista na revelação de craques, Carlos nunca fez parte das peneiras do Santos, para sorte do Atlético.

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