Rivalidade histórica: URT aluga estádio do rival Mamoré e quebra tradição de 60 anos

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
26/02/2016 às 19:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:35
 (Divulgação/Mamoré)

(Divulgação/Mamoré)

No Estádio Bernardo Rubinger, a torcida da URT recusará sombra e água fresca. Afinal de contas, já que foi inevitável ter de alugar a casa do rival Mamoré, a Poeira Azul vai preferir ficar no sol “rachando” a ocupar a “arquibancada VIP” tradicionalmente reservada aos torcedores do Sapo.

Em busca de maior arrecadação, a diretoria transferiu o duelo do Zama Maciel para o Bernardão (4.858 contra 8.732 de capacidade). Decisão que dividiu opiniões em Patos de Minas. Afinal, pela primeira vez na histórica rivalidade – o “clássico do milho” completa 60 anos em 2016 –, a URT usará o campo do Mamoré como mandante. Tudo por conta de uma arrecadação maior, capaz de enxugar os gastos do futebol.

Enquanto uma ala radical da torcida da URT não irá ao jogo, outros entenderam a necessidade de se faturar mais. Em 2015, o Galo enfrentou o Mamoré no Bernardão, pela segunda rodada do Mineiro. Público de 7.232 pagantes, para uma renda de R$ 338.640,00 e um lucro de R$ 255.133,06. A URT, entretanto, terá a vantagem de vender um jogo com a presença de Robinho.

Em troca, o Sapo cobrará aluguel de R$ 25 mil, além da renda do estacionamento e dos bares. A diretoria do Mamoré, rebaixado ao Módulo II, aceitou de bom grado a oferta da URT, mesmo que sua torcida também tenha ficado com o pé atrás.

"Há realmente um grande rivalidade, mas como estamos disputando o Módulo II, com baixa receita, então alugamos o estádio para ver se conseguimos pagar parte da folha salarial. Foi uma necessidade financeira. Há torcedores do Mamoré que não gostaram, obviamente. Só que é negócio", diz o presidente do Mamoré, Adalberto Ribeiro.

Mas o clima de animosidade entre as partes é tanta que a negociação sequer foi feita diretamente entre os presidentes. O mandatário da URT, Roberto Miranda, tratou do assunto com o conselheiro-chefe do Mamoré, Julio Macedo. “A rivalidade aqui é enorme, mas vamos deixar isso para as quatro linhas e nos preocupar com o caixa do clube”, argumenta Miranda.

"As acomodações do estádio lá são melhores, cabe mais pessoas e gera renda maior do que o nosso. Os motivos foram esses. E no futebol não é a primeira vez não, vários adversários alugam estádio de rivais para mandar seus jogos", completou o cartola da URT.

Além da receita no Bernardão ser superior a que o "Mangueirão" arrecadaria, outras questões foram levadas em conta. O pedido partiu da URT, que já se prepara para as exigências de segurança, acomodação e instalações que a FMF promete fazer em 2017.

"Há um caderno de encargos que a FMF fez no início do Campeonato para todos os clubes, principalmente para o interior, com exigências e quesitos a serem cumpridos. Não necessariamente houve veto para quem não cumpriu. Mas há uma recomendação dada este ano para que sejamos mais austeros em 2017 e isso pode ter influenciado um pouco, também, porque o Bernardo Rubinger tem melhor estrutura para abrigar um jogo grande, envolvendo um clube da capital", afirmou o diretor-executivo da FMF, Paulo Bracks, à reportagem.

RECÍPROCA NÃO ERA VERDADEIRA
A URT derrubará por terra um orgulho que só ela poderia se vangloriar em Patos de Minas. Ao jogar no Bernardão, empatará com o rival Mamoré no quesito "empréstimo de estádio". Em 2002, o Sapo utilizou o Zema Maciel para enfrentar o Cruzeiro pela Copa Sul Minas. Derrota por 2 a 1 do alviverde, no dia 7 de abril.

O Mamoré, hoje, é dono da melhor casa do futebol patense. Entretanto, o Bernardo Rubinger não existia até 2009. O campo do Sapo era o estádio Waldomiro Pereira, com capacidade para 5 mil espectadores, mas demolido em 2006 para a construção de um Shopping Mall.

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