Dizem por aí que a paixão não tem fronteiras. Tratando-se dos milhões de fanáticos torcedores do Atlético, as histórias que o Hoje em Dia encontrou comprovam que não. Horas de fuso horário e malabarismos online para assistir às partidas não impediram muitos deles de acompanhar o clube do coração fora do Brasil. Não seria diferente na hora de conquistar o principal título dos 105 anos da história do clube. As estratégias foram diversas, mas o resultado foi a explosão de alegria pela conquista do inédito caneco da Libertadores, em um jogo alucinante, com todos os ingredientes dignos que a final do torneio merece.
A jornalista Mariana Alves, 31 anos, está em Dublin, na Irlanda, para estudar inglês e trabalhar. Mesmo com diversas obrigações, ela não perde um jogo do Atlético e se desdobra para conseguir conciliar os horários. No caso da grande decisão, disputada no Brasil às 22 horas, começou por lá às 2 da madruga e terminou próximo das 5 da manhã. Mariana estaria de pé uma hora depos para trabalhar. “A maior parte dos jogos decisivos são na quarta à noite e Dublin não é um lugar muito noturno. Então não adianta tentar assistir em um PUB. Brasileiros que moram aqui costumam se reunir na casa de alguém para assitir aos jogos, mas sem a gritaria comum a BH.”, contou. Para ela, as redes sociais, como o Facebook, ajudam na hora de manter a interação, comemorar ou dar aquela alfinetada nos rivais.
Ligada na transmissão via online, ela não se aguentou e veio às lágrimas quando Gimenez bateu o derradeiro pênalti na trave direita de "São Victor do Horto", decretando a conquista alvinegra da América. “Eu fui às lágrimas. Como moro sozinha, liguei para minha família ( que mora em BH) e vibrei. Queria estar aí para gritar. Dormi por cerca de uma hora, me uniformizei com a blusa do Galo e fui trabalhar. É uma alegria realmente inexplicável, é muito amor pelo 'Galão da Massa'”, disse.
Situação semelhante vive o árbitro de futebol Guilherme Santos, 32 anos, que mora em Seattle, extremo noroeste dos EUA, próximo ao Canadá. Ele conta que estava enrolado à bandeira, vestindo a camisa do time. “Queria estar em BH abraçando meu pai e meu irmão que são atleticanos 'doentes'”, lembrou. Ele conta que se ajoelhou aos gritos de “é campeão” quando a disputa de pênaltis terminou com a vitória atleticana. Após os 2 a 0 e a persistência do resultado na prorrogação, as penalidades definiram o campeão, com o Atlético vencendo por 4 a 3. Ele também usa a internet como a principal forma de se manter informado sobre as notícias e acontecimentos do time do coração, postura comum entre os torcedores “além-mar”.
De boné, Guilherme aproveita para visitar o Mercado Central em BH, ao lado da família (Foto: Arquivo Pessoal)
Diferentemente de Mariana, Guilherme conseguiu acompanhar a grande decisão em um bar em Everett, cidade do estado de Washington, onde fica Seattle. “Foi difícil encontrar um bar que fosse transmitir o jogo, pois logo antes da partida teve jogo dos EUA e ,durante a final, do México pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Então contei com a simpatia das pessoas que ali trabalhavam para conseguir uma TV para assistir ao jogo”, relatou, afirmando que a odisséia foi para não perder um lance sequer do jogão.
Paixão semelhante também é encontrada na página do Facebook de Gustavo Guimarães, que mora em Nova Jersey, próximo a Nova York, também nos EUA. “Em qualquer lugar que eu vou eu levo o 'manto' e tiro fotos. Tenho fotos em NYC, Miami, Tampa e no estádio do Red Bulls”, disse. Ele assistiu a parte do jogo no trabalho e correu para casa ao fim do tempo normal. Após perder o primeiro tempo da prorrogação, com domínio total do Atlético, conseguiu assistir aos 15 minutos finais e a disputa de penalidades. “Quando o paraguaio acertou a trave, chorei igual menino”, disse. “O peso de 42 anos sem um título de expressão finalmente saiu das minhas costas! A ficha ainda vai demorar a cair...”, concluiu.
O resultado desta quarta-feira garantiu ao Atlético a disputa do Mundial de Clubes da Fifa em dezembro. Campeão da Copa dos Campeões, o Bayern de Munich é o grande adversário a ser batido pelos alvinegros em busca de mais um grande troféu para a coleção. É esperar para saber como, espalhados pelo mundo, os atleticanos irão acompanhar mais um capítulo dessa nova história do Atlético.