Cadeirante, Maxwell Vilela supera limitações e faz voos de parapente em Valadares

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
14/03/2015 às 09:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:20
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

A bala que tirou o movimento das pernas de Maxwell Vilela, 29 anos, não o impede de voar. E nem de saltar para a vida e fazer planos, que vem sendo projetado à bordo de um parapente durante os voos no céu de Governador Valadares, Leste do Estado, onde mora. “A sensação de liberdade é tão grande que esqueço minhas limitações. Quais são mesmo?”, brinca o cadeirante. Ele tem aprendido a superar os obstáculos com o voo livre e quer ensinar outras pessoas a fazer o mesmo.   Do acidente, resultante de uma briga de bar, há sete anos, Max prefere nem lembrar. As dificuldades enfrentadas nos primeiros anos também ficaram no passado. Afinal, foram oito meses na cama e muitos outros tentando vencer o medo e os desafios impostos a um cadeirante. “Foi muito difícil, mas contei com a ajuda da família e amigos”, diz.   O primeiro voo aconteceu em 2012, quando aceitou o convite de um piloto suíço, em Valadares, para ser seu passageiro. Depois desse voo duplo a vida de Max não foi mais a mesma e não demorou muito para que decidisse aprender a voar sozinho.    “Me chamaram de doido. Poucos acreditavam que daria certo”, conta Max. O experiente piloto americano Bill Lock, que se mudou para Valadares há nove anos, apaixonado pelas térmicas locais, acreditou. Ao lado de Bill, outros pilotos aderiram a missão de ajudar o cadeirante a voar. Como Max não podia correr para inflar o parapente, instalaram rodinhas no selet – bolsa que transporta o piloto sentado –, que foi adaptado.    As rampas de decolagem foram substituídas por pequenos morros, em terra firma. A engenhoca era puxada por uma motocicleta. Hoje, no Pico da Ibituruna, onde as decolagens são feitas a 1.123 metros de altitude, ele precisa de ajuda para inflar o parapente e ser empurrado montanha abaixo.   “No céu, todos somos iguais”, avisa Max. Mas chegar neste estágio não é fácil, admite. “Max tem muita força de vontade e determinação. Hoje não precisa de pernas, porque tem asas para voar”, avisa Lock.    Todos os equipamentos do cadeirante são personalizados e foram doados pelos pilotos que também costumam carregar o amigo como “passageiro” nas competições que permitem voos duplos. Outras vezes só para relaxar.    Atração no Ibituruna   “Me chamam de louco, mas sou louco pela vida”, avisa Max que vira atração quando sobe ao Pico da Ibituruna para decolar. Não falta quem o cumprimente ou brinque com alguma situação, tipo “levanta daí” ou “vai correr não? Bem-humorado ele responde. “Estou com preguiça” ou “esperando as mais fortes (térmicas)”.

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