Massa sofre em Marrakesh e no caldeirão do Independência

Émile Patrício, Felipe Torres e Gláucio Castro - Hoje em Dia
19/12/2013 às 08:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:54
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

MARRAKESH – Enfim, chegava a hora. Depois de 105 anos de história, o Atlético fazia sua estreia no Mundial de Clubes da Fifa. Os torcedores acordaram ansiosos, alguns mal dormiram. O show de criatividade que tomou conta do Marrocos nos últimos dias se transferiu para as cadeiras do Grande Estádio de Marrakesh. Mas poucos acreditavam no desfecho que a tarde de sonhos teria.

Logo no início da tarde, o local começou a ser invadido pelo preto e branco. Para isso, valia desde rostos pintados nas cores do clube, crista de Galo, bandeira do Brasil com o escudo atleticano, gorro com a bandeira do Marrocos e outros adereços.

Quando boa parte dos alvinegros entrou, os mexicanos do Monterrey e os egípcios do Al Ahly disputavam o quarto e quinto lugar. Assim, os brasileiros tiveram de gastar a garganta, pois concorriam também com os gritos dos anfitriões do Raja.

Apesar de muitos atleticanos elogiarem o estádio, de “padrão europeu”, uma velha e conhecida situação incomodou bastante os torcedores brasileiros que viajaram ao Marrocos.

Ao desembarcarem, muitos acabaram abordados por inúmeros cambistas. O assédio era grande. O preço dos ingressos alcançava os 200 euros (cerca de R$ 650, quase duas vezes mais que o cobrado na bilheteria.

No fim, este seria o menor dos incômodos da Massa. A derrota para o Raja colocou fim a um sonho de uma nação inteira, que agora terá de se contentar com a briga pelo terceiro lugar do Mundial de Clubes.

Horto chora a derrota

Desolados. Assim estavam os cerca de 10 mil torcedores que foram ontem ao Independência emanar boas vibrações para o Galo no Mundial. Mas, ao fim do jogo, contra o Raja Casablanca, o clima era de sofrimento profundo. Como se desfazer, em poucos minutos, de um sonho de uma vida toda?

Fato é que ninguém imaginava tamanho sofrimento. O incentivo começou bem antes do apito inicial. Às 15h, as imediações do Independência já estavam tomadas pelos torcedores. Os bares faziam as concentrações das turmas de amigos. Bandeiras marcavam território, assim como foi em todas as partidas do Galo no Brasileirão e na Libertadores. Para eles, a distância de Marrakesh não contou, foi como se o jogo estivesse acontecendo ali. Tanto que a mesma operação de trânsito e segurança foram adotadas. Havia até mesmo cambistas que vendiam o ingresso a R$ 20, sem o DVD, e não eram incomodados pela Polícia.

Festa só no começo

A torcida havia tomado as ruas do Horto horas antes do início da partida e, esperançosos, não cogitava tal desfecho. Um bancário de 31 anos que pediu para não ser identificado conseguiu um atestado médico para a semana inteira com princípio de pneumonia, mas marcou presença com os amigos.

“Não tinha como assistir em casa, sozinho, senão enlouqueceria. O atestado para não trabalhar não foi premeditado, mas aproveitei”, contou. “Meu chefe não pode saber”.

Já Renato Trindade, de 42 anos, aproveitou que o patrão foi a Marrakesh assistir de perto. “Já que meu chefe está em Marrocos eu não fui trabalhar. Estou aqui no bar em frente ao Independência desde 11 horas da manhã”, confessou o representante comercial.

No estádio, a torcida acreditava na vitória até o último segundo. Nem mesmo os gols do Raja calaram a Massa. O coro de “eu acredito” só parou quando o juiz decretou o fim do sonhado título mundial. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por