Com pés no chão, seleção feminina de futebol busca a segunda vitória na Olimpíada

Estadão Conteúdo
06/08/2016 às 09:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:11
 (Ricardo Stuckert/CBF)

(Ricardo Stuckert/CBF)

Três dias após a elogiada vitória por 3 a 0 contra a China na estreia, a seleção brasileira de futebol feminino faz às 22 horas deste sábado a segunda partida na Olimpíada do Rio contra a Suécia, no estádio Olímpico, o Engenhão. Nesta sexta-feira, a principal preocupação do técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, foi alertar as atletas para que não se empolguem com os elogios e mantenham "os pés no chão". Em conversa com as jogadoras antes do treino, ele afirmou que "por enquanto, elas só ganharam um jogo".

"A gente tinha preocupação com a estreia, por jogar em casa, e conseguimos fazer um bom jogo, com um placar inesperado, alto para uma partida desse nível. Percebemos que houve uma euforia externa, recebemos elogios, então tratei de ressaltar pra elas que só fizemos uma partida boa, mas não ganhamos o campeonato. Temos que manter o pé no chão", afirmou Vadão. "Nós só conseguimos essa vitória tão importante porque todo mundo estava ligado, concentrado em jogar futebol".

Vadão prevê que o adversário deste sábado será mais difícil do que a China. A Suécia venceu a África do Sul no jogo de estreia por 1 a 0. Não se impôs como o Brasil frente às chinesas, mas está melhor colocada no ranking mundial do que a seleção brasileira (em 6.º lugar, duas posições à frente do Brasil). Sua treinadora, a sueca Pia Sundhage, obteve a medalha de ouro nas últimas duas Olimpíadas (Pequim-2008 e Londres-2012), comandando a seleção dos Estados Unidos.

"O Brasil vai ser exatamente o mesmo, o que deve mudar é a forma de o adversário jogar. A China deu liberdade para nossas jogadores, tivemos a maioria da posse de bola. Isso não deve ocorrer nesse jogo, as suecas vão pressionar mais", previu. "A Suécia é muito organizada e competitiva, de muita força, e têm uma jogada aérea muito forte, por conta da estatura das jogadoras. Temos que ficar atentos a isso".

A atacante Marta, principal jogadora brasileira, conhece bem as adversárias deste sábado porque joga na Suécia desde 2012. Questionado se isso representa alguma vantagem, Vadão relativizou: "Assim como a Marta conhece as suecas, as suecas conhecem a Marta. Na estreia ela foi perfeita, além da habilidade individual ela ajudou muito também no plano tático. Nosso time hoje é mais homogêneo, organizado, não depende de uma jogadora, seja a Marta ou qualquer outra. A organização tática só é notada quando o time perde, aí normalmente é criticada. Quando o time ganha, os talentos individuais é que costumam ser elogiados. Mas nós treinamos muito exatamente para não depender de alguém, para ter um plano tático organizado", afirmou.

Para o técnico brasileiro, quem ganhar esse jogo deve despontar como favorito do grupo. Antes, às 19 horas, no mesmo estádio, China e África do Sul fazem a outra partida do grupo na segunda rodada.

Vadão admitiu que, contra a China, o Brasil perdeu muitas oportunidades de gol, mas não considera preocupante a quantidade de finalizações erradas. "Nossa maior preocupação é criar chances de gol. Depois é que vem (a preocupação de) finalizar direito. Temos treinado muito e melhorado. Perdemos chances (contra a China), mas criamos muito".

A euforia com a boa exibição da seleção feminina na estreia empolgou os torcedores. Nesta sexta-feira, grupos foram ao estádio Olímpico à procura de ingressos para o jogo. "Disseram que aqui eu conseguiria, então vim do Flamengo (zona sul) até aqui, mas as bilheterias estão fechadas", contou o advogado Marcos Fernandes, de 52 anos. "Não estava acompanhando a seleção (feminina), mas o primeiro jogo foi muito bom, e agora estou botando mais fé do que na seleção masculina", previu.

Marta foi a única jogadora brasileira autorizada por Vadão a participar da cerimônia de abertura, nesta sexta-feira, no estádio do Maracanã. Ela foi convidada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para carregar uma bandeira da entidade e foi autorizada porque não vai percorrer o trajeto das delegações, que o técnico considerou longo e desgastante para a véspera de uma partida - daí o veto à participação das demais. "A gente entendeu que não poderia tirar isso da Marta, que tem uma história muito bonita no futebol feminino e no futebol mundial. Sendo uma Olimpíada no nosso país, seria desnecessário da nossa parte podar isso dela", afirmou.

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