Teo Laborne

Campeão de natação fala do recorde mundial e do trabalho de conscientização sobre afogamentos

Angel Drumond
angel.lima@hojemedia.com.br
Publicado em 07/08/2023 às 10:18.
"Comecei a nadar aos 7 anos, por 'livre e espontânea pressão' da minha mãe. Eu não gostava, ia sempre obrigado", lembra Laborne (Arquivo pessoal)

"Comecei a nadar aos 7 anos, por 'livre e espontânea pressão' da minha mãe. Eu não gostava, ia sempre obrigado", lembra Laborne (Arquivo pessoal)

Belo Horizonte é um local onde nascem estrelas da cultura, da política, da saúde e também do esporte, e quando se junta tudo isso em uma mesma pessoa é aí que temos um orgulho imenso da nossa cidade natal. E uma destas pessoas é o Teófilo Laborne Ferreira, conhecido como Teo Laborne, recordista mundial de natação, é nascido na capital mineira e mora em BH. 

Casado e pai de dois adolescentes, Laborne, hoje com 50 anos, foi atleta campeão pan-americano em Cuba (1991), finalista olímpico em Barcelona (1992), campeão e recordista mundial na Espanha (1993) e bronze no Mundial de Roma (1994). Teo também é administrador de empresas, foi superintendente de Esportes do Estado de Minas Gerais e gerente de Natação do Minas Tênis Clube entre 2009 e 2021, onde foi eleito o melhor dirigente de natação do Brasil (2018). 

No mês passado, ele celebrou os 30 anos do primeiro recorde mundial da natação brasileira por equipes. No dia 7 de julho, em 1993, que Teo, Gustavo Borges, Fernando Scherer (Xuxa) e José Carlos Souza Júnior quebraram o recorde mundial de piscina curta no revezamento 4x100, na piscina do Clube Internacional de Regatas, em Santos (SP).

Recentemente ele escreveu o livro ‘’Tudo ou Nada - e o que você tem a ver com isso?” (editora Clube de Autores, 207 páginas), em que narra os principais desafios da própria trajetória. Além disso, o campeão de natação também utiliza nos treinamentos a experiência como músico para compartilhar vivências e principalmente o trabalho do instituto Teo Laborne que, entre outros assuntos, busca conscientizar a população para chamar atenção de estatísticas preocupantes com relação a afogamentos no país. Teo bateu um papo com o Hoje em Dia e contou um pouco sobre sua história e seu atual momento.

Como você iniciou na natação e quando entendeu que poderia se tornar um atleta de alta performance?
Comecei a nadar aos 7 anos, por “livre e espontânea pressão” da minha mãe - eu não gostava, ia sempre obrigado. Só entendi que poderia ser um atleta de alta performance quando conquistei o meu primeiro campeonato estadual, depois de ter passado por um problema sério na perna. A minha recuperação me fez tomar gosto pela natação e pelos treinamentos. Dali em diante, a coisa foi funcionando. 

Este ano tem sido importante para a sua carreira, pois, em 7 de julho, você comemorou 30 anos do primeiro recorde mundial da natação brasileira por equipes e inaugurou o Instituto Teo Laborne. Como tem sido vivenciar tantos momentos importantes? 
Este ano tem sido maravilhoso, pois tive a oportunidade de encontrar com os meus companheiros de recorde mundial, Gustavo Borges e Xuxa, para comemorar os 30 anos no recorde mundial em Santos. A celebração aconteceu no Clube Internacional de Regatas, local onde conquistamos o feito em 1993. No mesmo dia fizemos o lançamento do Instituto Teo Laborne, um projeto que é uma das missões da minha vida. Fazer um trabalho por meio do esporte, da educação e da cultura tem sido maravilhoso. Eu sinto que a minha vida está começando agora. 

Você tem contato frequente com os outros três atletas da conquista do recorde? Como é a relação entre vocês?
Nós temos a melhor relação possível. O contato com eles é frequente, nós somos padrinhos de casamento um dos outros, ou seja, o sentimento que temos é muito grande. Depois de conseguirmos alcançar feitos tão especiais, toda vez que nós nos encontramos temos momentos de muita alegria. Eu tenho a sensação de como se o tempo não tivesse passado. Eu acabo vendo mais o Gustavo Borges e o Xuxa, pois o José Carlos Junior mora fora do Brasil, mas o carinho e os laços fortes também são iguais. Uma verdadeira amizade de longa data!

Um dos focos do Instituto é a redução e conscientização de mortes por afogamento (uma das principais causas de óbito entre crianças). Quais tem sido as ações e planos para essa causa? 
No Instituto, nós desenvolvemos uma metodologia que se chama alfabetização aquática. Conseguimos aplicá-la em locais que não têm piscina, ou seja, rio, mar, lago, açude, não importa. Em qualquer lugar que tenha água, é possível replicar esses conceitos. Isso foi pensado justamente para poder levar informação a locais onde as pessoas não têm acesso à piscina. Estamos finalizando o projeto e entrando na fase de captação de recursos para poder atuar e colocar o instituto em prática. A nossa ideia é atuar no Brasil inteiro. O Dia 25 de julho é o Dia Mundial de Prevenção ao Afogamento. Eu estive neste dia no Bondinho do Pão de Açúcar com os voluntários da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa). Eles promoveram uma ação de conscientização com os visitantes e turistas para divulgar o Go Blue, um evento global que tem o objetivo de alertar a população sobre a importância da prevenção aos afogamentos. Cerca de 1.200 locais de 14 capitais brasileiras foram iluminados de azul para conscientizar a população sobre o problema. O Instituto Teo Laborne também promoveu ações em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza, com frases de conscientização em painéis digitais. 

Além de atleta de elite, você também trabalhou treinando outros nadadores no Minas Tênis Clube. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência incrível atuar por 12 anos como gerente de natação do Minas Tênis Clube. Eu aprendi muito, foi uma grande lição de vida para mim, pois trabalhei com atletas desde o pré-mirim até a categoria adulta. Fui eleito o melhor dirigente de natação em 2018 e, nos últimos jogos olímpicos de Tóquio (2020), o Brasil ganhou duas medalhas de Bronze. As duas medalhas foram de atletas que faziam parte desse trabalho. Eu tenho uma sensação de gratidão enorme e de missão cumprida também. 

Você escreveu o livro “Tudo ou nada – E o que você tem a ver com isso”. Conte um pouco sobre a obra e o que o motivou a escrever.
O livro conta a minha trajetória no esporte e depois sobre a minha experiência como gestor. Escrevi sobre as diferentes transições que tive na minha vida e carreira e, o que me motivou a escrever, foi poder compartilhar com as opções os momentos de superação que tive que enfrentar ao longo da vida. Desde a infância eu enfrentei dificuldades das mais diversas, mas acabei saindo de situações complicadas para a conquista de dois recordes mundiais. A ideia foi inspirar as pessoas que passam por momentos difíceis com as minhas histórias de autossuperação. Meu desejo é que os leitores consigam aplicar em suas próprias vidas as mensagens que estão no livro.

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