De forma heroica, Atlético vira sobre o Lanús e fatura a Recopa Sul-Americana

Wallace Graciano - Hoje em Dia
24/07/2014 às 00:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:30
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Foi dramático, como de costume. Porém, no fim, o grito de “é campeão” voltou a sair da garganta do torcedor atleticano. Em mais uma partida recheada de fortes emoções, o Atlético levou seu torcedor da tensão à euforia e faturou o título inédito da Recopa Sul-Americana após vencer o Lanús, na prorrogação, por 4 a 3, nesta quarta-feira (23), no Mineirão. Tardelli (pela 100ª vez), Luan e Maicosuel e Ayala (contra) anotaram os gols que fizeram a festa alvinegra no Gigante do Horto.   Pela quarta vez na história, o torcedor alvinegro pôde comemorar um título continental. A conquista inédita da Recopa Sul-Americana se soma ao caneco da Libertadores, obtido no último ano, e às duas Copas Conmebol, faturadas em 1992 e 1997.   Dois lados   Há 364 dias, os atleticanos chegavam apreensivos ao Mineirão. À época, o clube precisava reverter uma desvantagem de dois gols frente ao Olímpia, do Paraguai, em busca de uma inédita Libertadores, que foi conquistada de forma heroica horas depois. Aquele título recolocou o Galo no caminho das glórias e deu ao clube a possibilidade de voltar ao Gigante do Horto um ano depois, em busca de mais um título continental: a Recopa Sul-Americana.  Nesta quarta-feira, porém, o clima era bem diferente de outrora. Ao invés da angústia, havia a festa da massa alvinegra e a certeza de que o novo caneco era uma questão de tempo, principalmente após a vitória pelo placar mínimo obtida na Argentina. Mal sabiam eles que a apreensão voltaria a cruzar o caminho de Ronaldinho e companhia.   No início do jogo, tudo foi festa. Logo aos 4 minutos, Ronaldinho cobrou escanteio pela direita achando Leonardo Silva na entrada da área. O zagueiro subiu alto e testou firme rumo à meta. No caminho, porém, estava o braço de Araujo, que impediu a conclusão da jogada. Sem muito pensar, o árbitro Roberto Silveira apontou a marca do cal. Pênalti, que Tardelli não desperdiçou e soltou o grito de gol da garganta do torcedor atleticano pela centésima vez na sua carreira. 1 a 0 apontava o placar.   Foi a deixa para o clima de euforia tomar conta do Mineirão. Porém, ainda era cedo. Enquanto ainda comemorava o gol cem de Tardelli, a defesa atleticana deu espaços para os argentinos e eles não perdoaram. Em uma rápida ofensiva, o ataque “granate” achou Ayala na entrada da área. Livre, o meia acertou um belo chute e igualou o marcador: 1 a 1.   O gol de empate trouxe uma curiosa situação. Apesar da vantagem ainda estar ao seu favor, o Atlético se mostrava nervoso. Pecava na conclusão das jogadas e no combate ao adversário. Em um desses lances, aos 25, Marcos Rocha cometeu falta ainda na intermediária, em um lance que facilmente poderia ser concluído caso cercasse o adversário. Velásquez cobrou a infração com veneno e obrigou Victor a fazer uma defesa parcial de forma milagrosa. No rebote, o oportunista Santiago Silva aproveitou a chance e virou o marcador: 2 a 1.   Após o gol, o Atlético continuou oscilante, deixando sua maior qualidade técnica ser ultrapassada pela postura equilibrada dos argentinos. Era preciso ter tranquilidade e colocar a bola no chão. E justamente quando teve paciência para trabalhar a “gorduchinha”, o Galo foi premiado. Aos 35, Marcos Rocha recebeu bom passe pela direita e cruzou rasteiro para o miolo da área. Lá estava Maicosuel, que se antecipou à zaga adversária e completou para a rede. Tudo igual no Gigante da Pampulha: 2 a 2.   O Atlético poderia ter descido para o vestiário com a virada. Entretanto, Jô perdeu grande oportunidade ao subir sozinho no miolo da zaga “granate” e cabecear em cima de  Marchesín. Pecado!   No final das contas, o empate foi justificável. O Galo se apresentou oscilante e não fez prevalecer sua qualidade técnica superior. Quando conseguiu, fez a festa da torcida. O time argentino, por sua vez, mostrou um futebol bem diferente do primeiro duelo, atuando de forma equilibrada e combativa. Era a promessa de um segundo tempo intenso.   Confira a galeria de imagens da partida
  O castigo   Sem mudanças nos vestiários, os clubes mantiveram a mesma postura do primeiro tempo na etapa complementar. O que se viu no segundo período foi um Lanús que parecia ter ciência do que fazia com a bola, apesar do placar desfavorável. O Galo, por sua vez, era emoção levada na ponta da chuteira. E isso não favorecia em nada.   A tensão alvinegra poderia ter sido remediada logo aos cinco minutos, quando Tardelli deu passe espetacular e deixou Ronaldinho na cara do gol. O craque deu um toquinho por cima do goleiro Marchesín, que tentou abafar o canto rasteiro. Ele não contava era com o zagueiro Braghieri, que salvou os “granates” quase em cima da linha.   As ofensivas perigosas do Galo não incomodavam o time argentino. Bem postados, não demoraram muito para dar o troco e mostrar que estavam vivos. Aos 12, Santiago Silva cabeceou para fora. Seis minutos depois, o time argentino teve três chances consecutivas de gol, mas parou na defesa alvinegra e em Victor inspirado.   O goleiro alvinegro seguiu salvando o Galo da forma como podia, uma vez que seus companheiros não conseguiam segurar a bola à frente. Até que aos 48 minutos ele foi vencido. Quando o Atlético já as duas mãos na taça, Santiago Silva aproveitou bola alçada da intermediária e cabeceou firme. Victor salvou parcialmente, mas Acosta ganhou de Emerson no rebote e completou para o barbante. 3 a 2, placar que levou a partida para a prorrogação.   Tudo ou nada   Ao contrário do que é comum no tempo extra, Atlético e Lanús surpreenderam a todos ao aturarem de forma intensa e ofensiva, o que deixou a prorrogação aberta e o coração dos torcedores batendo mais forte. E a mudança de postura alvinegra foi recompensada.   Aos 12 minutos, Guilherme lançou Luan em profundidade. O iluminado atacante buscou o cruzamento, mas a bola desviou em Gómez e morreu no fundo do barbante. O árbitro deu gol para o talismã alvinegro, mas naquela altura pouco importava o autor. Valia a festa e o Galo voltava a ter a mão na taça. 3 a 3, apontava o marcador.   É campeão!   Ao contrário do segundo tempo regulamentar da partida, o Atlético soube manter os brios sob controle quando teve a vantagem no período final da partida. Trabalhando melhor a bola, conseguiu ter as rédeas do jogo.   O curioso é que a tensão mudou de lado. Com o nervosismo à flor da pele, o Lanús pecou quando menos podia. E desta vez foi fatal. Aos 6 minutos da etapa complementar da prorrogação, Ayala tentou recuar a bola para Marchesín e encobriu o goleiro Marchesín, protagonizando um lance poucas vezes visto na história. 4 a 3!   Não importava se era contra, o que valia era a festa! Após o tento da virada, a torcida alvinegra começou o show que precedia a confirmação do caneco inédito.   O Galo é novamente campeão continental, unificando a conquista das Américas. O campeão dos campeões!   Veja as imagens da comemoração alvinegra   </center>

FICHA TÉCNICA ATLÉTICO 4 X 3 LANÚS    ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver, Emerson Conceição; Pierre, Leandro Donizete, Ronaldinho (Luan), Maicosuel (Guilherme); Tardelli (Dátolo) e Jô. Técnico: Levir Culpi   LANÚS: Marchesín, Carlos Araujo (Melano), Gómez (Benítez), Braghieri, Velázquez; Diego Gonzalez, Somoza, Victor Ayala, Ortiz (Pasquini); Acosta e Santiago Silva. Técnico: Barros Schelotto   Gols: Tardelli (Pênalti) (aos 6'), Ayala (aos 8'), Santiago Silva (aos 25'), Maicosuel (aos 37' do 1º tempo); Acosta (aos 48' do 2º tempo); Luan (aos 13' do 1º tempo da prorrogação); Ayala (aos 6' do 2º tempo da prorrogação).  Data: 23 de julho de 2014 Motivo: Finalíssima da Recopa Sul-Americana Estádio: Mineirão Cidade: Belo Horizonte Árbitro: Roberto Silveira (URU) Auxiliares: Miguel Nievas (URU) e Nicolas Taran (URU) Público: 54.786 pagantes Renda: R$ 5.732.930,00 Cartões amarelos: Diego Tardelli, Réver e Pierre (Atlético); Victor Ayala, Diego González, Gómez, Acosta, Braghieri e Somoza (Lanús)  Cartão vermelho: Acosta (Lanús)

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