Dizem que não há como explicar a fé. Nem mesmo os torcedores do Atlético sabiam descrever o que sentiram antes, durante e depois do confronto contra o Newell’s Old Boys, quarta-feira (10), pela semifinal da Copa Libertadores. As expressões nas cadeiras do estádio Independência foram muitas. Cada uma revelava a mistura de ansiedade, tensão e esperança, além de boas doses de sofrimento.
Os gritos de “Ah, eu acredito” ecoaram nos arredores do estádio assim que o ônibus que conduzia a delegação do Galo subiu a rua Pitangui. Os jogadores e a comissão técnica entraram no clima que dominou a semana e vestiram uma camisa com os dizeres “Yes, we C.A.M.”, em referência ao “Sim, nós podemos”, da campanha presidencial do americano Barack Obama, em 2008.
A superstição também contagiou a Massa. No embalo do técnico Cuca, os torcedores esbanjaram “manias” para levar sorte ao time alvinegro. Jéssica Lustosa, de 23 anos, foi ao estádio, confiante na classificação à final. Tudo porque tinha acordado sem se recordar do duelo. “Quando isso acontece, o Galo ganha. Só lembrei do jogo no trabalho”, conta a jovem.
Ao seu lado, Izaias Oliveira, 38, usava o uniforme do clube de 1998. Nesse ano, o Atlético inovou, ao colocar duas estrelas vermelhas no símbolo, que remetiam às conquistas sul-americanas da Copa Conmebol de 1992 e 1997. “É a partida que nós esperávamos há muito tempo. Acho que vamos nos superar”, acreditava ainda antes do jogo.
Quando os times pisaram o gramado, o Independência se tornou um caldeirão. Os prometidos apitos distribuídos para o público ajudaram a colocar pressão nos argentinos. O barulho era ensurdecedor no momento em que a posse de bola ficava com os rivais.
Explosão e tensão
A arena do Horto explodiu de vez com o gol do meia Bernard, logo aos três minutos do primeiro tempo. Mais do que nunca, o sonho de alcançar a decisão se renovou. Porém, logo a “catimba” e a postura dos hermanos passaram a irritar a Massa.
Na etapa complementar, a preocupação tomou conta do estádio. Em campo, o Atlético insistia, mas a meta do goleiro Guzmán teimava em não cair. Até o contestado atacante Guilherme acertar um belo chute, de fora da área, e conseguir os 2 a 0 que levariam a decisão do segundo finalista da Copa Libertadores à disputa de pênaltis.
A recompensa, embalada, mais uma vez, pelos gritos de confiança na equipe, ainda demorou um pouco mais e só veio com os 3 a 2 e a vaga na final da Libertadores. Quarta, no Horto, uma frase resumiu a incrível classificação do Galo: “Força e União, nós acreditamos.”