Brasileiros treinam forte para conquistar vaga nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014

Émile Patrício - Do Hoje em Dia
01/10/2012 às 06:41.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:42
 (Divulgação/Arquivo)

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Você se lembra do famoso filme “Jamaica Abaixo de Zero”? Então sabe o que é o bobsled. E também deve ter ouvido falar sobre alguma equipe brasileira que teima em representar o país nos Jogos Olímpicos de Inverno, em modalidades nada populares no Brasil, praticadas na neve ou no gelo.

Os desempenhos ainda não são grandiosos, mas as provas fazem parte do sonho de atletas que almejam fazer história com o uniforme verde e amarelo. A exatos 494 dias da cerimônia de abertura da próxima edição da Olimpíada, realizada em Sóchi, na Rússia, entre 7 e 23 de fevereiro de 2014, os competidores estão no Hemisfério Norte, à beira da temporada decisiva para garantir as vagas olímpicas.

Os brasileiros, muito longe de casa, buscam espaço em um terreno onde têm pouca tradição. É o caso da patinadora artística Isadora Williams, de 16 anos. Ela nasceu nos Estados Unidos, filha de mãe belo-horizontina e pai norte-americano. Sempre morou com a família nos EUA. Apesar disso, em todas as competições internacionais, veste o uniforme da terra materna.

O sonho da jovem atleta é conseguir se classificar para os Jogos de Sóchi e disputar, pela primeira vez, as Olimpíadas. A classificação pode sair no Mundial, em março do ano que vem, no Canadá. Os 24 primeiros colocados carimbam o passaporte. Caso não consiga, há uma chance de repescagem, na Alemanha, onde mais seis vagas estarão em jogo.

“Eu tenho a responsabilidade de representar bem o Brasil. Quero que os brasileiros sintam orgulho de mim. Apesar da distância, estou conectada com o Brasil, e isso é muito forte. Quero inspirar meninas que vivem dentro e fora do país a lutar por seus sonhos e a praticar esse esporte tão bonito”, ressalta Isadora, que ainda está aprendendo português.
 
Uma belo-horizontina também está na lista dos atletas tupiniquins que querem fazer história nos esportes gelados, assim como aconteceu com os jamaicanos da comédia americana. Jaqueline Mourão, que trocou a bicicleta pelo esqui, é a única brasileira a competir nas Olimpíadas de Verão (no mountain bike) e de Inverno (biatlo, composto por esqui cross country e tiro esportivo). Agora busca novamente estar nos Jogos.
 
Em 2004, a atleta foi para o Canadá disputar uma competição de mountain bike e conheceu o esquiador Guido Visser. Além de se casar com o canadense, recebeu dele o primeiro empurrão para sair esquiando, em 2005. Desde então, mora no Canadá e treina na modalidade.
 
As confederações de neve e gelo esperam levar à Rússia até nove representantes, quase o dobro da delegação _ de cinco _ que foi à última edição, em Vancouver, no Canadá, em 2010.
 
CT nacional não sai do papel


A Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) tenta conseguir um centro de treinamento há cerca de quatro anos. O detalhe é que seria construído em território brasileiro, bem longe do gelo, e o alto investimento, até hoje, não foi levado a sério.
 
A intenção é fazer com que os atletas possam permanecer no Brasil para realizar a preparação. Segundo o coordenador técnico da entidade, Miguel Perez, todos os competidores dessas modalidades, atualmente, moram no exterior.
 
Nada de uma montanha artificial de neve dentro de uma geladeira gigante. O projeto brasileiro é menos ousado, com pistas de gelo dentro de um ginásio, por exemplo. Com isso, contemplaria, principalmente, atletas do hóquei, patinação e curling.
 
No caso do bobsled, os únicos treinamentos que podem ser realizados no Brasil são os de largada e de preparação física. O gelo continuaria longe para eles.

Para a modalidade e para o skeleton (trenó para apenas uma pessoa), haveria uma pista de fibra de 400 metros, em que os brasileiros desceriam em um trenó com rodas. Além disso, uma pista de 100m seria feita especialmente para a preparação da largada, um dos momentos mais importantes da prova.

O projeto estima um gasto total que gira em torno de R$ 8 milhões a 11 milhões, com pista e arena com arquibancada. Perez afirma que a entidade já entrou em contato com empresas como Petrobras, Correios e Banco do Brasil, além de tentar parceria com várias prefeituras, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Gramado (RS) e Campos do Jordão (SP), sem sucesso.
 
“Temos um diferencial, porque o público brasileiro também encara nosso esporte como entretenimento. Então, o centro teria função de preparação e desenvolvimento de atletas para a seleção, mas não impediria que, nos fins de semana, pudéssemos abrir para a patinação pública, gerando recursos. O investidor não sairia perdendo”, completa o coordenador. A CBDG abriga sete esportes olímpicos praticados no gelo. A Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) monitora cinco modalidades.

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