COI retira status olímpico da Aiba e organizará disputa do boxe em Tóquio-2020

Estadão Conteúdo
26/06/2019 às 10:17.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:16

O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou nesta quarta-feira, (26) a remoção do status olímpico da Associação Internacional de Boxe (Aiba), que costumava organizar as disputas qualificatórias para a Olimpíada e a própria competição olímpica. Com a decisão, o COI vai assumir estas funções relativas aos Jogos de Tóquio-2020.

A decisão, já esperada, foi confirmada pelo COI ao aceitar de forma unânime as orientações feitas pelo seu conselho executivo no mês passado. "A Aiba criou sérios riscos em termos de reputação e questões legais e financeiras" para o COI e seus integrantes norte-americanos, afirmou o sérvio Nenad Lalovic, presidente do painel que investiu a entidade.

Na prática, a decisão torna a Aiba sem status suficiente para organizar a disputa olímpica do boxe. Agora caberá ao COI definir a competição pré-olímpica e o próprio torneio em Tóquio-2020. Como consequência disso, o Mundial deste ano não será mais qualificatório para o evento olímpico.

Além disso, a Aiba deixará de receber cerca de US$ 17,5 milhões (R$ 67,7 milhões) da futura receita comercial de Jogos de Tóquio. Isso deve prejudicar ainda mais a situação financeira da entidade, abalada por suspeitas, acusações e questionamentos por parte do COI nos últimos meses.

A decisão do COI foi baseada em uma investigação, que apontou problemas em suas finanças e na sua governança. Também questionava a integridade das decisões dos árbitros nas últimas edições dos Jogos Olímpicos, desde Pequim-2008. "Estamos todos preocupados com a questão da arbitragem", afirmou o presidente do COI, Thomas Bach.

A entidade argumenta que temia eventuais manipulações de resultados em Tóquio-2020. "Não se trata apenas de perder a confiança no boxe, mas de perder a confiança nos Jogos Olímpicos e no COI", afirmou o japonês Morinari Watanabe, que lidera painel olímpico responsável por supervisionar as disputas de boxe nas Olimpíadas.

Também vinha incomodando a entidade a eleição do usbeque Gafur Rakhimov para presidir a Aiba, no ano passado. Ele enfrenta acusações de envolvimento com o crime organizado, o que ele nega. Em dezembro de 2017, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que "Rakhimov partiu da extorsão e dos roubos de carro para se tornar um dos principais líderes do crime organizado no Usbequistão e uma figura importante envolvida no tráfico de heroína".

Diante da pressão internacional, Rakhimov se afastou por conta própria da presidência da Aiba em março deste ano, com a possibilidade de voltar ao cargo a qualquer momento. "Os riscos não diminuem só porque o senhor Rakhimov se afastou das suas funções. O seu nível de influência e controle se manteve incerto", declarou Lalovic.

No início do mês, a Aiba revelou ter menos de US$ 400 mil (cerca de R$ 1,55 milhão) no banco e não poderia desafiar qualquer decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na siga em inglês). Diante disso, a associação pretende realizar uma reunião na quinta-feira para avaliar o seu futuro. Um representante do COI deve participar do encontro.

Antes mesmo da confirmação da exclusão da Aiba, o COI já havia detalhado seus planos para um novo programa de qualificação para a Olimpíada de Tóquio. Haverá quatro disputas regionais: África, Europa, Ásia/Oceania e Américas. As disputas vão acontecer entre janeiro e abril de 2020. O Japão, por ser sede da Olimpíada, poderá garantir quatro homens e duas mulheres. Uma disputa final no qualificatório deve acontecer em maio do próximo ano.

Ao todo, serão 286 lutadores, como nos Jogos do Rio-2016, mas a participação feminina subirá de três para cinco categorias, com 100 mulheres - foram 86 há três anos. Já o número de boxeadores cairá de 250 a 186, com a redução de dez para oito categorias.
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