Substituído no segundo tempo do empate em 3 a 3 com o Internacional, em 26 de maio do ano passado, pelo Campeonato Brasileiro, Ronaldinho Gaúcho deixou o gramado do Engenhão mais uma vez debaixo de vaias. Era o ponto final de uma história de amor, que até hoje se desenrola na Justiça.
Uma semana depois, R10 desembarcava na Cidade do Galo cercado de desconfiança. Tratado como grande ídolo pela Massa, o craque pode coroar hoje sua passagem pelo alvinegro.
Nos pés do astro está depositada boa parte da esperança do torcedor atleticano na partida de volta contra o Olimpia, às 21h50, no Mineirão, pela final da Copa Libertadores 2013.
A identificação do craque com o clube e a torcida foi instantânea. R10 não se cansa de repetir que dar o título mais importante da história centenária do Galo seria a melhor forma de retribuir o carinho recebido em BH. “Eles me abraçaram no momento mais delicado da minha vida e carreira. Nunca vou me esquecer dos torcedores do Galo”, disse em inúmeras entrevistas.
Ronaldinho se referia ao período em que a mãe dele, dona Miguelina, enfrentou um tratamento contra o câncer. Em setembro de 2012, a Massa exibiu no Independência uma faixa em que o jogador aparecia beijando a mãe. Os dizeres “Fé em Deus” reforçavam a mensagem de apoio.
Especulações
Além dos adversários, R10 também precisou driblar o rótulo de ex-atleta em atividade. A saída conturbada do Fla, em meio a “noitadas” no Rio de Janeiro e atos de indisciplina, gerou muita especulação sobre o comprometimento e a capacidade do atleta de reeditar o futebol show, sinônimo da carreira dele.
Mas no próprio esporte existe um lema: “nunca se pode duvidar de um craque”. O Gaúcho calou a boca de muitos, encarnou a raça atleticana e deu espetáculos.
Eternizou a frase “Aqui é Galo” ao derrubar a meta do São Paulo, nas oitavas de final. Ergueu o troféu do Campeonato Mineiro, batendo o arquirrival Cruzeiro na decisão. Simulou até mesmo o lançamento de uma “bomba” nas cadeiras do Mineirão, para delírio dos alvinegros.
Caso erga hoje o cobiçado troféu, Ronaldinho Gaúcho será o primeiro brasileiro eleito o melhor do Mundo pela Fifa a vencer o torneio. Isso significa que R10 terá no currículo os títulos das competições mais importantes do planeta entre clubes: Liga dos Campeões da Europa e Copa Libertadores.
Foco de todas as atenções
Ronaldinho Gaúcho sempre foi sinônimo de show. Por onde passou, carregou a responsabilidade das exibições de gala para uma torcida atenta, fanática e exigente.
A fama de fiel representante do “futebol arte” construiu boa parte da midiática carreira do jogador. No entanto, também rendeu a ele um peso extra: as críticas tomaram grandes proporções quando a “estrela” se apagava em campo.
R10 tem provado desses dois lados na reta final da Libertadores. Maior ídolo e esperança do Atlético na conquista do título diante do Olimpia, o craque enfrentou uma semana difícil na Cidade do Galo.
Substituído pelo técnico Cuca no jogo de ida, em Assunção, foi bombardeado na derrota por 2 a 0. A cena do comandante o ignorando no momento da troca marcou o duelo.
Por isso, R10 garante que está com “sangue nos olhos”. A expectativa da Massa é que o craque, que participou de 14 dos 27 gols do Galo na Libertadores, volte a ser decisivo.
Ele balançou as redes quatro vezes e deu dez assistências para os companheiros marcarem. Além disso, brilhou em confrontos diante do Arsenal (de Sarandí), Strongest e São Paulo.
Frente ao Tijuana e Newell’s Old Boys, nas quartas e semifinais, Ronaldinho não mostrou todo o seu talento. Porém, seus lampejos de gênio ajudaram o Atlético a chegar à esperada final.
Que o diga Bernard, que recebeu passe açucarado para abrir o placar sobre os “Leprosos”, no último dia 10, no Independência. O lance passou tranquilidade à equipe, que conseguiu reverter os 2 a 0 sofridos na Argentina.