COB indica o técnico de judô Geraldo Bernardes para receber o Troféu COI

Estadão Conteúdo
11/12/2018 às 14:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:30
 (Kyra Mirsky / Instituto Reação)

(Kyra Mirsky / Instituto Reação)

O treinador de judô Geraldo Bernardes foi indicado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para receber o Troféu COI (Comitê Olímpico Internacional) em 2018. A homenagem será no próximo dia 18, durante a cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, no Rio.

Geraldo Bernardes é recifense, tem 76 anos e foi mentor dos campeões olímpicos Aurélio Miguel, Rogério Sampaio e Rafaela Silva e dos medalhistas Henrique Guimarães, Carlos Honorato, Tiago Camilo e Flávio Canto.

"É uma alegria muito grande receber essa homenagem. Muito mais do que as conquistas esportivas, nosso objetivo é formar cidadãos, verdadeiros campeões da vida. E, por isso, focamos sempre no binômio esporte e educação", disse Geraldo. "Os Jogos do Rio-2016 foram a maior emoção da minha vida, pois pude ver de perto a Rafaela Silva, a quem ensinei os primeiros movimentos no esporte, conquistar o ouro olímpico", completou o treinador.

Geraldo começou a praticar o judô aos 15 anos, escondido dos pais, em uma época em que, no Brasil, treinar esportes de combate era considerado algo violento. Evoluiu no esporte até chegar à faixa preta, tanto em judô quanto em jiu-jítsu.

Foi professor da equipe de judô da Universidade Gama Filho, uma das mais premiadas do país, e, em 1979, foi convidado para treinar a seleção brasileira pela primeira vez. No primeiro Mundial em que comandou a seleção, veio a primeira medalha de um não-descendente de japoneses, o bronze de Walter Carmona.

Em Jogos Olímpicos, a primeira atuação ao lado dos tatames foi em Seul, em 1988, competição em que Aurélio Miguel se consagrou como o primeiro medalhista de ouro do judô brasileiro.

Após a Olimpíada de Sydney-2000, Geraldo superou um problema cardíaco com quatro pontes de safena e duas de mamária e fundou o Judô Comunitário Geraldo Bernardes Body Planet, numa academia próxima à Cidade de Deus, uma das comunidades mais conhecidas do Rio.

"Ouvi pessoas dizendo que eu estava por baixo, com os 'pobrinhos'. Mas sempre acreditei nos atletas que vêm de comunidades. Esporte de alto rendimento é sacrifício. E eles estão acostumados a dar tudo de si", afirmou.

Foi quando Flávio Canto, medalhista de bronze nos Jogos de Atenas-2004, convidou seu mestre para que o projeto de Geraldo se juntasse ao Instituto Reação, formando o Judô Comunitário Instituto Reação. Hoje, o projeto tem cinco polos e cerca de 1.250 alunos.

"Entre colocar o pijama ou ajeitar o quimono e recomeçar, escolhi a segunda opção. Conquistas esportivas são como páginas viradas, glórias passageiras. Fiz uma boa carreira como atleta e, como técnico, ajudei na conquista de seis medalhas olímpicas, mas tudo ficou pequeno diante do que faço hoje, que é transformar pessoas como Rafaela Silva, que tinha poucas perspectivas, em campeãs no esporte e na vida", disse Geraldo Bernardes.

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