Brasil tem dia de três ouros e seis medalhas em Londres

Valéria Zukeran
04/09/2012 às 19:45.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:01

Medalhas, surpresas e polêmica agitaram o dia do Brasil na Paralimpíada de Londres, nesta terça-feira (4). O País conseguiu mais três medalhas de ouro, com a dupla Dirceu José Pinto e Eliseu dos Santos na bocha, Daniel Dias na natação, e Felipe Gomes no atletismo. André Brasil, na natação e Daniel Silva, no atletismo foram prata enquanto Jonathan Santos, também do atletismo, garantiu mais um bronze para o País.

O ouro com maior dose de surpresa e polêmica aconteceu nos 200 metros categoria T11. Lucas Prado com o guia Justino dos Santos era favoritíssimo ao ouro na disputa contra os brasileiros Felipe Gomes, que correu com Leonardo Lopes, e Daniel Silva, que teve Heitor Sales como parceiro. A bateria foi completada com o angolano José Armando com Nicolau Palanca.

Na pista, porém, a história foi outra. Felipe ficou em primeiro e Daniel em segundo, seguido do angolano. Lucas ficou sem medalha - na saída da curva, esbarrou no guia e teve a corrida prejudicada.

O campeão dedicou a medalha ao filho Daniel, de quatro anos, mas não perdoou o rival. "Eu saí do Brasil com uma coisa na cabeça: o Lucas, que é da minha equipe, falou em uma reunião que ia conquistar três medalhas de ouro. Eu não entendi o que ele quis dizer mas eu fui medalha de ouro", ironizou Gomes. Segundo ele, o colega faltou com respeito aos colegas de prova várias vezes falando coisas como que "iria botar para quebrar" nas provas. "Hoje (terça) ele foi agraciado com o quarto lugar."

Gomes classificou como "um desprazer" os momentos que tem de dividir com o colega na seleção. Já Daniel ficou contente com sua prata e com sua participação no ouro do amigo, pois emprestou o guia de Felipe - o do atleta, Jorge Luiz de Souza, o Chocolate, se contundiu.

Daniel Dias não só conquistou mais uma medalha como pulverizou seu próprio recorde mundial dos 100 metros peito classe SB4, com o tempo de 1min32s27. O anterior era 1min35s82. "Foi surpreendente porque é uma das minhas provas mais fracas", disse o nadador.

Faltou um pouco de sorte a André Brasil, que fez um tempo nos 100 metros costas, 1min0011, inferior ao seu recorde mundial, 1min0055. Mas foi superado pelo norte-americano Justin Zook, que ficou com o ouro e a nova melhor marca mundial, 1min00s01. "Fiquei chateado com a medalha, não com o tempo", ponderou.

O dia começou com a conquista do bicampeonato paralímpico da bocha, classe BC4. Dirceu José Pinto e Eliseu dos Santos ganharam a final contra os checos Radeck Prochazka e Leos Lacina por 5 a 3. Para Eliseu o ouro será um presente especial para o filho Nicolas. "Ele nasceu no dia da cerimônia de abertura", disse. Dirceu aproveitou a conquista para fazer um apelo às famílias de atletas com tetraplegia, para que tirem seus parentes de casa. "A bocha é especial porque quando o deficiente a pratica se reintegra à sociedade. Se anima a estudar, sair de casa, ter uma vida social", conta. O atleta relata sua experiência pessoal com uma doença degenerativa. "Achei que nunca mais sairia de casa mas em um dos primeiros fins de semana já estava viajando."

Eliseu também fez um apelo que pais procurem centros de esporte adaptado. "Porque a vida (do deficiente) vai mudar e a da família também." Ele lembra, por exemplo, que um dos melhores momentos de sua vida foi proporcionado pelo esporte. "Nunca vou me esquecer da expressão de orgulho da minha mãe quando ganhei uma medalha de bronze na minha primeira competição".

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