Coluna da Copa #4: Guerreiros, bombas, Nobel e matança; a Rostov que abrigou o Brasil

Frederico Ribeiro
Enviado Especial à Rússia
18/06/2018 às 15:56.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:48
 (Frederico Ribeiro/Hoje em Dia)

(Frederico Ribeiro/Hoje em Dia)

ROSTOV (Rússia) - Bem abaixo da ponte de acesso à Arena Rostov, o encontro de dois símbolos da cidade que marcou a estreia da Seleção Brasileira na Rússia. A estátua de um guerreiro Cossaco mira, fixamente, o rio Don se movendo para pescadores e veleiros.

Ainda no sul da Rússia, mas desta vez em uma metrópole, o Brasil visitou rapidamente uma importante conexão entre o ocidente e o oriente na história da humanidade. Rostov-on-Don, ou Rostov-do-Don, mais simplesmente Rostov carrega o peso de ter 270 anos (uma das mais jovens entre as 12 sedes) e ser banhada por cinco rios.

Uma trajetória marcada por guerras e guerreiros, mas também por poesia e literatura. Foi lá que nasceu Mikhail Sholokhov, prêmio Novel de literatura em 1965, muito por conta de uma obra que retrata a vida à margem do Don.

Nomeada por base do bispo Dimitri Rostovsky, um dos cartões-postais da cidade é a igreja ortodoxa com seus tetos dourados. No começo do dia, o local é um prato cheio para fotografias, proporcionando um reflexo natural da luz solar.

Iluminação que tem um lado sombrio. É de lá que vem o maior serial killer da história. Andrei Chikatilo ficou conhecido como o "Açougueiro de Rostov", morto aos 57 por execução ao cumprir pena pela morte de mais de 50 pessoas.Frederico Ribeiro/Hoje em Dia / N/A

Estátua de guerreiro cossaco na beira do Rio Don

Mas de matança, nada supera a Segunda Guerra Mundial, conflito que colocou Rostov no mapa igualmente à presença da Seleção Brasileira para a Copa. E há um ponto em comum entre os dois. A Arena Rostov teve a construção adiada em 2013 pois se descobriram cápsulas de cinco bombas intactas no local em que ela foi erguida ao custo de R$ 1,3 bilhão, para 45 mil pessoas. Estádio este que ficará com o FC Rostov.

Voltando à estátua do guerreiro Cossaco, ela retrata um povo famoso pelo espírito guerrilheiro, que foi usado ao logo dos conflitos da Rússia, seja para proteger ou expandir territórios, ou até mesmo na Guerra Civil. E estátua é algo que se encontra em cada esquina na Rússia. Até mesmo uma representando um turista em Sóchi (boné, pochete, chnelos, bermuda e câmeras fotográficas).

No caso de Rostov, há outra sobre futebol. O craque Viktor Ponedelnik ("segunda-feira" em russo) possui a sua em frente ao Estádio Olimp-2. Ele ficou eternizado na história do futebol da URSS por marcar o gol da vitória - na prorrogação - diante da Iugoslávia, dando o título de campeã europeia de 1960 à antiga União Soviética.

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