Com elencos mais caros, Palmeiras e Boca põem investimentos à prova nesta quarta

Estadão Conteúdo
24/10/2018 às 09:24.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:24
 (Reprodução/ Cesar Greco)

(Reprodução/ Cesar Greco)

A semifinal entre Boca Juniors e Palmeiras às 21h45 desta quarta-feira, (24), no mítico estádio La Bombonera, reúne os elencos mais caros da Libertadores. De acordo com o site alemão Transfermarket, especializado em transferências internacionais, o Boca Juniors tem um time avaliado em R$ 495,1 milhões e o Palmeiras, em R$ 329,3 milhões. Embora as cifras sejam significativas no contexto sul-americano, elas estão distantes do mercado europeu. O Barcelona, por exemplo, vale R$ 1,1 bilhão, mais do que os rivais juntos.

O tamanho do investimento desses dois clubes é diretamente proporcional à responsabilidade e cobrança de vencer. Antes de Felipão chegar, o Palmeiras vinha sofrendo com cobranças de campo relacionadas à quantidade de dinheiro gasto na compra de seus jogadores. Eduardo Carlezzo, advogado especialista em negociações internacionais, disse ao Estado que os dois clubes colhem os frutos esportivos de um fortíssimo investimento em atletas.

"Neste ano, a Libertadores chega à fase semifinal seguindo o que ocorre na Liga dos Campeões há muito tempo: sem surpresas, com a presença dos times grandes e ricos do continente. Já nas oitavas de final, ocorreu movimento semelhante, sendo o Tucumán o único intruso entre as equipes de tradição e com melhor situação financeira", diz Carlezzo. "O dinheiro falou mais alto, contrariando os resultados dos últimos cinco anos quando clubes pequenos avançaram às semifinais e à própria final", lembra.

O Boca se fortaleceu após a Copa do Mundo da Rússia e gastou cerca de US$ 18 milhões (cerca de R$ 69 milhões) em reforços. Mauro Zárate, Sebastián Villa, Carlos Izquierdoz, Esteban Andrada e Carlos Lampe foram contratados nos últimos meses. O time é patrocinado pela empresa área Qatar Airways, que fechou acordo até 2023. Segundo a imprensa argentina, são US$ 5 milhões (R$ 18 milhões) por ano.

Outra parte das receitas do Boca vem dos associados. O clube possui cerca de 98 mil sócios, que geram 900 milhões de pesos anuais (R$ 90 milhões). Nas últimas duas temporadas, a equipe teve 400 milhões de pesos de lucro (R$ 40 milhões).

Os investimentos não se transformam em avalanche de conquistas. Embora bicampeão nacional, o técnico Guillermo Schelotto convive com críticas. Ele é cobrado por não ter feito o time embalar. O Boca está na quinta posição no Campeonato Argentino. Na Copa Argentina, foi eliminado nas oitavas de final pelo Gimnasia. Na Libertadores, cresceu no mata-mata após ter ajuda do Palmeiras para garantir a segunda colocação no Grupo 8.

O Palmeiras também tem um patrocinador forte. A Crefisa e a Faculdade das Américas investem R$ 78 milhões anualmente, montante destinado ao contrato de patrocínio, ajuda em pagamentos de salários de jogadores e premiação. Trazida durante a gestão do presidente Paulo Nobre, em 2015, a empresa vem sendo um dos pilares desde que a parceria foi firmada. Nos últimos anos, o time contou com a parceira para trazer Dudu, Felipe Melo, Lucas Lima e Borja, entre outros. Reforços como Diogo Barbosa, Marcos Rocha, Weverton e Emerson Santos chegaram com os recursos do clube.

Felipão afirmou que os altos investimentos aumentam a obrigação de conquista. Após a vitória sobre o Ceará, pelo Brasileiro, domingo, o treinador desabafou. "As dificuldades não são só para mim. Há pouco tempo, me comuniquei com o Juan Lopetegui (técnico do Real Madrid), e as dificuldades dele são idênticas. Comandamos times que precisam ser campeões, e sofremos um pouco mais com isso", afirmou.

Embora tenha caído na Copa do Brasil, o Palmeiras está firme na Libertadores. Venceu todos os jogos fora de casa, fez a melhor campanha e, por isso, fará a final em casa, caso se classifique. É favorito à conquista do Brasileiro com 77% de chances. A vantagem para o segundo colocado é de quatro pontos, faltando oito rodadas para o fim. "Espero ser campeão em pelo menos um torneio", diz Scolari.

MÍSTICA - O confronto desta quarta-feira vai além da equação entre investimentos realizados e títulos obtidos. O jogo tem história e mística. Em 1994, o Palmeiras aplicou 6 a 1 no Boca pela primeira fase da Libertadores. A derrota dos argentinos é, até hoje, o maior revés do clube na competição sul-americana.

Após eliminar o Corinthians na semi da Libertadores de 2000, o Palmeiras enfrentou o Boca na final. No Morumbi com 75 mil pessoas, as equipes empataram em 0 a 0 e levaram a decisão aos pênaltis. Deu o time de Riquelme. A história se repetiu no ano seguinte, desta vez na semifinal. Após 2 a 2 na Bombonera, o Palmeiras tinha a chance decidir em casa. Novo empate em 2 a 2 no tempo normal em jogo confuso. O Boca passou de novo nos pênaltis e foi campeão.

ESCALAÇÃO - O único setor que apresenta dúvidas em relação à escalação é a defesa. Como Antônio Carlos e Edu Dracena, defensores que vinham atuando na Copa do Brasil e na Libertadores também jogaram pelo Campeonato Brasileiro, Felipão poderá escalar os outros dois zagueiros: Luan e Gustavo Gómez.

O primeiro vem sendo capitão da equipe no Brasileiro enquanto o paraguaio cumpriu suspensão por acúmulo de cartões amarelos. Na prática, o treinador tem escalado os quatro zagueiros independentemente da competição. Nesse aspecto, ele avalia principalmente a questão física dos defensores e os cartões. Os desfalques são o lateral Marcos Rocha (lesão na panturrilha) e o volante Jean (dores musculares).

Na terça, véspera da partida, o time paulista treinou com portões fechados no estádio Nuevo Gasometro, do San Lorenzo. A imprensa só acompanhou o início do aquecimento dos jogadores. 

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