Camisa branca: Cruzeiro lança nesta quinta-feira peça do uniforme carregada de contexto histórico

Alexandre Simões
@oalexsimoes
05/05/2021 às 22:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:51
 (Arquivo/Hoje em Dia)

(Arquivo/Hoje em Dia)

 “Não existe segunda camisa, não existe camisa 2. Existe a camisa branca”. A campanha do Cruzeiro é mais que marketing. É história. Sim, poucos clubes têm uma relação tão forte com o segundo uniforme como a Raposa.

Nesta quinta-feira (6), a camisa branca será lançada e o clube trabalha nas redes para que seja criada uma expectativa na torcida, embora imagens da peça tenham vazado no mês passado, mostrando que ela tem o dourado nas estrelas, números e patrocinadores, no lugar do azul.Arquivo/Hoje em DiaEm 1966, Cruzeiro venceu a Taça Brasil, sobre o Santos, no Pacaembu, usando a camisa branca

Em postagem na última terça-feira (4), o clube destacou fotos do jogo de volta da Taça Brasil de 1966 com o texto: “Em 1966, nem o gramado pesado do Pacaembu nem o Santos de Pelé puderam com nossa camisa branca. Com talento e determinação, nossos ídolos saíram de campo com as camisas sujas de lama, mas com a Taça Brasil nas mãos!”.

Começava em 7/12/1966 a mística da camisa branca no Cruzeiro com a conquista da primeira grande taça da história do clube.

História

No Almanaque do Cruzeiro, Henrique Ribeiro conta como surgiu a camisa branca, num jogo contra o Sete de Setembro, em 20/4/1950, no Barro Preto.

“No amistoso contra o Sete, o Cruzeiro fez a estreia do uniforme número dois, com camisa, calção e meias brancas, para ser utilizado em jogos noturnos, por causa dos precários sistemas de iluminação dos estádios da capital. O que a nação cruzeirense desconhece é que, oficialmente, o uniforme número dois deveria ter o calção azul, mas a empresa que confeccionou entregou apenas as camisas e as meias, e então o calção branco do uniforme principal foi improvisado”, revela o autor.

“Os grandes jogos com a camisa branca foram criando uma identificação grande por parte do clube e da torcida. Traz boas recordações. E este recurso passou a ser usado”, afirma o jornalista Eugênio Moreira, conhecedor da história celeste.

Realmente a camisa branca esteve presente em grandes momentos da trajetória cruzeirense após o título da Taça Brasil. O time usou este uniforme nos 4 a 0 sobre o Atlético em 1984, quando praticamente foi encerrada a hegemonia do rival no Campeonato Mineiro, onde era hexa.Arquivo / Hoje em DiaEm 1993, o primeiro título da Copa do Brasil, conquistado sobre o Grêmio, foi com a camisa branca

Em 1987, a vaga nas semifinais, diante do mesmo Santos, no mesmo Pacaembu, com um gol de Careca nos acréscimos, foi de camisa branca, assim como o primeiro título da Copa do Brasil diante do Grêmio, em 1993, no Mineirão.

No Brasileirão de 1998, a caminhada até a final, contra Palmeiras (quartas) e Portuguesa (semifinal) teve a superstição da camisa branca como aliada.

Outro lado

Nem sempre a camisa branca deu a sorte esperada. Em 1974, no jogo desempate pelo título brasileiro com o Vasco, no Maracanã, o Cruzeiro usou o segundo uniforme e perdeu por 2 a 1. Na volta da decisão da Copa do Brasil de 2014, jogou de branco diante do Atlético, no Mineirão, depois de perder a ida, no Independência, por 2 a 0, e foi novamente derrotado, por 1 a 0.

O novo objeto criará discussão, pois tem estrelas, números, patrocinadores, em dourado. Algo que não incomoda um especialista no assunto, como Paulo Martins, colecionador de camisas do Cruzeiro e que tem peças de causar inveja aos amantes do manto celeste.

“Isso é uma polêmica. Na minha opinião, no centenário, eles estão tratando que não é camisa 2 porque não tem azul. Colocaram as estrelas douradas. Um grupo vai dizer que desfiguraram a camisa 2, mas é o centenário. Na minha visão, é uniforme dois sim, mas do centenário e a data merece uma camisa marcante”.

Vendo seu clube viver a maior crise da sua história, tudo que o cruzeirense espera é que a segunda camisa, ou a número dois de 2021, seja realmente a branca e dê sorte ao time numa temporada em que voltar à Série A significa a sobrevivência.

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