'Abuso de Poder'

Arena MRV: em depoimento a vereadores, CEO do Galo revela que contrapartidas ultrapassam R$ 335 mi

Paulo Duarte
esportes@hojeemdia.com.br
15/06/2023 às 15:50.
Atualizado em 15/06/2023 às 15:54
Bruno Muzzi fala em reunião da CPI do Abuso de Poder (Bernardo Dias / CMBH)

Bruno Muzzi fala em reunião da CPI do Abuso de Poder (Bernardo Dias / CMBH)

Em quase três horas de depoimento à reunião da CPI do Abuso de Poder da Câmara Municipal de Belo Horizonte, nesta quinta-feira (15), o CEO do Atlético, Bruno Muzzi, detalhou os valores das contrapartidas do valor da construção da Arena MRV, que ultrapassam 50% do valor da obra.

De acordo com Muzzi, o custo total ultrapassa os R$ 335 milhões, sendo R$ 95.304.168,44, para Ambiental, R$ 12.767.950,87, para o social, e R$ 212.471.874,99, para as obras viárias. Além disso, tem ainda o valor do licenciamento ambiental, que custa R$ 10.061.248,76, as taxas e impostos, no valor de R$ 1.434.179,82 e a viária, que chega a R$ 3.297.274,70.

“Nós temos um custo de contrapartidas de R$335 milhões. Qual é o tipo de incentivo que eu tive para uma obra dessa? Zero. Não tive apoio do poder público. A gente vê em outros lugares terrenos sendo doados, incentivos fiscais... Aqui nada”, ressaltou Bruno.

Vale lembrar que as contrapartidas viárias foram definidas pelo próprio clube, após reuniões com comissões da prefeitura que indicaram quais os problemas poderiam ser causados pela construção do estádio no bairro Califórnia, em Belo Horizonte. 

Durante a reunião, Tarcísio Mendonça,  advogado do ex-prefeito Alexandre Kalil, perguntou a Bruno Muzzi se a Arena MRV pensou em acionar a Justiça diante das contrapartidas que não têm respaldo na legislação. O CEO do Atlético respondeu que não, pois “não citou tais contrapartidas como ilegais”.

Porém, Bruno revelou que, ao todo, 10 contrapartidas foram adicionadas ao relatório de obrigações do Atlético, sem qualquer consulta ao clube. Dessa forma, o Galo conseguiu, até então, contestar  e recorrer de três delas.

"O pedido da construção da passarela na 0-40 veio sem qualquer discussão. Eu consegui retirar, porque a concessionária da 0-40, que toma conta do espaço, realizou a obra. Se está na minha obrigação, mas já foi feita, não cabe mais. Eles até  pediram para eu trocar a passarela que já estava pronta. Agora existe uma discussão para fazer a acessibilidade", isse o CEO do Atlético.

Questionado pelo presidente da CPI, vereador Wesley Moreira (PP), Bruno Muzzi afirmou que, se não atendesse às exigências da prefeitura, na gestão de Kalil, não teria condições de construir a Arena MRV. “Com certeza não. Fiquei todo esse período discutindo todos os pontos, o que era defensável e o que não era. Diversas discussões e pontos de vista divergentes”, contou.

A estimativa, segundo o CEO, é de que as obras do estádio custarão, ao todo, cerca de R$750 milhões. Somado às contrapartidas, o valor ultrapassa a casa do bilhão de reais.

Antes do encerramento da reunião, a vereadora Fernanda Altoé (Novo), reforçou o número elevado das contrapartidas para a conclusão da nova casa do Galo. “Vamos ao foco de valores. 50% da obra foram de contrapartidas em Belo Horizonte. Nunca na história desse país isso aconteceu”, disse Fernanda.

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