
Levir Culpi chegou com o pé na porta. Torceu o nariz para as estrelas, entrou em conflito com a diretoria e criticou os gastos desnecessários. Disposto a mudar a realidade de pensamento no futebol brasileiro após seis temporadas trabalhando no Japão, o treinador agora começa a colher os frutos do processo de reorganização da equipe do Atlético.
Classificado às semifinais da Copa do Brasil e brigando no G-4 do Campeonato Brasileiro, o Galo está de cara nova e vive seu melhor momento desde a conquista da Libertadores.
No Oriente, o técnico aprendeu que a conversa “de homem para homem” é a sempre a melhor solução. Foi responsável pela saída de Ronaldinho Gaúcho do clube mineiro, mas conquistou o grupo ao extinguir a concentração nos jogos em Belo Horizonte.
Mesmo convivendo com desfalques e sem tempo para treinar devido às viagens e ao apertado calendário, Levir foi conhecendo as peças que tinha às mãos e, com diálogo, conquistou a confiança do time.
O técnico transfere os louros para os atletas. “Meu trabalho está se resumindo a palestras, a vídeos. Claro que tenho a responsabilidade pela escalação, mas o mérito maior fica para os jogadores. Por todos os problemas que têm acontecido, o clube está superando isso”, afirmou.
Para o argentino Dátolo, Levir conseguiu tirar o melhor de cada jogador. “Ele passa confiança para a gente jogar tranquilo, fazer o que sabemos”, diz o meia, que conquistou a titularidade no setor de criação após um longo período improvisado na lateral-esquerda antes da chegada do treinador.
Experiência
Durante a passagem anterior pelo Atlético, Levir já havia entrado em rota de colisão com um atleta: o meia Ramón, a quem chamou de “Q.I. de alface”. O armador foi afastado e acabou ganhando um processo judicial contra o Galo.
Mais de dez anos depois, o técnico bateu de frente com Diego Tardelli assim que chegou ao clube e cobrou “números” do atacante, que vivia um longo jejum. Porém, desta vez, soube aparar quaisquer problemas pessoais e, agora, é só elogios aos jogadores alvinegros.
“Nunca precisei chamar a atenção de nenhum desses jogadores por falta de empenho. Quem está puxando (a boa fase) é o elenco. Estão todos de parabéns”, comemora.
Emocional
Com o Departamento Médico mais vazio, Levir já traçou a nova meta. Pensando em títulos, ele quer melhorar o emocional do time. “É sempre um exagero para cima ou para baixo. Assim é o brasileiro. A gente, o povo brasileiro, se empolga muito e se decepciona. Temos que ter um pouquinho de equilíbrio”, explica.
Afastado dos treinos, Jô dá as caras no Twitter
Novo dia de treino, mais um dia sem Jô na Cidade do Galo. O atacante foi dispensado até que o presidente Alexandre Kalil resolva a situação. Por enquanto, o camisa 7 continua sem saber se fica no clube, se será multado ou então afastado de vez do time.
O caso virou uma novela – nem mesmo a reunião entre o presidente, o diretor Eduardo Maluf e o técnico Levir Culpi foi confirmada pela assessoria do clube.
Sumido do trabalho, Jô deu as caras no Twitter. No microblog, ele enalteceu os colegas pela heroica classificação sobre o Corinthians. “Parabéns pra essa equipe que demonstrou mais uma vez sua força e grandeza! Essa torcida merece!”, escreveu. “Sai do Twitter e vai treinar”, rebateu um torcedor.
Folga merecida
Já Tardelli também ganhou folga, mas por um bom motivo, após o sacrifício para estar em campo depois de 25 horas de viagem.