Banida do esporte em 2007, Rebeca Gusmão supera depressão e se arrisca como modelo

Pedro Artur e Henrique André - Hoje em Dia
27/04/2015 às 08:08.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:47
 (Reprodução)

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Trocar as piscinas pela passarela jamais havia passado pela cabeça da ex-nadadora Rebeca Gusmão, hoje com a agenda lotada de ensaios fotográficos e desfiles.

Após um período conturbado na vida, marcado pela exclusão do esporte, em 2007, após ser julgada por doping pela Corte de Arbitragem do Esporte (CAS), e de atravessar profunda depressão, ela viu o casamento de seis anos ruir e até pensou em se matar, mas reagiu.

Após os seguidos dramas, Rebeca começou a se cuidar e perdeu 35 quilos (105 para 70). Hoje, ela se vê no peso ideal. “Eu não quis ficar com meu corpo atual para ser modelo. Fiquei assim em função de uma depressão. Fiz musculação e acompanhamento com médicos e nutricionistas, e com o corpo que fiquei acabei recebendo convites para ser modelo”, afirma a ex-atleta, primeira nadadora a conquistar o ouro no Pan-Americano de 2007, no Rio de Janeiro, nos 50m e 100m.

Para ela, ser modelo não é prioridade. Assim, tenta conciliar a atividade com a de personal trainer. E garante estar recebendo muitos trabalhos no Brasil e exterior. “Esse segmento fitness tem crescido bastante e tudo tem dado certo pra mim. Apesar de ser uma pessoa tímida, até que consegui me sair bem”, avalia.

Oito anos atrás, a vida da modelo, de 30 anos, transformou-se num inferno. De medalhista no Pan 2007, Rebeca viu a carreira como nadadora e candidata a uma vaga na Olimpíada de 2008, em Pequim, na China, chegar ao fim ao ser banida do esporte de competição.

A ex-nadadora não se conforma com a decisão. “A decisão da justiça internacional foi muito dura pra mim, apesar de ter sido absolvida no Brasil. Foi provado que houve má fé e troca do exame de urina dentro do próprio laboratório.

Já em 2013, passando por forte depressão, chegou a ser internada com intoxicação por remédios. Recebeu alta após nove meses de tratamento. O casamento com o cantor lírico Gutemberg Amaral não resistiu à crise.

Modelo e personal, Rebeca passou também pela política

Para superar o drama da exclusão do esporte, Rebeca Gusmão tentou inicialmente o futebol. Depois praticou levantamento de peso e, agora, faz crossfit, que é um programa de treinamento de força e condicionamento físico. Ela diz que a permanência no mundo esportivo serviu de válvula de escape para amenizar a tensão.

Outra atividade empreendida por Rebeca nos últimos anos foi a política. Ela concorreu às eleições a uma cadeira de deputado distrital (Brasília) em 2010 pelo PC do B, mas fracassou e somou apenas 437votos. “Trabalhei no governo por quatro anos e aprendi muitas coisas, mas a política não está mais nos meus planos”, diz ela.

A ex-nadadora, agora atuando como modelo, diz que seus sonhos são simples. Pretende continuar a dar aulas de educação física e atuar como modelo. Quer também servir de inspiração para outras pessoas que passaram pelo mesmo drama, além de dar palestras. E sentencia: acabou o sonho de voltar a competir. “Não faz mais parte da minha vida. Quem sabe como treinadora ou preparadora física”.

Nada de potência

Apesar de reconhecer que a natação brasileira tem melhorado, Rebeca considera o país longe de se tornar uma potência, mais pela falta de apoio. “Nos Estados Unidos, por exemplo, um jogo de basquete é um evento e o dinheiro é destinado para o incentivo ao esporte. No Brasil, a corrupção fala mais alto. O dinheiro que deveria ir para o esporte acaba sendo desviado”, critica.

Por isso, as medalhas minguam principalmente nos jogos olímpicos, nos quais a concorrência é mais forte. E faz previsão pouco animadora do êxito no esporte na Rio-2016. “A gente não passa de duas ou três medalhas na natação. A pressão será enorme e garanto que 90% da delegação não vai responder a ela”, diz.
 

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