Crise sem fim? Após dizer que solução do Cruzeiro era se tornar S/A, Medioli reafirma convicção

Guilherme Piu
@guilhermepiu
27/09/2020 às 15:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:39
 (Guilherme Piu)

(Guilherme Piu)

Guilherme Piu 

O empresário Vittorio Medioli, ex-CEO do Cruzeiro e atual prefeito de Betim, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, usou o seu Twitter para trazer à tona novamente a ideia que ele sugeriu no início do ano: transformar o clube celeste em empresa.

Em mensagem publicada na rede social, Medioli, que foi o diretor-executivo da Raposa entre dezembro do ano passado e janeiro de 2020, ressaltou que para colocar sua ideia em prática seria necessário muita compreensão de conselheiros e torcedores do Cruzeiro.

“Sobre a situação do Cruzeiro, seria necessária muita compreensão do conselho e dos torcedores para colocar meu plano em prática. Além disso, o desafio enorme de ser prefeito de Betim e empresário em plena pandemia impede uma atuação efetiva”, publicou em sua conta no microblog.

Vittorio Medioli disse em janeiro deste ano que o Cruzeiro precisaria passar por uma intervenção judicial, tendo em vista o rombo catastrófico em suas contas e os problemas tributários que poderiam colocar o clube em situação difícil. Previsões que acabaram se concretizando, já que a agremiação celeste acabou sendo excluída do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) pelo não pagamento de parcelas fiscais e tributárias acordadas com a União. 

“Eu bato na necessidade de uma intervenção judicial porque recuperaria um prazo para renegociar essa situação. E como renegociar? Afinal, não é muito difícil. Nós já deixamos, nesse relatório, daqui alguns dias vão publicar, estão apenas esperando o que o Conselho vai fazer, entretanto tem que dar as vias de saída. Tem que fazer o dever de casa, doa a quem doer (...) agora, o Cruzeiro tem jeito. Precisa passar pelas vias legais, você não vai lá na porrada para consertar o Cruzeiro. Você tem que ter amparo legal. Hoje a lei não ampara as associações fechadas, não tem como ter falência, nem recuperação judicial. O Cruzeiro, falido do jeito que está, como é que vai renegociar? A associação não tem essa possibilidade. Se o governo federal agora aprovar uma lei que permite a recuperação judicial das associações, porque até então é proibido, se abre uma luz”, disse no começo de 2020.

Recentemente, a diretoria do Cruzeiro divulgou o balanço trimestral das contas do clube. Os números apontavam situação ainda mais alarmante do que o balancete de 2019 já mostrava. A dívida atual celeste pode ultrapassar R$ 1 bilhão, fato que Medioli também já abordava há quase 10 meses. E por isso o megaempresário batia na tecla de transformar o Cruzeiro em uma S/A.

“Profissionalizando o Cruzeiro, deixando o status de clube e montando uma empresa, uma S/A (sociedade anônima). Haverá ações, o torcedor poderá comprar, e num prazo curto, com todas as compliances cumpridas, abrimos o capital do Cruzeiro. Como os melhores clubes do mundo fizeram, dentro de regras de sustentabilidade e absoluta transparência (...) Uma empresa conduzida de maneira comercial nós podemos abrir até na bolsa. Pode virar em três ou quatro anos uma marca importante e ter um futuro garantido. Faço exemplo da Juventus. Estava há muitos anos nas mãos da família Agnelli, que são os donos da Fiat, da Chrysler, da Jeep. Não é que fizeram grande mágica, mas reconduziram em nível de sustentabilidade. Hoje é um time que dos últimos 10 Campeonatos Italianos, ganhou nove títulos. Por que? Conduziu dentro do profissionalismo. Quem tem amor à camisa, tem que entender que precisamos recuperar nossa história”, completou em entrevista concedida ainda em janeiro.

Ajuda mantida

Apesar de ter deixado o cargo de diretor executivo com poucos dias de trabalho, Vittorio Medioli, italiano radicado no Brasil e que investe em diversos setores da economia (automobilístico, comunicação, biocombustíveis, negócios internacionais, dentre outros), disse que ainda ajuda o Cruzeiro. Entretanto, ressalta que sua atividade como chefe municipal de Betim o impede de fazer mais.

“Preciso terminar o trabalho que comecei há quatro anos, quando assumi a gestão de uma cidade que estava financeiramente falida. Dentro do possível e de forma não oficial, sigo contribuindo com a diretoria do Cruzeiro para sua recuperação. Meu amor pelo clube continua o mesmo”, finalizou.

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