Estatísticas evidenciam problemas no setor de criação do Galo

Cristiano Martins - Editor Adjunto de Esportes do Hoje em Dia
27/02/2015 às 16:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:10
 (Bruno Cantini)

(Bruno Cantini)

“Jogador, para mim, é número. Eu já disse isso para eles. Se não tiver número, sai. Nenhum chute no gol, nenhuma assistência, por isso foi substituído”. A crítica do técnico Levir Culpi, disparada contra o craque Diego Tardelli após o jogo que eliminou o Atlético da Libertadores em maio de 2014, representou um marco na mudança de filosofia que conduziu o Galo à heroica Copa do Brasil.   Se não tiver alterado radicalmente os próprios conceitos, o treinador deve ter arrancado os poucos cabelos restantes ao analisar o desempenho do time nas derrotas para Colo-Colo-CHI e Atlas-MEX (veja o resumo na arte).   Em uma primeira análise fria das estatísticas oficiais, logo salta aos olhos o péssimo rendimento da equipe nas finalizações. Contra os chilenos, foram apenas oito chutes durante toda a partida: sete para fora e só um no alvo, sem muita dificuldade para o goleiro.   No confronto com os mexicanos no Independência, os pés também estavam fora da forma. Das dez conclusões, seis se perderam pela linha de fundo e quatro encontraram o estabanado, inseguro e baixinho Vilar.   Mas o buraco é mais embaixo. Muito além desses números, outras observações reforçam o que até os torcedores menos atentos perceberam a olho nu. Com extrema ineficiência na criação, os armadores e laterais do Atlético não conseguiram em nenhum momento colocar os atacantes em condição clara de estufar a rede.   No primeiro jogo, cinco das oito finalizações aconteceram da intermediária, apenas uma delas com relativo perigo, num disparo cruzado de Luan. No segundo, foram mais cinco conclusões ineficientes de média distância, ao passo que, dos outros cinco chutes realizados de dentro da grande área, nenhum teve o arco como endereço.   Outro número evidencia a mesma constatação: em ambas as partidas, os centroavantes Jô e André – seja por falta de assistências ou deméritos próprios – finalizaram menos que os jogadores de meio-campo e defesa, com apenas uma e duas conclusões, respectivamente.   Entre os armadores, o percentual de erros ficou muito além do esperado pelos torcedores, acostumados com o alto nível técnico apresentado por Tardelli e companhia na reta final do ano anterior.    No vexame contra o Atlas, Luan teve o maior total de passes certos (14), mas foi também quem mais errou (22), confirmando que o ímpeto por si só não resolve.   Já o argentino Dátolo, principal meia do time, teve uma abrupta queda de rendimento. Se em Santiago havia distribuído 53 toques – somente três deles errados, apesar da baixa produtividade –, no Independência sumiu da partida e errou quase 40% dos passes (11 certos e 7 desperdiçados).   Principal alvo das vaias, Maicosuel, por sua vez, não conseguiu criar nada no lado esquerdo do ataque, como revelam os mapas de calor, e também teve alto índice de jogadas perdidas (28%, com 13 passes certos e 5 errados).   Diante de tantos números, o que mais anima o treinador alvinegro, hoje, é o generoso intervalo até o próximo desafio pela Copa Libertadores. Com três semanas de preparação até o compromisso na Colômbia contra o líder Santa Fe, além do clássico contra o Cruzeiro no dia 8 de março pelo Estadual, Levir certamente terá muitas contas a fazer.  

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