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Arrecadação, eventos e marketing: gerente da Arena MRV fala do presente e do futuro do estádio

Lucas Borges
Publicado em 25/03/2022 às 06:00.Atualizado em 25/03/2022 às 10:08.

Vivendo o momento mais vitorioso de sua história, o Atlético completa 114 anos nesta sexta-feira (25). Além dos recentes títulos conquistados, um dos presentes para o torcedor alvinegro é o avanço da obra da Arena MRV. Com quase 50% da construção concluída, a futura casa do Galo entra em contagem regressiva para inauguração, que será realizada com uma série de eventos a partir do dia 25 março de 2023.

Em conversa com o Hoje em Dia, João Márcio Coelho, Gerente de Marketing da Arena MRV, deu detalhes do andamento da obra e das ações que envolvem a inauguração do estádio.

Primeiramente, como é para você ver, a cada dia, um novo “tijolinho” sendo colocado para a construção da Arena MRV?
Para todos nós que estamos trabalhando aqui, é um orgulho e uma responsabilidade muito grandes. Todos que estamos na obra, no escritório, em tudo, sabemos o quão importante o estádio é para a Massa Alvinegra, e nos dedicamos cada dia mais. Hoje fui à obra, ontem fui também. Não é uma atividade rotineira minha, mas fico arrepiado.

Fala-se de um novo estádio para o Galo há anos, assim como se falava da construção da Cidade do Galo décadas antes da inauguração. O quanto você acredita que representa para o clube esse novo estádio?
Para o clube, vai ser realmente uma nova era. As receitas que vamos gerar com a construção do estádio serão muito significativas. Mais ainda será o fato de o Galo jogar em casa, de a torcida saber que está jogando num estádio que pertence ao Atlético. Com isso, vamos conseguir muita festa, mais ativações, os patrocinadores vão se engajar melhor com torcedores. Será mesmo uma nova era para o clube.

Podemos dizer, em linhas gerais, que a Arena MRV será o principal presente para os 115 anos do clube, a serem celebrados em 2023?
Tenho certeza disso. Está sendo um ativo superimportante para o clube já, e a torcida canta vitória pela Arena MRV. Mas o fato de jogar aqui, de o Galo determinar todas as condições de mando de campo, de não precisar pagar aluguei e ganhar mais dinheiro, sem dúvida alguma vai reforçar ainda mais o tamanho e a importância do clube no cenário brasileiro e mundial.

A obra ficou mais cara. Quais as razões disso? Para compensar, foram vendidos mais camarotes e cadeiras. Quantos foram? Qual a arrecadação?
A gente realmente precisa arrecadar muito. E todos esses produtos são fundamentais. Talvez a cadeira cativa seja nosso principal produto. O torcedor nos ajuda e, ao mesmo tempo, poderá aproveitar o beneficio por 15 anos, algo supersignificativo. Vendemos todos os camarotes disponíveis, e aí modificamos o projeto para colocar mais camarotes, atender a demanda que existe e naturalmente obter mais recursos, sendo tudo revertido à construção do estádio. Temos o Mural Alvinegro, que democratiza o processo do torcedor em ajudar na construção da Arena MRV. Vamos inventando um monte de coisa, trazendo o máximo de recursos possíveis para a construção da Arena MRV.

Você consegue dizer quanto foi arrecadado com as iniciativas?
De ativos comerciais, superamos R$ 200 milhões. Era uma meta nossa, ficamos muito felizes por tê-la batido com menos de dois anos de construção, faltando mais um ano para ficar pronto. Mas precisamos mais.

Como esperam potencializar receitas além dos jogos? Como que pretendem posicionar a Arena MRV para receber shows?
A gente vai ser uma arena multiuso. Além de jogos de futebol, temos intenção de realizar todos os tipos de evento. Naturalmente que o que chama mais atenção do grande público são os grandes shows que vão acontecer dentro da arena. Mas também vamos fazer eventos de menor porte, corporativos, festa de aniversário... Tudo que for possível, vamos fazer. O BH Festival terá cinco eventos, a capacidade de público vai aumentando (a cada dia), até para a gente se acostumar com a operação. Uma abertura gradual. O primeiro evento será para 10 mil pessoas; depois, 20 mil; 30 mil; e casa cheia nos dois últimos. O show grandão, com a galera no gramado, é o mais tradicional, mas teremos outros modelos, demanda para tudo.

Além do BH Festival, haverá eventos antes da inauguração?
O BH festival terá cinco eventos e está muito bacana. O primeiro evento é a instalação da trave e a marcação do gramado. O torcedor que estiver aqui vai testemunhar o nascimento do gramado. Para quem é atleticano, quem gosta de futebol, será um momento único. Neste mesmo evento, vai ter show de orquestra, ainda a ser anunciado, mas com toque mais popular. O segundo evento é a inauguração da iluminação. Vai ser muito moderna. Não existe no Brasil; não serão lâmpadas de refletor que demoram a esquentar, serão lâmpadas de LED. Além de ser naturalmente mais sustentável, vamos poder trabalhar mais pontualmente. Neste mesmo evento, terá show de DJ e projeção mapeada. O terceiro evento será um jogo de lendas do Galo, comemorativo, com show ainda a ser anunciado. O quarto será um amistoso internacional, com um clube de fora que vai enfrentar o Atlético, muito provavelmente da América do Sul, considerando todas as dificuldades que se tem de calendário dos clubes e a diferença do calendário europeu para o brasileiro. Estamos trabalhando para ser uma equipe de grande porte. E teremos show do Nando Reis em homenagem à Cássia Eller, uma grande atleticana. E o quinto evento terá shows com Jota Quest, César Menotti & Fabiano, Ivete Sangalo e uma atração internacional que ainda vamos anunciar.

Você tem alguma preferência do adversário da estreia? Preferência por um gigante argentino, uruguaio? No centenário, em 2008, foi o Peñarol.
A gente olha primeiro um clube argentino. Ideal seria o Boca, mas recentemente teve um “arranca-rabo” danado (referindo-se ao confronto das oitavas de final, em que membros do Boca depredarem parte do Mineirão). Está muito recente ainda. Vamos ficar de olho em outras equipes.

Passa pela diretoria colocar um clássico contra o Cruzeiro como primeiro jogo na Arena?
Não, hipótese alguma. É jogo festivo, em que vamos inaugurar a MRV, não tem motivo para acirrar rivalidade neste momento. Vamos trazer uma equipe de fora até para dar mais grandiosidade à Arena MRV e ao Atlético. Vai ser um amistoso internacional, algo mais interessante ao público.

Além do futebol masculino, a Arena MRV também vai abrigar partidas do feminino e do futebol americano?
Essa é uma decisão que vai partir do clube. Aqui na Arena MRV, estamos trabalhando para ser uma arena multiuso, pronta para todas as modalidades. Isso dependerá da decisão da diretoria, do departamento de futebol, de onde mandará os jogos. Para o futebol americano, teria uma diferença de marcação. Se o departamento de futebol identificar que isso será um dificultador, será uma decisão deles.

Existe todo um lado social que permeia a construção da Arena. Nos fale sobre isso, os projetos, instituições etc.

Faz parte do projeto da Arena MRV esse lado social. Por isso, foi criado o Instituto Galo. Todas as ações que tiverem esse cunho no clube serão tocadas pelo Instituto Galo. Então, a gente participa com eles, mas passou a ser uma ingerência do Instituto Galo. O que a gente puder apoiar, eles contam com a gente.

Vocês tiveram referências de outros clubes do Brasil ou do exterior para servir de espelho ou modelo para a construção da Arena?
A gente tem um grande benefício de estar construindo dez anos depois de uma Copa do Mundo no Brasil. Nossos arquitetos visitaram todas as arenas da Copa e olharam o que era bom e o que não era bom. Tentaram trazer para cá tudo o que funcionava e tentaram melhorar tudo o que, nas arenas da Copa, não funcionava. Então, temos aqui uma “sorte”. Estamos aproveitando esse “timing” para trazer o melhor formato possível. Além das arenas do Brasil, foram visitadas diversas arenas da Europa e dos Estados Unidos. O espaço está muito inteligente, muito bem planejado.

Teve alguma mudança no projeto do ponto de vista estrutural ou de marketing?

O projeto é vivo. À medida que o projeto é apresentado para a Prefeitura, a gente segue. Mas, no que é possível fazer ajustes para haver evolução, tanto do ponto de vista da experiência do torcedor quanto também comercial, a gente ajusta. Um exemplo é a questão dos camarotes. Como tivemos uma demanda muito grande e esgotamos os 80 camarotes, conseguimos modificar o projeto e criar nossos camarotes para atender essa demanda existente.

O que o atleticano pode fazer para auxiliar o clube do ponto de vista orçamentário?

O torcedor pode ajudar de muitas formas. A primeira não custa nada, que é seguir a gente nas redes sociais. Temos canais oficiais no YouTube, no Intagram, no Facebook e, agora, também no TikTok. E a gente produz os materiais com muito carinho. O conteúdo feito ali é, realmente, para o torcedor. Então, isso não custa nada. O torcedor pode seguir e acompanhar a evolução da obra. Temos o Centro de Experiências, que é um espaço em que a gente vende ingressos, para uma experiência imersiva. O torcedor conseguirá ver, de verdade, como será a Arena MRV quando ela estiver pronta. Além disso, tem o deque, de onde o torcedor consegue acompanhar a construção da sua casa. E é muito barato. Aqui, no Centro de Experiências, temos uma loja com produtos oficiais, que tem desde copo, que custa R$ 14, até um tênis, que custa mais caro. Mas são produtos pensados com muito carinho, para que o torcedor possa, a cada momento do seu dia, se lembrar da Arena MRV. Temos o Mural Alvinegro, que é uma parede na esplanada em que o torcedor compra um azulejo e coloca o seu nome. Ou seja, ele estará eternizado na parede da casa do Galo. E quem compra esse produto pode comprar uma réplica. Esse azulejo vai para a casa dele também. Temos as cadeiras cativas ainda à venda. Os setores 1 e 2 se esgotaram. Foi uma venda muito expressiva, principalmente no final do ano, com o Galo conquistando todos os títulos e a galera ensandecida. E a gente ainda tem os setores leste, com cadeiras fixas e numeradas disponíveis.

Temos cerca de 300 disponíveis de 780. E lançamos um novo setor, que é o setor superior livre, que fica do oeste, acima do banco de reservas e em que o torcedor assenta onde estiver disponível. Essas cadeiras são fundamentais para nos ajudar na construção da Arena MRV. E o torcedor terá a tranquilidade de ter 15 anos de acesso à Arena MRV em jogos oficiais e a preferência para comprar para eventos. Se Deus quiser, vamos ter um monte de shows aqui dentro, e aquele show que vai esgotar rápido, o cara que tem a cadeira cativa está tranquilo que terá a confirmação, sem precisar ficar na fila. O Galo está estruturado, formando uma grande equipe. A tendência é disputar todos os títulos e, assim, o ingresso vai ser escasso mesmo. E, por fim, os camarotes que estão disponíveis para o torcedor comprar

Como é o trabalho do marketing para dar essa amplitude?
A primeira coisa é a profissionalização do marketing. Nesse caso, posso falar tanto pelo clube quanto pela Arena MRV. Os profissionais que trabalham o Atlético tanto no marketing quanto na comunicação são experientes, de alto gabarito. Aqui na Arena MRV, formamos um time de pessoas especializadas, que já trabalham com isso há muito tempo e que têm total capacidade de desenvolver o melhor conteúdo possível. E as pessoas que formam esse time são, realmente, torcedoras do Atlético. É gente de arquibancada, que vive o Galo na pele. E tudo isso facilita muito para termos um olhar especial para desenvolver aquilo que o torcedor gosta. Desenvolvemos desde produtos até conteúdos de redes sociais, desde uma simples postagem até webséries, como a gente já criou, sempre com objetivo de agradar o torcedor. Esse é nosso grande público. Queremos que o torcedor se sinta orgulhoso e possa acompanhar o que está acontecendo.

E humanizar essa experiência do torcedor...
Sabe o que é um desafio para a gente? Logo que cheguei, trouxe o Rivelle (Nunes, assessor de imprensa da Arena MRV). Trabalhamos juntos no Mineirão, e o Rivelle é um craque. Falei que precisávamos criar conteúdo personalizado. Desenvolvemos uma websérie, “Pelo Nosso Ideal”. Íamos de manhã até a casa da pessoa, acompanhávamos ela se arrumando, fazendo o trajeto dela, ficando o dia inteiro com ela. Ficamos muito felizes. Mas o torcedor adora saber o termo técnico da obra, quantas toneladas de acesso estão aqui, qual o nome da carreta… Então, ele acompanha. Às vezes, criamos um conteúdo na rede social legal para caramba e tem 3 mil curtidas. A gente solta uma foto da obra de manhã, com um bom dia para a Massa, e tem 15 mil curtidas.

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