

A derrota para o Coimbra na nona rodada do Campeonato Mineiro escancarou mais problemas do Cruzeiro, que agora busca novos profissionais para o departamento de futebol, após as demissões do diretor Ocimar Bolicenho e do técnico Adilson Batista.
Criticado o Núcleo Dirigente Transitório emitiu nota oficial na tarde desta segunda-feira, véspera da suspensão oficial do Campeonato Mineiro por parte da organizadora do torneio (Federação Mineira de Futebol - FMF), por causa da pandemia do coronavírus.
Nas redes sociais o discurso de que o Conselho Gestor "sabe administrar mas não entende de futebol" foi alvo de críticas na nota oficial.
"Somos perfeitos? Obviamente que não. Nós também erramos e cometemos falhas. Mas nosso objetivo é administrar o Clube neste período da melhor maneira possível e com uma boa gestão. E é preciso lembrar que foram “os entendedores de futebol” que levaram o Cruzeiro à situação de penúria em que a instituição foi deixada", diz parte do texto emitido pelo grupo que gere o Cruzeiro.
Além da projeção dessa opinião por parte do torcedor, partiu também do técnico Adilson Batista logo após sua demissão críticas em torno do trabalho do Núcleo Dirigente Transitório.
"Rezo para que o clube tenha logo um presidente. Está precisando urgente de um presidente. Hoje, o Cruzeiro tem oito gestores e os oito querem cuidar do futebol. Alguns tinham que cuidar do marketing, fizeram uma campanha pensando em 300 mil sócios, mas hoje só tem 45 mil", disse em sua entrevista após receber do gestor de futebol Carlos Ferreira a notícia de que estava fora do cargo.
Movimentação de conselheiros
Já há nos bastidores do Cruzeiro há movimentação de uma ala de conselheiros para que seja alterado o pleito presidencial de maio próximo. A intenção é dar prosseguimento à governança de José Dalai Rocha até o fim do ano com a manutenção do Conselho Gestor. E eleições em outubro para a definição de um novo presidente para o triênio 2021, 2022, 2023. Informação do Globoesporte confirmada pelo Hoje em Dia.
Para a eleição de outubro haveria apenas uma chapa encabeçada por Sérgio Santos Rodrigues, tendo algum membro do Conselho Gestor na cabeça da chapa.
Membro do Conselho Gestor, Carlos Ferreira falou da eleição presidencial no Cruzeiro na coletiva após a derrota para o Coimbra.
"Com relação à eleição, não quero polemizar, mas eu gostaria que ela tivesse sido antecipada, mas está marcada, vamos tentar um consenso, que seria melhor para o Cruzeiro esse consenso entre os candidatos", disse.
A carta do Conselho Gestor também cita o período eleitoral em tom crítico. "Entendemos que o momento de eleições aflora ainda mais os ânimos, faz com que pessoas, que estavam nos últimos anos confortáveis em suas cadeiras, se levantem para criticar e tentar transformar um processo que é, no mínimo, difícil, em algo que já mereça ser questionado em sua essência. E com certeza algumas pessoas estão interessadas no insucesso do núcleo gestor para voltarem ao clube", diz parte do documento oficial do Núcleo.
Leia a carta do Conselho Gestor na íntegra
Caro torcedor,
Nós do conselho gestor sabemos o que é estar no seu lugar. Afinal nós somos, antes de tudo, CRUZEIRENSES! Hoje somos sete torcedores abnegados do Cruzeiro e assumimos o compromisso de cuidar do Clube no momento mais difícil da sua história. Não estamos nesta posição porque queremos, porque fomos eleitos ou porque disputamos algum cargo. O Cruzeiro está em nossas vidas há muito tempo, assim como na sua, e simplesmente atendemos a este chamado, para cuidar do Cruzeiro.
É doloroso relembrar que o conselho gestor assumiu depois da renúncia de uma administração que deixou o Cruzeiro em um cenário arrasado, sem recursos, sem credibilidade, um Clube falido moralmente e financeiramente, com uma dívida astronômica. Um Cruzeiro que, em outra época, foi conhecido pelas grandes batalhas, pelos títulos incríveis em campo, desta vez estampava as páginas policiais. Nós sabemos que doeu, e ainda dói muito em todos nós lembrar que o nosso Cruzeiro foi colocado nesta situação.
Nós, empresários, profissionais com atuação em várias áreas, nos juntamos na missão de ajudar o Cruzeiro nesta transição. Desde 23 de dezembro, quando os representantes do conselho gestor assumiram, nossas vidas foram modificadas. O tempo, que era dividido com a família e para tratar dos negócios e assuntos particulares, passou a ser quase que exclusivamente do Cruzeiro. Tudo era muito urgente, o Cruzeiro precisava respirar e os problemas mais emergenciais precisavam ser resolvidos para que a instituição voltasse a funcionar. Encontramos um Cruzeiro que estava prestes a fechar as portas, funcionários com salários atrasados e que não tinham sequer como pegar seu transporte para ir trabalhar.
Somos perfeitos? Obviamente que não. Nós também erramos e cometemos falhas. Mas nosso objetivo é administrar o Clube neste período da melhor maneira possível e com uma boa gestão. E é preciso lembrar que foram “os entendedores de futebol” que levaram o Cruzeiro à situação de penúria em que a instituição foi deixada.
O Cruzeiro ainda percorrerá um longo caminho de reconstrução. O que foi destruído não se ergue em menos de três meses, que é o tempo que este conselho gestor está à frente do Clube.
Entendemos que o momento de eleições aflora ainda mais os ânimos, faz com que pessoas, que estavam nos últimos anos confortáveis em suas cadeiras, se levantem para criticar e tentar transformar um processo que é, no mínimo, difícil, em algo que já mereça ser questionado em sua essência. E com certeza algumas pessoas estão interessadas no insucesso do núcleo gestor para voltarem ao Clube.
Nós do conselho gestor temos compromisso, único e exclusivo, com o bem do Cruzeiro. Assumimos esta guerra por amor às cinco estrelas, unindo todos os esforços para que o Gigante consiga sair desta situação difícil. Nós decidimos tudo em um clima de muita harmonia e divisão de funções, de acordo com as respectivas áreas.
Com alegria, conseguimos muitos avanços neste pouco tempo. Hoje o Cruzeiro paga os salários da folha administrativa e dos atletas em dia, segue com as negociações com seus credores, tenta buscar alternativas para encontrar recursos financeiros, mostra transparência nas suas ações e está conseguindo resgatar um ativo que não tem preço, que é a credibilidade. Com essa credibilidade o Cruzeiro tem tentado negociar as dívidas dos processos na FIFA, com o Profut, e atuado em várias outras questões importantes que também determinarão o futuro da instituição.
Vamos aproveitar a interrupção nos campeonatos para fazer ajustes no departamento de futebol e em outras áreas que precisam ser revistas. Todos sabem que infelizmente temos limitações financeiras, e não queremos cometer nenhuma loucura.
Podemos não acertar em todas as nossas decisões. Mas pode ter certeza, torcedor, que não erraremos por omissão. Defendemos hoje o Cruzeiro com todas as nossas forças e representamos você, nessa luta, que não é travada apenas dentro de campo. Ela está em várias áreas, e você também é um defensor, um guerreiro que tem o Cruzeiro na alma, que carrega as cinco estrelas com orgulho, nas boas e nas más horas, e que, independentemente de tudo, tem amor pelo Cruzeiro. E seguimos, ainda mais determinados nessa luta, porque afinal, nunca fomos tão cruzeirenses!
Emílio Brandi
Saulo Fróes
Gustavo Gatti
Carlos Ferreira
Jarbas Reis
Alexandre Faria
Anísio Ciscotto