A chegada de Rafael Dudamel para comandar o Atlético em 2020 já era uma certeza há mais de uma semana. Mas o anúncio oficial do treinador venezuelano na manhã deste sábado (4), pelas redes sociais, com contrato até o final de 2021, é um indício forte sobre a política alvinegra, pois neste ano acontece a eleição para a presidência do clube. E com o acerto por duas temporadas com um treinador, o atual mandatário, Sérgio Sette Câmara, dá evidência forte de que concorrerá à reeleição, situação diferente da vivida por exemplo pelo seu antecessor, Daniel Nepomuceno, que comandou o Galo apenas no triênio 2015-2017.
Existe a possibilidade de o pleito deste ano não ser tão tranquilo para Sette Câmara como foi a sua eleição, no final de 2017, quando ele teve 266 votos contra 41 de Fabiano Ferreira, que representava a oposição.

Isso pode ocorrer não pelo crescimento da oposição no Galo, mas pela divisão da situação. Em 11 de dezembro de 2017, Sérgio Sette Câmara era o candidato do ex-presidente Alexandre Kalil, atualmente prefeito de Belo Horizonte. Hoje isso não deve acontecer mais, pois a relação entre eles não é a mesma.
E como será a participação de Kalil no processo é a grande dúvida. Já foi especulada a possibilidade dele lançar Adriana Branco, que foi seu braço direito no clube e segue nessa função na Prefeitura. Mas isso não é uma certeza.
Estádio
De toda forma, ao trazer Dudamel por dois anos, Sette Câmara demonstra o desejo de seguir. E isso é considerado importante por uma parte significativa do Conselho Deliberativo do Atlético. O atual mandatário entrou no clube para colocar a casa em ordem.
Foram cometidos muitos erros no futebol, mas do ponto de vista administrativo, a avaliação é de que ele está cumprindo bem o papel de fazer com que as dívidas do clube, num futuro próximo, não possam comprometer a construção da Arena MRV, estádio do Atlético que começa a ser construído este ano.
Este trabalho complicado, segundo fontes ouvidas pelo Hoje em Dia, irá se refletir já no próximo balanço do clube, pois muitas pendências foram resolvidas.
Pessoas ligadas a Sette Câmara revelam ter ele o desejo de ser o presidente alvinegro quando da inauguração da casa do clube, prevista para 2022. E essas mesmas pessoas dizem ser justa a pretensão, pois ele “apanhou” demais por pregar austeridade num momento em que o atleticano ainda vivia a empolgação recente dos grandes títulos de 2013 e 2014.
A queda do rival Cruzeiro, que tem como enredo maior o caos financeiro, deu força a Sette Câmara. Não só dentro do Conselho Deliberativo, mas também com a torcida, que passou a ver a austeridade com outros olhos.
Nos dois primeiros anos de mandato, Sette Câmara demitiu seis treinadores - Oswaldo de Oliveira, que ele herdou de Nepomuceno, Thiago Larghi, Levir Culpi, Rodrigo Santana e por último Vágner Mancini -. Agora, traz Dudamel por dois anos. A aposta é no trabalho a longo prazo.
E neste momento da vida atleticana, longo prazo tem significado de reeleição para o presidente Sérgio Sette Câmara.