É difícil achar no mundo do futebol outra rivalidade tão intensa quanto a existente entre as seleções de Brasil e Argentina. Afinal, a disputa esportiva acirra os ânimos e ultrapassa as fronteiras das duas nações, que quase sempre foram coirmãs no âmbito político. Justamente neste sábado (20), essa rivalidade completa um século de história. Porém, para entendê-la, é preciso voltar um pouco mais no tempo: mais precisamente a 1913.   Encantado com uma apresentação do extinto Sport Club Americano em terras portenhas, o ex-presidente argentino General Julio Roca armou um duelo entre representantes dos dois países a fim de fortalecer o vínculo esportivo. Então ministro das Relações Exteriores, ele doou não apenas a taça, mas também o nome ao torneio: a Copa Roca.   Como não deixou de ocorrer em toda a história, o primeiro capítulo do embate também foi controverso. Após reuniões, ficou decidido que o dia 20 de setembro de 1914 marcaria a disputa da primeira Copa Roca. Porém, o navio que levou a Seleção Brasileira a Buenos Aires teve problemas na viagem e aportou na capital portenha justamente na data do duelo.    Ainda que contrariados, os argentinos aceitaram postergar a disputa em uma semana. Entretanto, ficou acertada a realização de um confronto em caráter amistoso na data original, para não decepcionar o público. Exaustos devido à viagem, os brasileiros não conseguiram fazer frente aos portenhos e foram superados por 3 a 0 naquela que entrou para a história como a primeira partida internacional da Seleção.   SEM ORGULHO   Se os primórdios da disputa entre as nações nasceram da admiração e do respeito mútuo, o mesmo não se pode dizer dos duelos seguintes. A cada novo encontro, a relação nos gramados, antes amistosa, ia ganhando ares de rivalidade até os moldes atuais, chegando ao limite de os brasileiros deixarem o orgulho de lado para “secarem” os vizinhos.   Foi o que ocorreu em 13 de julho deste ano. Ainda se recuperando da traumática derrota por 7 a 1 para a Alemanha, em uma das seminais da Copa do Mundo, milhares de brasileiros se dirigiram ao Maracanã na torcida para que os germânicos vencessem a Argentina na finalíssima do Mundial.    Àquela altura, a dor da ferida aberta pelos europeus não poderia ser maior que a de ver Messi e companhia erguerem o título máximo do futebol justamente em terras tupiniquins.   A atitude gerou revolta nos argentinos e foi tema de artigos nos principais jornais portenhos. Porém, no final da discussão, ficou claro que aquele era só mais um exemplo da disputa entre as nações. Rivalidade que se tornou ao longo deste século a maior do planeta no âmbito esportivo.     Grandes personagens e viradas valorizam retrospecto de duelos   Em 27 de setembro de 1914, uma semana após o primeiro encontro entre as duas seleções, Brasil e Argentina voltaram a se enfrentar, desta vez com caráter oficial, pela Copa Roca. Com gol solitário de Rubens Salles, os brasileiros conquistaram a vitória e, consequentemente, o primeiro título na história.   Após a primeira edição, em 1914, a Copa Roca voltou a ser disputada em outras 12 oportunidades, esquentando o clima entre as nações e revelando craques para o futebol Mundial.   Em 1957, o torneio marcou o primeiro jogo de Pelé com a camisa da Seleção. O jovem que viria a se tornar o Rei do Futebol anotou um gol, mas viu a equipe ser derrotada por 2 a 1 para a rival alviceleste. No jogo da volta, o eterno camisa 10 voltou a deixar sua marca e ajudou o Brasil a levantar o caneco.   Além das edições de 1914 e 1957, o Brasil conquistou a Copa Roca em 1922, 1945, 1960, 1963 e 1976, enquanto os rivais levaram a melhor em 1923, 1939 e 1940. O título de 1971 foi dividido.     SUPERCLÁSSICO   Interrompida em 1976, a competição voltou a ser disputada em 2011, desta vez sob o nome de Superclássico das Américas. Nas duas edições realizadas, melhor para a Seleção Brasileira, que faturou o caneco em ambas.   Ausente do calendário em 2013, o Superclássico voltará a ser disputado no próximo dia 11 de outubro. Desta vez, o palco do embate será o estádio Ninho do Pássaro, em Pequim (China). Será mais um capítulo da rivalidade que rompeu as fronteiras latino-americanas e se tornou a mais famosa do planeta.     Exeter City, o primeiro rival   A primeira vez em que se reuniu de fato uma seleção com os melhores atletas que atuavam no Brasil ocorreu pouco antes do emblemático duelo contra os argentinos, mais precisamente no dia 21 de julho de 1914.    Naquela data, o combinado tupiniquim entrou no gramado do Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, para encarar o Exeter City, clube de profissionais ingleses que vinha de uma excursão bem sucedida pela América do Sul.    Apesar dos resultados, os britânicos não conseguiram fazer frente à Seleção Brasileira. Sem muito esforço, os donos da casa venceram por 2 a 0, com gols de Oswaldo Gomes e Osman.

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