BWA estuda ampliar Independência, mas diretoria do América contesta

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
26/02/2016 às 07:35.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:35

A versão moderna do Independência precisará de uma atualização para atender às necessidades do Atlético. A BWA Arenas, administradora do estádio e parceira comercial do Galo, já deu a largada para construir mais 7.814 novos lugares no Horto, na forma de arquibancadas modulares sobre os vestiários.

Mas quem não gostou nada da novidade foi o América, proprietário do Estádio Raimundo Sampaio, repassado em concessão ao Governo de Minas Gerais até 2029. O Coelho, por meio de Alencar da Silveira Jr, um dos presidentes de seu Conselho Gestor, alega não ter sido sequer consultado sobre os planos da BWA.

“O Independência é propriedade do América. Qualquer ampliação, seja definitiva ou provisória, tem que ter a aprovação do América. Quando quiserem fazer alguma coisa no Independência, devem chamar o América para conversar”, afirmou, ao Hoje em Dia.

Já o presidente da BWA, Bruno Balsimelli, avalia que a instalação de uma arquibancada provisória seria comparável, por exemplo, à colocação de um palco no gramado para a realização de um show musical – operação já feita outras vezes no estádio.

A ampliação temporária é classificada pela empresa como uma obrigação para atender à demanda de um cliente. No caso, o Atlético.

“Você monta e desmonta quando quiser. Eu posso deixar um ano, dois, sete, dez anos... O equipamento será da Arena Independência e do Atlético. Se nós sairmos daqui um dia, a gente leva e monta no CT do Atlético”, exemplificou Balsimelli, antes do jogo contra o Del Valle, nessa terça (24), pela Copa Libertadores.

A BWA idealiza um prazo de 120 dias para que a “ferradura” do Horto seja fechada. A previsão, inclusive, é que a entrega coincida com a semifinal da competição continental.

Após a construção das arquibancadas provisórias, o estádio passaria a comportar 30 mil torcedores. Portanto, estaria liberado para uma semifinal de Libertadores, de acordo com as exigências do novo regulamento do torneio. Antes, a regra exigia capacidade mínima de 20 mil espectadores nas semifinais. Tanto que, em 2013, o clube usou o Horto para o duelo contra o Newell’s Old Boys.

Balsimelli se diz confiante até em ter o Independência numa eventual final, mesmo que a Conmebol libere apenas estádios com capacidade de 40 mil lugares para a decisão. “Eles querem é segurança”.

Para o projeto sair do papel, mesmo contra a vontade do América, ainda haverá reuniões com órgãos de segurança, uma vez que ampliação exige um novo laudo de liberação.

Arquibancadas modulares foram usadas na Copa do Mundo

Na final do Campeonato Mineiro de 2015, a Caldense lutou para receber a finalíssima no Ronaldão. Mas a instalação de arquibancadas modulares foi vetada pelo Corpo de Bombeiros, e o jogo passou para o estádio Melão, em Varginha.

Por outro lado, a estratégia foi um sucesso na Copa do Mundo. Sem o “improviso”, a Arena Corinthians não poderia ter recebido a abertura do Mundial entre Brasil e Croácia.

O Itaquerão já não possui a arquibancada móvel, que aumentou a capacidade do estádio de 48 mil para 65 mil cadeiras. A instalação do espaço provisório, inclusive, ficou marcada com a morte de um operário durante as obras. O custo foi de R$ 38 milhões.

Na Bahia, a Arena Fonte Nova também recebeu vagas provisórias, acrescentando mais 5 mil lugares à capacidade original.

Dívida

A bronca do América com a BWA vai além da questão da ampliação do Independência: segundo Alencar da Silveira Jr., a gestora atrasou alguns pagamentos ao clube. “De repente, ele (o presidente) está tentando arrumar uma forma de devolver o equipamento ao Estado, e isso pode ser prejudicial ao futebol mineiro”.

A reportagem apurou que a dívida estaria na casa dos R$ 250 mil.

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