(Divulgação)
Um Catar bem diferente do habitual é o que enfrenta o Brasil nesta quarta-feira, (5) em amistoso em Brasília. A seleção do Oriente Médio se prepara para a disputa da Copa América, como convidado, e para receber a próxima Copa do Mundo com um elenco formado na maioria por nascidos no próprio país, algo raro na história da equipe. Dos 23 convocados, 18 são catarianos e só cinco são estrangeiros (português, iraquiano, francês, argelino e sudanês).
A proporção entre atletas locais e jogadores "importados" se inverteu nos últimos anos. Em 2007, por exemplo, o Catar disputou a Copa da Ásia com 12 estrangeiros e 11 catarianos. O recordista de gols e de atuações com a camisa grená da equipe é justamente um estrangeiro: o uruguaio Sebastian Soria.
A conta de naturalizados incluiu até alguns brasileiros. O meia Rodrigo Tabata, ex-Santos, disputou competições oficiais pelo país, assim como o meia Fábio Montezine. Atual dirigente do Corinthians, o atacante Emerson Sheik ganhou o apelido justamente durante a passagem pelo Catar, onde defendeu a seleção.
A grande presença estrangeira no futebol do Catar tem como explicação o incentivo do governo local em dar dinheiro e incentivos para os clubes contratarem estrelas internacionais. Isso se refletiu na seleção durante bastante tempo até começar a incomodar em 2017, quando a restrição ao número de estrangeiros aumentou.
A medida foi uma forma do governo dar mais espaço às revelações locais e limitar que os estrangeiros tomassem espaço dos jovens catarianos. Agora cada clube só pode ter no máximo quatro atletas de outros países.
Além dessa atitude, o governo fechou em 2004 uma parceria com técnicos espanhóis para a criação de uma academia de futebol, a Aspire, voltada para receber garotos. Os jovens jogadores treinam parte do tempo no local e parte nos respectivos times. O elenco atual da seleção, com média de idade de 24 anos, é uma das primeiras turmas oriunda do projeto.
O próprio técnico da seleção, o espanhol Félix Sanchez, trabalhou na academia para depois ganhar chance de dirigir o Catar. Sob o comando dele a equipe ganhou a Copa da Ásia, no início deste ano, e vem ao Brasil para se preparar para o Mundial de 2022. "Nossa participação na Copa América pode ser considerada um passo importante rumo ao Mundial. É uma viagem que começamos há algum tempo", afirmou.
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