Choro de neto de Zé Roberto e despedida de jogadoras marcam derrota no vôlei

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/08/2016 às 11:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:24
 (AFP / Kirill KUDRYAVTSEV)

(AFP / Kirill KUDRYAVTSEV)

A tristeza de um pequeno torcedor chamou a atenção na última terça-feira, no Maracanãzinho, na derrota inesperada e dramática da seleção feminina de vôlei para a China nas quartas de final dos Jogos do Rio. Felipe, de 6 anos, neto do técnico José Roberto Guimarães, correu para abraçar o avô após o resultado, chorando.

A imagem, transmitida pela TV, comoveu quem ainda não tinha se emocionado com a despedida antes da hora da seleção bicampeã olímpica.

O próprio Zé Roberto ficou emocionado. "Aperta mais o coração, mas o avô tem que ficar firme", disse o técnico, na saída do ginásio, na madrugada desta quarta-feira.

Em todas as partidas, os dois netos, Felipe, de seis anos, e Gael, de quatro meses, acompanharam a evolução da equipe invicta na primeira fase, mas que sucumbiu diante do ataque jovem e ágil da seleção chinesa.

"Expliquei para ele que isso faz parte da vida, um dia a gente ganha e o outro a gente perde. Ele tinha que aprender isso também, o outro time jogou melhor e mereceu. Mostrei que o mais bonito era a festa que todo mundo estava fazendo. A gente só tem que agradecer de estar aqui com todo mundo, uma emoção enorme, e a gente tem que treinar mais para ganhar", afirmou o técnico.

Com a derrota nas quartas de final, a seleção feminina de vôlei teve o pior resultado na competição desde 1988, em Seul.

Apesar da tristeza simbolizada pelo choro do garoto, a torcida brasileira fez a partida mais vibrante no Maracanãzinho em toda a competição. Ao final do jogo, as jogadoras foram aplaudidas e saudadas com gritos de "bicampeã".

"O povo brasileiro valoriza o esforço, quando vê que o time se dedica. Isso é gratificante. Nós estamos vivendo um clima na Olimpíada e o povo valorizando o desempenho dos atletas, mesmo na prata ou no bronze", afirmou o técnico, na madrugada.Kirill KUDRYAVTSEV / AFP / N/A

Na saída da quadra, as jogadoras pediram "desculpa" aos torcedores. "Queria pedir desculpas, todos nós merecíamos essa final", disse a levantadora Dani Lins.

A capitã Fabiana, bicampeã olímpica, afirmou que a derrota não apaga o orgulho com a equipe. "Dói, dói muito. Mas o sentimento que tenho é de orgulho pela equipe, lutou até o final, defendo uma por uma (as jogadoras) por que sei a luta do dia a dia. Brasil tinha confiança até o último set, eu acredito até agora nessa equipe", completou.

Despedida

Com a derrota, algumas jogadoras veteranas e bicampeãs olímpicas já confirmaram que vão deixar a seleção. Além de Fabiana, que já havia anunciado, a atacante Sheilla revelou em uma rede social que deixaria a equipe após a partida.

"Hoje é um dia muito triste para mim, não só pela eliminação mas por que meu último jogo pela seleção não foi como eu queria", publicou Sheilla. Também Jaqueline sinalizou que pode deixar a seleção.

"Não gosto de falar que vou me despedir, que é a última, por que muitas jogadoras dizem e depois voltam a jogar. Entrego a Deus", disse a atleta, chorando.

Já o técnico José Roberto Guimarães, que comanda a equipe feminina desde 2003 e foi um dos responsáveis pelo bicampeonato olímpico, disse que vai esperar a "poeira baixar" para conversar com os dirigentes e tomar uma decisão.

"É muito difícil depois de uma derrota como essa ter uma decisão. Algumas jogadoras já tinham alguma ideia do que fazer", indicou.

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