
No ano em que o Cruzeiro comemora 50 anos da importante conquista da Taça Brasil de 1966, o ex-volante Zé Carlos, um dos personagens do épico título - que contou com uma goleada histórica da Raposa por 6 a 2 sobre o Santos de Pelé - passa por momentos difíceis. Após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o ex-meio campista, também campeão da Copa Libertadores de 1976, tem dificuldades para se comunicar, se locomove com ajuda de cadeira de rodas ou andador, e abandonou suas atividades nos bastidores do futebol.
Com 71 anos e morando no bairro Eldorado, na cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Zé Carlos tem hoje uma rotina muito diferente da que estava acostumado nos últimos anos. Segundo jogador com mais partidas pelo Cruzeiro (633 jogos entre 1965 e 1977) e ex-funcionário das categorias de base da Raposa, o ex-meio-campista divide o seu tempo entre o repouso e às sessões de fisioterapia.
"A isquemia cerebral que ele sofreu há aproximadamente oito meses afetou diretamente os movimentos e a fala. Ele conversa mais manso e tem dificuldades de locomoção. Futebol para o Zé Carlos hoje é pela televisão. E ele gosta bastante de assistir aos jogos, principalmente do Cruzeiro", comenta a esposa Eunice Braga Tolentino Bernando à reportagem do Hoje em Dia.
Ao contrário do que dizem nos bastidores do futebol, Zé Carlos não sofre do mal de Alzheimer. "Ele não tem Alzheimer, isso é mentira. De vez em quando ele mostra alguns lapsos de memória, mas rapidamente se recorda das coisas", afirma Eunice.
Zé Carlos foi um dos expoentes do Cruzeiro, equipe que encantava o Brasil
Rotineiramente, como tem ficado bastante em casa, Zé Carlos recebe a visita constante de amigos, ex-jogadores que ele conheceu ainda nos seus tempos de Toca da Raposa. Toninho Almeida, ex-jogador do Cruzeiro na década de 1970, e Paulo Isidoro, ex-Atlético, Grêmio, Guarani e seleção brasileira na década de 1980.
"O Zé Carlos fica em casa praticamente o tempo todo. Antes ele saía para realizar o tratamento de fisioterapia em uma na piscina, mas hoje os exercícios são em nossa própria residência. Ele fica aqui em um quartinho onde ele gosta de estar, mais quieto que o normal, mas recebe muito a visita de amigos. O Paulo Isidoro vem toda semana", conta Eunice.
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E quando há visitas, Zé Carlos não esconde a emoção de rever os amigos. Principalmente Toninho Almeida, a quem Zé Carlos, em meados dos anos 1970, auxiliou em uma renovação contratual com a equipe celeste.
"Eu faço o possível para visitá-lo constantemente. Estive com o Zé Carlos na última semana, tomamos um café juntos. Ele se emociona quando recebe a visita de amigos, a gente percebe pelo olhar dele. Sempre tem aquela lágrima escorrendo dos olhos", comenta Toninho Almeida.
Outro amigo que ajuda o ex-volante é Wilson da Silva Piazza, capitão celeste nas conquistas da Taça Brasil de 1966 e na Libertadores de 1976. Por meio da Associação de Garantia ao Atleta Profissional (AGAP-MG), a qual é presidente, Piazza, auxilia o custeio do plano de saúde de Zé Carlos, o que permite ao ex-atleta a realizar suas sessões diárias de fisioterapia.

Zé Carlos (esquerda) à serviço da seleção brasileira na Copa América de 1975, contra o Peru