Em ano de Copa, Ronaldinho pode impulsionar a marca Atlético

Gláucio Castro - Hoje em Dia
12/01/2014 às 10:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:18
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Em 2012, ele parou a Índia. No ano passado, mudou a rotina da exótica Marrakesh, no Marrocos, e das cidades por onde passou com o Atlético na conquista da Copa Libertadores. Duas vezes eleito o melhor do Mundo pela Fifa, Ronaldinho Gaúcho ainda é, sem sombra de dúvidas, uma das personalidades do esporte brasileiro com maior visibilidade no exterior. Tanto que acaba de estampar a capa da revista “Forbes”, que trata das pessoas mais influentes do planeta.   De contrato renovado com a equipe mineira, R10 se sente cada vez mais em casa. Com a Copa do Mundo no Brasil batendo à porta, a diretoria do clube alvinegro tem em mãos uma “mercadoria” valiosa. Ídolo em qualquer canto do planeta, o craque, que recebe cerca de R$ 1 milhão por mês, mais participações, certamente pode contribuir muito para divulgar o nome do Atlético a todos os estrangeiros que visitarem o país durante a disputa do Mundial.   “Mas, para isso, a diretoria do Atlético precisa fazer alguma coisa. Resta essa última esperança. Até agora o clube não fez qualquer ação para fortalecer seu nome mundialmente desde que contratou o Ronaldinho”, avalia Amir Somoggi, economista e especialista em marketing esportivo.   “Ronaldinho está há quase dois anos em Belo Horizonte e teve uma temporada muito positiva em 2013. Só que a gente não vê nenhuma campanha com o nome dele. Ele é muito mal assessorado e muito mal trabalhado. O presidente Alexandre Kalil acha que marketing não é importante, tanto que acabou com o departamento de marketing do Atlético. Por isso, acontece como aconteceu no Mundial, em que praticamente ninguém conhecia o Atlético fora do país. Já o nome de Ronaldinho era falado o tempo todo”, completa Amir.   De fato, encontrar algum produto ou menção a Ronaldinho Gaúcho em Belo Horizonte é difícil. Além das camisas oficiais com o nome do craque alvinegro nas costas vendidas por R$ 219,00, as Lojas do Galo oferecem muito pouco. No ano passado, em parceria com o clube, R10 lançou uma linha de produtos oficiais com canecas (R$ 29,90), bonés (R$ 59,90) e camisas (R$ 49,90 a R$ 109,90), mas algumas nem chegam mais às prateleiras das lojas. “Tudo que leva o nome do Ronaldinho vende 30% a mais do que os outros produtos”, garante Meire Rosa, gerente da Loja do Galo, em Lourdes.  

A "marca" Ronaldinho ainda é explorada de forma tímida (Foto: Flávio Tavares) Para o sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing, Fábio Wolff, as ações não precisam se limitar ao campo dos negócios. “Como a seleção da Argentina vai treinar na Cidade do Galo, basta um simples encontro de alguns minutos entre Ronaldinho Gaúcho e Messi para que todas as atenções se voltem para o CT”, garante. Sobre os produtos licenciados com a marca de R10, Wolff acrescenta um detalhe. “Não precisa ser apenas na época da Copa do Mundo. O nome do Ronaldinho é muito forte sempre”, diz.   Imagem do craque segue pouco explorada   Quando contratou R10 em 2012, Alexandre Kalil afirmou que o jogador precisava, primeiro, corresponder dentro de campo, para depois ter sua imagem explorada. Mas, apesar de ter recuperado o bom futebol, o craque segue pouco aproveitado fora das quatro linhas. O clube ainda não confirmou se pretende fazer alguma ação de marketing com ele após esta segunda renovação.   Ao ser eleito presidente pela primeira vez, em 2008, Kalil extinguiu o departamento de marketing e demitiu todos os funcionários. Tudo que se refere ao marketing do Atlético atualmente é tocado pela diretora executiva Adriana Branco.   Sobre a atitude de extinguir o setor, Kalil voltou a explicar o ato em uma entrevista concedida à revista “Placar”, no mês passado. “Marketing no futebol é bola dentro da casa. Se a bola entrar naquela casinha, você vende até Modess para homem. É só colocar o escudo do Atlético. O departamento de marketing tinha 18 pessoas, dava um prejuízo de R$ 4 milhões por ano. Não foi desmanchado porque eu acho feio e bobo, não. Marketing, para mim, é aquela página de jornal (anúncio provocativo publicado nos principais jornais após o título de campeão brasileiro do Cruzeiro). Porque isso alegra a torcida”, justifica.   Mas a falta de habilidade no país para trabalhar uma marca tão valiosa quanto a de R10 não é exclusividade do clube mineiro. “Na Europa é muito diferente. Lá fora a gestão é praticamente 100% profissional. Os clubes precisam dar resultados dentro e fora de campo. Aqui no Brasil isso ainda está longe de acontecer”, compara Fábio Wolff, da Wolff Sports e Marketing   Para o especialista Amir Somoggi, “as diretorias dos times brasileiros ainda não perceberam a importância do marketing. Por isso, nossos clubes são meros coadjuvantes no mercado internacional, perdendo de goleada para o futebol europeu, argentino e até o mexicano”.

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