Banheiro alagado, inimigos íntimos e redenção; há dez anos, América conquistava a Série C

Lucas Borges
20/09/2019 às 17:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:51
 (Carlos Roberto/Arquivo Hoje em Dia )

(Carlos Roberto/Arquivo Hoje em Dia )

No dia em que tenta dar mais um passo na escalada rumo à elite do futebol brasileiro, o América entra em campo, nesta sexta-feira (20), às 21h30, na Ilha do Retiro, para enfrentar o Sport, pela 23ª rodada da Série B, com a lembrança de um dos momentos mais gloriosos da história do clube.

Há dez anos, precisamente no dia 19 de setembro de 2009, o Coelho vencia o Asa-AL por 1 a 0, no Horto, e conquistava o Campeonato Brasileiro da Série C.

A taça veio para recolocar o Alviverde no rol das principais equipes do futebol nacional, depois de o clube amargar a maior crise de sua história, que teve como ápice o rebaixamento para o Módulo II do Campeonato Mineiro, em 2007.

O gol que garantiu o título ao Coelho foi marcado por Bruno Mineiro, aos 40 minutos do segundo tempo, aumentando a vantagem construída no duelo de ida, quando a equipe comandada pelo técnico Givanildo Oliveira havia vencido por 2 a 1, em Arapiraca, no interior de Alagoas.

Artilheiro do América no torneio, com seis gols, Bruno revela que por pouco não ficou fora do elenco que garantiu o segundo título nacional do Coelho.

“Eu estava perto de deixar o América depois do Mineiro e tive uma nova oportunidade com o Givanildo. Lembro como se fosse hoje que o Euller tinha machucado o joelho, e eu estava treinando em separado, mas ai o Givanildo me viu trotando no campo de baixo e pediu para subir para participar do coletivo. No coletivo, fiz dois gols, foi muito marcante. O Givanildo me chamou e perguntou se eu queria continuar no América, e eu disse que sim. Isso foi numa terça, no sábado ele já me levou para o jogo. Ali foi meu recomeço no América”, relatou o atacante, que atualmente defende o Coimbra, na disputa da Primeira Divisão do Mineiro, em 2020.Carlos Roberto/Arquivo Hoje em Dia / N/A

Elenco de peso e despedida

Sob a batuta de Givanildo, o elenco americano contava com vários nomes que outrora se destacaram em outras equipes do país, e com jovens promessas, que viriam a brilhar nos gramados do Brasil e do mundo.

Entre os experientes, estavam o goleiro Flávio (campeão do Brasileiro pelo Athletico-PR, em 2001), Evanílson (ex-Cruzeiro e Borussia Dortmund), Euller e Wellington Paulo, capitão e ídolo da torcida.

Entre os jovens, o lateral-direito Danilo, hoje na Juventus, da Itália, e o volante Moisés, bicampeão brasileiro com o Palmeiras, hoje atuando na China, eram os principais nomes.

O folclórico atacante Zé Eduardo, o Zé Love, campeão da Libertadores pelo Santos, em 2011, também figurou no grupo que levantou a taça.

O triunfo sobre a equipe alagoana também marcou a despedida do velho Independência, que, após a final do torneio, ficou fechado por mais de dois anos para reformas.

O clima de êxtase que tomou conta dos 10 mil americanos que encheram o estádio, ficou marcado na memória de Bruno Mineiro, que aproveitou revelar o sentimento após a conquista.

“Fizemos um jogo muito difícil lá contra o Asa. No jogo de volta, o estádio estava lotado, nunca tinha visto o Independência daquele jeito. Ainda tive o privilégio de fazer o gol do acesso. Então, para mim, foi muito importante esse gol. Não só esse gol, mas o acesso, e ser campeão com o América, um clube do meu coração. Fui criado no América, joguei dez anos no clube. Sai em 2011, e oito anos depois voltei e pude dar um título para o clube junto com meus companheiros. Foi gratificante demais. Ver a torcida invadindo o Independência foi maravilhoso”, afirmou.

Banheiro alagado

Bruno Mineiro também revelou um caso curioso que marcou a reta final da trajetória do América no torneio. “Fomos para Arapiraca, ficamos em uma cidadezinha, e o hotel lá era recém-inaugurado, muito humilde. Lembro que fiquei no quarto com o Danilo, que há pouco estava no Real Madrid e tinha mais um que eu não estou lembrado, acho que era o Zé Eduardo (Zé Love). Quando tomava banho, o banheiro alagava porque não tinha box. Quando um tomava banho, o outro tinha que empurrar a água com o rodo, tirando a água do quarto. Era muito engraçado, nos marcou muito esse episódio. Isso em uma final de campeonato”, recordou.

Inimigos íntimos

Peças fundamentais no time comandado pelo técnico Felipe Conceição, o zagueiro Paulão e o atacante Júnior Viçosa foram titulares do Asa, na decisão contra o Coelho, em 2009. Autor de cinco gols na Série B deste ano pelo Coelho, Viçosa relembra o duelo que valeu o título da competição e faz questão de lembrar a qualidade do plantel alviverde, na ocasião.

“Já faz um bom tempo, dez anos se passaram. Na época também foi uma final muito importante para o Asa, que era uma equipe que estava crescendo. Tínhamos o projeto de conseguir subir para a Série B e conseguimos chegar à final contra o América. Foram dois jogos muito difíceis, o América tinha uma equipe muito forte, com jogadores como o Bruno Mineiro, Euller e o goleiro Flávio, que também é de Alagoas.

Após a conquista, o Alviverde manteve o embalo e conseguiu o acesso à elite do futebol brasileiro, ao terminar a Série B na quarta colocação, em 2010, sacramentando a redenção do clube, que teve como um de seus capítulos mais marcantes a conquista da Série C, em 2009.Carlos Roberto/Arquivo Hoje em Dia / N/A

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